Milho: ABCS busca nova reunião com Mapa
Com a alta nos preços do milho e da soja, o suinocultor brasileiro tem enfrentado dificuldades para manter o equilíbrio na relação entre o custo de produção e o preço de venda. Há cerca de três semanas, estados como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo registram queda no valor pago pelo quilo do suíno vivo, situação que para os suinocultores tem sido inviável. Como medida emergencial, a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) busca uma saída para a crise no setor.
Segundo o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, após reunião realizada semana passada com o ministro interino André Nassar e a equipe econômica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a entidade juntamente com a Frente Parlamentar da Suinocultura tenta agendar uma nova reunião com a ministra Kátia Abreu. “Quanto a reunião ocorrida semana passada recebemos o retorno de que para que a Conab aumente o limite de compra do milho balcão será necessária a aprovação do Ciep – Conselho Interministerial de Estoques Públicos de Alimentos. No entanto, essa decisão pode levar tempo e os suinocultores não estão em condições de esperar. Por isso, buscamos agendar reunião com a ministra Kátia Abreu e tentar uma nova negociação”, disse.
Ainda de acordo com Lopes, o objetivo do novo encontro é mostrar mais uma vez ao Ministério que somente a realização dos leilões não será suficiente para atender as necessidades do setor. “Precisamos adotar uma medida mais emergencial e que atenda toda a cadeia produtiva, já que a quantidade de milho disponibilizada para os leilões e a viabilidade econômica desses lotes não é interessante para todos os produtores”, destacou.
É o caso do estado de Santa Catarina em que o custo da produção independente está em torno de R$3,75, enquanto o preço de venda sai a R$3,00. “O leilão realizado no dia 1º deste mês não foi economicamente viável para nossos produtores, pois juntando o valor pago pela saca mais o frete, daria uma média de R$ 60,00”, conta Losivanio Luiz de Lorenzi, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS).
Em Minas Gerais, onde o custo de produção está saindo a R$4,50 e o de comercialização a R$3,80, a oferta dos leilões não será suficiente para suprir as necessidades do setor produtivo. “De qualquer forma os leilões trarão algum benefício, mas não o necessário para atender nossa demanda. A situação aqui em Minas Gerais está insuportável, em média estamos perdendo R$ 1,00 por quilo de suíno vivo, o que dá cerca de R$ 100,00 por animal. Caso permaneça dessa forma, perderemos muitos companheiros de trabalho”, enfatizou Antônio Ferraz, presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais.
São Paulo e Rio Grande do Sul também registraram nova queda nos preços pagos pelo quilo do suíno vivo ao produtor independente. No estado gaúcho a queda foi de R$ 0,12, ficando em R$ 3,18, enquanto que em São Paulo o valor caiu de R$ 4,00 para R$ 3,30 nas últimas semanas. “Em números podemos considerar essa crise pior que a de 2012. Para se ter uma ideia, em São Paulo estamos tendo uma perda de R$ 25,00 a R$ 30,00 por arroba, o que equivale a um prejuízo de mais de R$ 100,00 por animal abatido”, conta Valdomiro Ferreira, presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS).
O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) e conselheiro de Relações com o Mercado da ABCS, Valdecir Luis Folador, alerta que a crise atinge principalmente os pequenos e médios produtores. “No caso dos pequenos e médios produtores a situação torna-se ainda mais grave, porque eles fabricam a própria ração. Portanto, a adoção de uma medida mais emergencial é fundamental para a sobrevivência desse grupo de suinocultores que não tem fôlego para suportar a crise por muito tempo”, salienta.
O próximo leilão da Conab foi marcado para o dia 16 de fevereiro. Na última segunda-feira (1º), a Companhia anunciou que vendeu 125,9 mil toneladas de milho durante o primeiro leilão realizado. Ao todo, serão leiloadas 500 mil toneladas de milho dos estoques públicos em lotes de 150 mil neste primeiro semestre de 2016.