Milho: Na CBOT, mercado volta a trabalhar em campo negativo e exibe leves quedas na manhã desta 4ª feira

Publicado em 20/01/2016 07:09

As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) operam em campo negativo na manhã desta quarta-feira (20). As principais posições do cereal exibiam perdas entre 1,00 e 1,75 pontos, por volta das 7h45 (horário de Brasília). O vencimento março/16 era cotado a US$ 3,66 por bushel, depois de encerrar o dia anterior a US$ 3,67 por bushel.

O mercado voltou a trabalhar em baixa, após registrar altas entre 4,25 e 4,50 pontos na sessão desta terça-feira (19). Ainda ontem, as cotações foram impulsionadas pelas informações do mercado financeiro, com o crescimento de 6,9% do PIB da China e também com a cobertura de posições vendidas por parte dos investidores. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) também informou a venda de 110,5 mil toneladas do grão para destinos desconhecidos.

Já os embarques semanais ficaram em 581,479 mil toneladas na semana encerrada no dia 14 de janeiro. Apesar de o número ter ficado dentro das expectativas do mercado, entre 450 mil a 600 mil toneladas, o acumulado na temporada segue abaixo do registrado no ciclo anterior. Com isso, os participantes do mercado seguem atentos na demanda pelo produto norte-americano e também no planejamento da próxima safra no país.

Veja com fechou o mercado nesta terça-feira:

Milho: Na BM&F, preços seguem em alta e geram oportunidades de hedge aos produtores, diz analista

Apesar da ligeira queda registrada nos preços futuros do milho na BM&F Bovespa nesta terça-feira (19), as cotações permanecem sustentadas e geram oportunidades aos produtores rurais. No acumulado no mês de janeiro, os principais vencimentos do cereal exibem valorizações entre 1,10% e 6,58%. No período de 4 a 19 de janeiro, o contrato março/16 subiu de R$ 38,75 a saca para R$ 41,30 a saca.

Segundo o analista mercado da FocoMT Agentes Autônomos, Marcos Hildenbrandt, os agricultores podem aproveitar os ganhos através de uma operação de Put (opção de venda). "Com isso, o produtor adquire o direito de vender o milho a determinado valor, como no caso do vencimento setembro próximo de R$ 36,65 a saca, valor registrado nesta terça-feira (19). E caso o preço suba mais, o agricultor não precisa exercer a opção e pode negociar o cereal com valores de mercado", afirma.

O analista ainda pondera que, com a operação os produtores se protegem de uma possível queda nos preços na bolsa, que acaba sendo um balizador às cotações praticadas no mercado interno. "Ainda não sabemos como será a safrinha, deveremos ter um cenário melhor nos próximos 30 dias. Temos uma redução expressiva na área plantada na safra de verão, mas, para a segunda safra poderemos ter até mesmo um incremento na área semeada no Mato Grosso. Claro que temos que considerar o risco climático da safrinha, porém, nos últimos anos, as chuvas têm se estendido no estado. E tudo isso deverá influenciar nos preços", explica.

Além disso, Hildenbrandt também ressalta a influência do câmbio no comportamento dos preços na bolsa brasileira. "Diante das incertezas políticas e econômicas, podemos ter dois cenários. Caso tenhamos uma mudança no Governo e o dólar se acomode próximo de R$ 3,00, as cotações podem sair dos patamares de R$ 38,00 a saca e recuar para R$ 30,00 a saca. No entanto, se a moeda norte-americana registrar nova valorização e alcançar os R$ 5,00, os preços do milho deverão subir e ficar acima dos atuais níveis praticados. E com tanta volatilidade, o produtor deve se proteger e para isso produtor deve procurar uma assessoria que desenvolva uma estratégia específica para cada necessidade", orienta o analista.

