Milho: Colheita americana permanece em foco e mercado opera em queda pelo 3º dia consecutivo
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os futuros do milho iniciaram a sessão desta quinta-feira (29) com ligeiras quedas, próximos da estabilidade. As principais posições do cereal exibiam perdas de 0,25 pontos, por volta das 7h45 (horário de Brasília). O vencimento dezembro/15 era cotado a US$ 3,76 por bushel, estável.
O avanço da colheita do milho norte-americano permanece como o principal fator de pressão sobre os preços. Até o último domingo, pouco mais de 75% da área cultivada havia sido colhida, conforme dados oficiais do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O órgão atualiza as informações na próxima segunda-feira (2).
Além disso, a competitividade do produto brasileiro também tem contribuído para pressionar as cotações, segundo informações das agências internacionais. Essa semana, fontes do mercado ressaltaram que a Bunge embarcou três navios de milho do Brasil para os EUA neste ano, movimento pouco comum, especialmente em meio à colheita de uma safra cheia no país.
Ainda hoje, o departamento irá divulgar novo relatório de vendas para exportação, importante indicador de demanda e pode influenciar o andamento das negociações em Chicago. Na semana encerrada no dia 15 de outubro, as vendas ficaram abaixo das projeções do mercado e somaram 248 mil toneladas.
Confira como fechou o mercado nesta quarta-feira:
Milho: Nesta 4ª feira, preço registra ligeira alta em Paranaguá e saca retoma o patamar de R$ 34,50
A quarta-feira (28) foi positiva ao preço da saca do milho no Porto de Paranaguá, que fechou o dia a R$ 34,50 e ganho de 1,47%. Mais uma vez, a cotação encontrou suporte nos ganhos observados no câmbio. Em uma sessão volátil, a moeda norte-americana avançou para R$ 3,9201 na venda, com valorização de 0,60%. Durante o dia, o dólar chegou a recuar mais de 1% e tocou o patamar de R$ 3,8560.
O movimento positivo é decorrente da decisão do Federal Reserve, banco central americano, em manter novamente a taxa de juros dos Estados Unidos próximas a zero. Segundo dados do site G1, o banco não eleva os juros há uma década e a próxima reunião do órgão deve acontecer no mês de dezembro.
Enquanto isso no mercado interno, a cotação do cereal recuou em Tangará da Serra (MT), em torno de 2,38%, com a saca a R$ 20,50. Nas demais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas o dia foi de estabilidade. Contudo, o analista de mercado da Nova Rumo Corretora, Mário Mariano, ressalta que o milho brasileiro tem tido uma demanda agressiva devido à tarifa cambial valorizada.
"Vemos esse movimento especialmente para os meses de janeiro e fevereiro. A taxa cambial tem estimulado novos preços e a exportação está cada vez mais ativa e remunerando melhor o produtor. Com isso, temos preços para a oferta da segunda safra bem aquecidos por conta dos embarques", explica Mariano.
No acumulado do mês de outubro, as exportações de milho somam 4.032,9 milhões de toneladas, conforme informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A média diária ficou em 252,1 mil toneladas do grão. Paralelamente, os line-ups permanecem firmes e indicam para o Porto de Santos mais de 1 milhão de toneladas do grão para serem embarcadas, já no terminal de Paranaguá, o volume é de 900 mil toneladas, conforme disse o pesquisador do Cepea, Lucílio Alves.
Ainda hoje, a agência Reuters informou que atualmente há cerca de 114 navios previstos para partir de terminais brasileiros no próximo mês carregando 6,63 milhões de toneladas de soja e milho. Para essa temporada, a perspectiva é que os embarques de milho sejam recordes e superem os 27 milhões de toneladas do cereal.
Frente a esse cenário, o analista de mercado ainda orienta que os produtores do Centro-Oeste estejam atentos à comercialização do milho entre a 2ª quinzena de novembro e início de dezembro. "Isso porque, nesse período, os produtores tradicionalmente vendem os estoques para criar espaço para receber a soja a partir de janeiro. E com o aumento da oferta poderemos ter uma pressão sobre os preços", pondera Mariano.
Em contrapartida, os produtores do Sul e Sudeste podem adotar uma estratégia diferente. Ainda na visão do analista, nessas regiões a demanda local poderá criar um quadro mais propício, pois terá que concorrer com as exportações.
Bolsa de Chicago
As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) ampliaram as perdas ao longo desta quarta-feira e fecharam o dia com quedas entre 3,60 e 4,20 pontos. O vencimento dezembro/15 era cotado a US$ 3,76 por bushel, com desvalorização de 4 pontos. Todos os contratos encerraram a sessão abaixo do patamar dos US$ 4,00 por bushel.
Conforme dados das agências internacionais, o mercado foi pressionado pelas chuvas benéficas em algumas localidades do Meio-Oeste norte-americano. Contudo, não há nenhuma ameaça significativa para a colheita da cultura. Entre os dias 28 de outubro a 2 de novembro, boa parte do cinturão produtor norte-americano irá receber chuvas. Enquanto isso, a projeção mais alongada, entre os dias 2 a 6 de novembro, indicam precipitações entre 40% até 50% acima da média. No mesmo intervalo, as temperaturas poderão ficar até 80% acima da normalidade, de acordo com informações do NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país.
Até o último domingo (25), pouco mais de 75% da área havia sido colhida com o cereal nos Estados Unidos. Por outro lado, a AIE (Agência Internacional de Energia) informou nesta quarta-feira que na semana encerrada no dia 23 de outubro, a produção de etanol no país ficou em 944 mil barris diários. Na semana anterior, a produção foi estimada em 951 mil barris diários. No mesmo intervalo, os estoques caíram de 18,9 mil barris para 18,3 mil barris.
Do mesmo modo, as agências internacionais reportam que os investidores avaliam os dados sobre a redução das compras de DDGs de milho dos EUA, subproduto do etanol de milho que é usado por fábricas de rações como um substituto para o milho e farelo de soja, por parte dos chineses. Os compradores da nação asiática temem um processo anti-dumping promovido pelo governo da China, o que na prática significaria a proibição de desembarque.
A China é a maior compradora mundial do subproduto, especialmente dos EUA. Somente em 2014, os chineses adquiriram 5,4 milhões de toneladas de DDG norte-americano, o que representa 18 milhões de toneladas de milho adicionados aos estoques internos do produto, que permanecem elevados. Atualmente, os estoques reguladores de milho estão próximos de 150 milhões de toneladas.
Os participantes do mercado também já começam a olhar para a safra de milho na América do Sul. "Os agricultores sul-americanos estão plantando menos milho, que deve, eventualmente ajudar os EUA nas vendas de exportação, especialmente quando os suprimentos brasileiros se esgotarem. O El Niño também pode ocasionar problemas na Austrália e no Mar Negro", disse Bryce Knorr, editor e analista do site internacional Farm Futures.