Milho: Diante da alta do dólar, preços registram valorização semanal de até 8,57% no mercado interno

Publicado em 11/12/2015 17:09

A semana foi de alta para os preços do milho no mercado interno brasileiro. No Porto de Paranaguá, saca do cereal fechou a semana com alta de 7,35%, cotada a R$ 36,50. Em Campo Novo do Parecis (MT), o ganho foi de 8,57%, com a saca do grão negociada a R$ 19,00. Na região de Tangará da Serra (MT), a valorização ficou em 5,56% e a saca de milho cotada a R$ 19,00. Já nas praças de Ubiratã, Londrina e Cascavel, ambas no Paraná, a alta foi de 2,53% e a saca a R$ 24,30.

Em São Gabriel do Oeste (MS), o ganho foi semanal foi de 2,08% e a saca cotada a R$ 24,50. Nas demais praças pesquisadas pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bitencourt Lopes, os preços permaneceram estáveis ao longo dessa semana.

A principal variável de suporte aos preços do cereal no Brasil continua sendo o dólar. Por sua vez, a moeda norte-americana fechou o dia a R$ 3,8738 na venda, com avanço de 1,93%. Já na semana, a valorização do câmbio ficou em 3,61%. Ainda de acordo com informações da agência Reuters, o dólar encontrou sustentação no ambiente de aversão ao risco nos mercados externos frente às preocupações com a desaceleração da economia da China. As notícias de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, teria ameaçado deixar o governo se a meta de superávit primário de 2016 for zerada pelo Congresso também contribui para a formação do cenário.

Paralelamente, o câmbio continua favorecendo a competitividade do milho brasileiro no mercado internacional. Com isso, os embarques permanecem aquecidos e, na visão do consultor em agronegócio, Ênio Fernandes, o volume exportado em dezembro pode superar os 5,5 milhões de toneladas. "Caso o cenário se confirme, no final de janeiro/16 teremos um volume entre 32 milhões a 32,5 milhões de toneladas já exportadas. Isso vai ocasionar um enxugamento dos estoques brasileiros, em um ano de produção fantástica", afirma.

Até o momento, no acumulado do mês, as exportações somam 1.107,4 milhão de toneladas, conforme dados divulgados no início da semana pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior). A média diária ficou em 276,9 mil toneladas, uma alta de 16,4% em relação ao mês anterior, no qual, a média ficou próxima de 237,9 mil toneladas. Em comparação com igual período de 2014, o ganho ficou em 78,9%.

O consultor ainda destaca que as lavouras do Sul do Brasil têm sofrido com as chuvas excessivas e a falta de luminosidade. "Temos um potencial produtivo menor, as folhas do baixeiro estão amareladas e a área destinada ao grão foi menor nesta temporada. Já para a segunda safra tudo irá depender dos preços, se as cotações estiverem mais altas acreditamos que os produtores, especialmente do Centro-Sul do país irão esticar a semeadura, podendo chegar até março. A única região que podemos ter uma baixa na safrinha é em Minas Gerais, onde o atraso na soja é muito grande", diz.

BM&F Bovespa

Frente à alta do dólar, os futuros do milho negociados na BM&F Bovespa consolidaram o movimento positivo e fecharam o dia com valorizações entre 0,98% e 1,40%. O contrato janeiro/16 era cotado a R$ 36,45 a saca, com ganho de 1,11%. No dia anterior, o vencimento fechou o pregão cotado a R$ 36,05 a saca e alta de 0,70%.

Bolsa de Chicago

A sessão desta sexta-feira (11) foi negativa aos preços do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). Ao longo do dia, as principais posições da commodity ampliaram as perdas e fecharam o pregão com quedas entre 4,00 e 4,25 pontos. O vencimento dezembro/15 era cotado a US$ 3,73 por bushel, depois de iniciar a US$ 3,76 por bushel. No balanço semanal, as cotações do cereal acumularam desvalorizações entre 0,86% e 2,04%.

De acordo com informações do site internacional Farm Futures, o mercado do cereal acabou sentindo a pressão da queda nos preços do petróleo. Durante o dia, o barril do petróleo chegou a US$ 35,66, com queda de mais de 1,10%. Além disso, as notícias vindas do mercado financeiro também pesaram, como as especulações em relação a uma possível desaceleração da economia da China.

Ainda essa semana, o principal fator que movimentou as cotações do cereal foi o boletim de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), reportado na última quarta-feira. Apesar das estimativas, o órgão manteve boa parte dos números indicados no relatório de novembro. Já os estoques finais dos EUA, foram revisados de 44,70 milhões para 45,34 milhões de toneladas. O volume do cereal destinado à produção de etanol também foi revisado para cima e passou de 131,45 milhões para 132,09 milhões de toneladas.

Em contrapartida, o USDA reduziu a projeção para a safra mundial de milho, de 974,87 milhões para 973,87 milhões de toneladas. Já os estoques globais apresentaram ligeira modificação e caíram de 211,91 milhões para 211,85 milhões de toneladas.

Nesta quinta-feira, o mercado buscou uma recuperação com o apoio dos números das vendas para exportação, do USDA. Na semana encerrada no dia 3 de dezembro, as vendas totalizaram 1.097,100 milhão de toneladas. O volume ficou bem acima do divulgado na semana anterior e em relação à média das últimas quatro semanas, de 11%. O número também ficou acima das apostas dos participantes do mercado entre 450 mil a 650 mil toneladas.

E com o novo reporte o volume comprometido chega a 18,17 milhões de toneladas, mas ainda assim, as vendas estão 23% abaixo do registrado em igual período do ano anterior, ainda de acordo com informações reportadas pelo site internacional Pro Farmer.

Enquanto isso, o foco dos investidores também continua no quadro da América do Sul. Para a Argentina, a principal especulação está ao redor da retirada das tarifas para exportação de grãos, feita pelo presidente eleito Maurício Macri. Segundo informações reportadas pela agência Reuters, a medida deverá ser colocada em prática já na próxima semana. E, segundo os rumores do mercado, pode incentivar a área semeada ainda nesta temporada. No Brasil, há especulações em relação às condições das lavouras do grão.

Confira como fecharam os preços nesta sexta-feira:

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Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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