Ainda hoje, o dólar fechou o pregão negociado a R$ 4,0549 na venda, com alta de 0,51%. Na mínima do dia, a moeda chegou a R$ 3,9995, segundo informou a agência Reuters. A moeda norte-americana acabou sendo influenciada pela volatilidade nos preços do petróleo, porém, as expectativas de estímulos na China limitaram o avanço do câmbio.

Mercado interno

O preço da saca do milho permaneceu em R$ 43,00 a saca no Porto de Paranaguá nesta terça-feira (19). Na praça de São Gabriel do Oeste (MS), a alta foi de 3,13%, com o preço da saca a R$ 33,00, já em Não-me-toque (RS), o ganho foi de 1,67%, com a saca a R$ 30,50. Em Campo Novo do Parecis (MT), a valorização foi menos expressiva, de 0,40% e a saca do cereal a R$ 25,10. Nas demais regiões pesquisadas pela equipe do Notícias Agrícolas o dia foi de estabilidade.

As cotações continuam firmes no mercado doméstico, um reflexo dos bons números das exportações que enxugaram o excedente de oferta, conforme ressaltam os analistas. Segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior), as exportações do cereal somaram 2.869,7 milhões de toneladas nos dez primeiros dias úteis de janeiro. A média diária embarcada ficou em 287 mil toneladas. Entre os meses de fevereiro a dezembro de 2015, os embarques de milho estão próximos de 25,7 milhões de toneladas, ainda segundo dados da secretaria. Para essa temporada, a perspectiva é que os embarques superem as 35 milhões de toneladas.

"Nesse momento, os negócios estão parados devido à retração vendedora. Alguns compradores retornaram às compras para os meses de agosto e setembro, com valores entre R$ 37,00 a R$ 38,00 a saca, mas ainda não estimulam os vendedores", afirma o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.

Em Santa Catarina, os preços da saca do cereal chegam a R$ 45,00 e preocupa o outro elo da cadeia produtiva, o setor de proteína animal. E, diante da redução da cultivada na safra de verão de 25% e de uma quebra na produção em torno de 20% devido às chuvas excessivas, a perspectiva é que o estado importe mais milho esse ano. "Nós que já somos importadores tradicional de mais de 2 milhões de milho para o sistema agroindustrial, neste ano com a quebra vai nos obrigar a ir buscar mais de 3 milhões", acredita o vice-presidente da Faesc (Federação de Agricultura e Pecuária de Santa Catarina), Enori Barbieri.

Bolsa de Chicago

O pregão desta terça-feira (19) também foi positivo aos preços do milho na Bolsa de Chicago (CBOT), após o feriado de Martin Luther King Jr., comemorado nesta segunda-feira (18) nos Estados Unidos. As principais posições do cereal encerraram o dia com valorizações entre 4,25 e 4,50 pontos. O vencimento março/16 era cotado a US$ 3,67 por bushel, já o maio/16 era negociado a US$ 3,72 por bushel.

De acordo com as agências internacionais, as cotações foram impulsionadas pelas informações do mercado financeiro nesta terça-feira e testaram uma reação. Ainda hoje, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou a venda de 110,5 mil toneladas do grão para destinos desconhecidos. O volume será entregue na temporada 2015/16.

Já os embarques de milho ficaram em 581,479 mil toneladas na semana encerrada no dia 14 de janeiro. O volume ficou dentro das expectativas dos participantes do mercado entre 450 mil a 600 mil toneladas do grão. Na semana anterior, o número ficou em 550,306 mil toneladas do cereal. No total, os embarques de milho somam 10.636,019 milhões de toneladas nesta temporada, abaixo do registrado no ciclo anterior, de 13.396,313 milhões de toneladas.

"E as vendas de milho desde o início da campanha de comercialização estão 25% abaixo do mesmo período do ano anterior", disse Mike McGinnis, da Agriculture.com. Paralelamente, os investidores estão focados nas projeções para a próxima safra dos Estados Unidos. E qual será a real área cultivada com o milho na temporada 2016/17.

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Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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