Milho público vai a leilão; forma de comercialização não está definida
Nesta quinta-feira (21), fontes ligadas ao governo federal confirmaram ao site Notícias Agrícolas que a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) deve realizar leilões de venda de cerca de 1 milhão de toneladas de milho de seus estoques, atualmente estimados em 1,3 milhão de toneladas. Os detalhes das operações, como os instrumentos utilizados e regiões beneficiadas, deverão ser reportados na próxima semana.
A informação veio ao encontro das reivindicações do setor de produção de aves e suínos, que segue preocupado com a recente alta nos preços do cereal no mercado doméstico. Somente no interior de São Paulo, os ganhos já superam os 18% na parcial de janeiro, conforme dados levantados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Ainda no início dessa semana, o presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) Francisco Turra, se reuniu com o ministro-interino da Agricultura, André Nassar que, na ocasião, firmou o compromisso de realizar ações incisivas contra a forte elevação dos preços e a escassez de oferta de milho.
Paralelamente, a venda de estoques do grão também atende uma necessidade de obter recursos para a subvenção do seguro agrícola de 2016, segundo explica a o analista financeiro, Miguel Daoud. Em meados de dezembro do ano passado, a ministra Kátia Abreu informou que o seguro agrícola para o clima seria de R$ 1 bilhão neste ano, e que parte dos recursos teria como origem a venda dos estoques de milho e café pela União. Ainda de acordo com Daoud, o governo aproveita o momento de atuais preços elevados para garantir, com a vendas desses estoques, uma receita ainda mais alta.
Do total estimado em R$ 850 milhões, cerca de R$ 400 milhões já estariam previstos para esse fim, "R$ 350 milhões serão deslocados da rubrica de Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) - que não foi utilizada integralmente em 2015 - e R$ 100 milhões virão de emendas parlamentares", segundo informou uma nota oficial do Mapa reportada em dezembro de 2015.
Na época, a ministra ainda destacou que o país não teria necessidade de manter grandes estoques de alimentos por longos períodos de tempo, já que não apresenta risco de insegurança alimentar. “Nossa produção nacional é muito grande. Para que manter grandes estoques se não temos risco de falta de alimentos? Pretendemos vender nos momentos adequados, eliminando inclusive a despesa anual de R$ 200 milhões que a União tem em manter esses estoques”, disse a ministra no mês passado.