Milho: Expectativa de safra recorde e queda do trigo derrubam preços na Bolsa de Chicago
Nesta segunda-feira (02), os principais contratos fecharam em baixa na Bolsa de Chicago (CBOT), por conta da expectativa de safra mundial recorde e da queda do trigo que puxou outros commodities como a soja.
O contrato dezembro/15 fechou em US$ 3,76 por bushel, com baixa de 5,75 pontos. O março/16 encerrou a US$ 3,85 por bushel, com perdas de 6,25 pontos. Os demais vencimentos também encerraram em baixa com uma perda média de 6 pontos.
No inicio da sessão, os futuros da commodity exibiam quedas menores, em que o vencimento dezembro/15 era negociado a US$ 3,80 por bushel, com quedas de 2 pontos e o contrato julho/16 também seguia em queda, com perdas de 2,25 pontos a US$ 3,99 por bushel.
No entanto, segundo o analista da Commodity Company, Cronin Tregg, o mercado operou com a expectativa de safra recorde no relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que será divulgado no próximo dia 10.
"Os compradores estão provavelmente aguardando até que o próximo relatório do USDA (Wasde world crop) em 10 de novembro que poderia confirmar as ideias do aumento dos suprimentos agrícolas," destaca Cronin.
Além disso, os futuros do trigo na CBOT operaram em baixas significativas durante toda a sessão dessa segunda-feira, puxando também a cotação do cereal. A expectativa é que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) traga - após o fechamento do mercado - dados que irão mostrar uma melhoria na condição da safra de inverno dos EUA recém-semeadas, para a colheita de 2016.
Exportações
Os embarques semanais de milho pelos EUA somaram 477,438 mil toneladas, acima do registrado na semana anterior, quando o volume foi de 413,400 mil toneladas. As projeções dos traders, no caso do cereal variavam entre 475 mil e 625 mil toneladas e, mesmo ficando acima das expectativas os analistas consideram não ser um volume surpreendente.
Já no Brasil, com o feriado de Finados, as principais praças de comercialização, assim como a BM&F Bovespa não funcionaram.
Confira informações do mercado interno da última sexta-feira (30), por Fernanda Custódio:
A semana foi positiva aos preços do milho nos portos brasileiros e no mercado interno. No terminal de Paranaguá, a cotação acumulou alta semanal de 2,90%, com o preço da saca a R$ 35,50 nesta sexta-feira (30). Em São Gabriel do Oeste (MS), o ganho foi mais expressivo, de 4,35%, com a saca do cereal cotada a R$ 24,00. Já na região de Não-me-toque (RS), a saca do grão registrou alta de 3,57%, com o preço a R$ 29,00.
A praça de Campo Novo do Parecis (MT) também registrou valorização, em torno de 2,63%, com a saca a R$ 19,50. Na região de Ubiratã (PR), a saca de milho subiu 2,08% e a cotação fechou a semana a R$ 24,50. Em Jataí (GO), o valor praticado ficou em R$ 25,00 a saca, com ganho de 2,04%. Na contramão desse cenário, em Tangará da Serra (MT), o preço recuou 2,44% e a saca terminou a sexta-feira negociada a R$ 20,00. Nas demais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas a semana foi de estabilidade.
Os preços permanecem sustentados pela desvalorização do real frente ao dólar e o forte ritmo das exportações brasileiras acumuladas ao longo do mês de outubro. O câmbio fechou a sexta-feira a R$ 3,8628 na venda, com alta de 0,23%. O dólar registrou uma sessão volátil frente ao feriado prolongado e às incertezas políticas e econômicas no Brasil. Já o acumulado do mês indica uma desvalorização de 2,59% na moeda norte-americana.
Enquanto isso, os embarques brasileiros de milho somam no acumulado de outubro, 4.032,9 milhões de toneladas, conforme informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A média diária ficou em 252,1 mil toneladas do grão. Para essa temporada, a perspectiva tanto dos analistas como das consultorias privadas é que o volume exportado de milho seja recorde, podendo superar as 27 milhões de toneladas.
E, segundo explica o pesquisador do Cepea, Lucílio Alves, os line-ups dos navios nos portos brasileiros continuam favoráveis. Para o terminal de Santos, o volume a ser embarcado deve superar 1 milhão de toneladas de milho, já em Paranaguá, o número é próximo de 900 mil toneladas.
Inclusive ao longo dos últimos dias, fontes do mercado ressaltaram que a Bunge embarcou três navios de milho do Brasil para os EUA neste ano, movimento pouco comum, especialmente em meio à colheita de uma safra cheia no país.
“E considerando a redução na área destinada ao milho na safra de verão não há nada que indique uma pressão nas cotações. Também começamos com as especulações para a safrinha de 2016, que somente o clima irá definir o volume de produção. Por enquanto, os bons volumes embarcados dá poder de negociação aos vendedores e temos uma boa demanda interna, o que torna o contexto mais favorável aos vendedores”, explica o pesquisador.
De acordo com informações do Deral (Departamento de Economia Rural), até essa semana, o plantio da primeira safra do grão do Paraná alcançou 88% da área estimada para essa temporada, de 437,35 mil hectares. O estado deverá colher neste ciclo em torno de 3,77 milhões de toneladas de milho, contra os 4,65 milhões de toneladas colhidos na safra passada.
Paralelamente, a semeadura chega a 70% da área prevista para o Rio Grande do Sul, conforme dados da Emater. Cerca de 6% das plantações estão em fase de floração e 1% em enchimento do grão. “Embora tenha sido constatada uma maior incidência de pragas nas lavouras, não chegou a atingir o nível de dano econômico”, informou a entidade em nota.