Milho: Em Chicago, mercado dá continuidade ao movimento negativo e opera em queda pelo 2º dia consecutivo
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os futuros do milho iniciaram o pregão desta quarta-feira (28) do lado negativo da tabela, com leves quedas. As principais posições do cereal exibiam perdas entre 1,50 e 2,25 pontos, por volta das 7h45 (horário de Brasília). O vencimento dezembro/15 era cotado a US$ 3,78 por bushel, depois de encerrar o dia anterior a US$ 3,80 por bushel.
As cotações operam em queda pelo segundo dia consecutivo. Nesta terça-feira, os investidores acabaram realizando lucros após os ganhos registrados no início da semana. E em meio à falta de informações, o mercado segue atento à evolução da colheita da produção americana e a consolidação da safra.
Até o momento, pouco mais de 75% da produção já foi colhida, conforme dados oficiais do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Na semana anterior, o percentual colhido estava em 59% e a média dos últimos cinco anos é de 68%.
Confira como fechou o mercado nesta terça-feira:
Milho: Em Paranaguá, preço acompanha dólar e recua 1,45% nesta 3ª feira; saca é cotada a R$ 34,00
A saca do milho negociada no Porto de Paranaguá fechou a terça-feira (27) negociada a R$ 34,00, com queda de 1,45%. Em contrapartida, em Tangará da Serra (MT), o valor subiu 2,44%, com a saca do cereal cotada a R$ 21,00, em Não-me-toque (RS), o ganho foi de 1,79% e a saca encerrou o dia a R$ 28,50. Nas demais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, o dia foi de estabilidade às cotações do cereal.
Mais uma vez, o mercado é influenciado pelo andamento do dólar. Em uma sessão volátil, a moeda norte-americana finalizou o dia a R$ 3,8969 na venda, com queda de 0,51%. Na máxima do pregão, o câmbio tocou o patamar de R$ 3,9340. Segundo a agência Reuters, os investidores aguardam a decisão do Federal Reserve, banco central norte-americano, e seguem cautelosos. O cenário político e econômico no Brasil também permanecem em foco.
De acordo com informações do pesquisador do Cepea, Lucílio Alves, o dólar no patamar de R$ 3,90 ainda contribui para a competitividade do produto brasileiro no cenário internacional. “As exportações começaram a decolar e ocorreram mais tarde do que em anos anteriores. Mas é preciso que os volumes diários continuem na faixa de 200 mil a 220 mil toneladas para cheguemos ao nível de 27 milhões a 28 milhões de toneladas projetadas para essa temporada”, afirma.
Enquanto isso, as exportações brasileiras de milho somam no acumulado do mês de outubro, 4.032,9 milhões de toneladas, conforme informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A média diária ficou em 252,1 mil toneladas do grão.
“E considerando a redução na área destinada ao milho na safra de verão não há nada que indique uma pressão nas cotações. Também começamos com as especulações para a safrinha de 2016, que somente o clima irá definir o volume de produção. Por enquanto, os bons volumes embarcados dá poder de negociação aos vendedores e temos uma boa demanda interna, o que torna o contexto mais favorável aos vendedores”, explica o pesquisador do Cepea.
Paralelamente, o pesquisador ainda sinaliza que os line-ups dos navios nos portos brasileiros permanecem favoráveis. “Para Santos, temos mais de 1 milhão de toneladas a serem embarcadas e em Paranaguá, o volume é de 900 mil toneladas. O que pode atrapalhar é o volume de chuvas nas regiões portuárias”, ressalta Alves.
Conforme dados do analista de mercado da Agrinvest, Marcos Araújo, o Brasil vendeu quatro navios de milho recentemente aos EUA. “O milho saindo dos portos do Norte do país chega à Costa Leste americana mais barato do que o cereal produzido no Meio-Oeste. Para o próximo ano, já temos mais de 1 milhão de toneladas negociada aos americanos, com entrega a partir de agosto”, completa.
Já na BM&F Bovespa, as cotações do milho fecharam a sessão desta terça-feira (27) em campo misto. As primeiras posições do cereal exibiram ligeiras desvalorizações entre 0,46% e 0,58%, já as posições mais distantes registraram ganhos entre 0,41% e 0,44%. O vencimento novembro/15 era cotado a R$ 34,44 a saca, depois de encerrar o dia anterior a R$ 34,64 a saca.
Bolsa de Chicago
Ao longo do pregão desta terça-feira (27), as cotações futuras do milho ampliaram as perdas e fecharam o dia com quedas entre 3,00 e 4,40 pontos na Bolsa de Chicago (CBOT). O vencimento dezembro/15 era cotado a US$ 3,80 por bushel, depois de iniciar o dia a US$ 3,84 por bushel. Apenas o contrato julho/16 finalizou a sessão no nível de US$ 4,00 por bushel.
O mercado acabou devolvendo parte dos ganhos registrados no dia anterior. Sem grandes informações, a atenção dos investidores permanece no andamento da colheita do milho norte-americano. Ontem, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou que a colheita saiu de 59% e totalizou 75% até o último domingo (25) no país.
O número ficou em linha com as apostas dos participantes do mercado, entre 68% e 75%. Já no mesmo período do ano anterior, em torno de 44% da área havia sido colhida e a média dos últimos cinco anos é de 68%.
"A colheita do milho nos EUA está caminhando para a finalização e para termos uma corrida positiva nos preços teríamos que ter problemas relacionados ao clima no país, como o excesso de chuvas ou até mesmo a ocorrência de uma nevasca. Nesse momento, a demanda mundial está bem tranquila", disse o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
Em relação ao clima, as previsões indicam chuvas em algumas regiões do Meio-Oeste norte-americano entre o período dos dias 1 a 5 de novembro. Por outro lado, as temperaturas poderão ficar entre 40% até 90% acima da média para o intervalo, de acordo com informações divulgadas pelo NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país -, nesta terça-feira.
Ainda assim, o banco Morgan Stanley divulgou nesta terça-feira que a "fraqueza de curto prazo" nas exportações do grão nos EUA pode estar "exacerbada" pela recente valorização cambial, estimulada pelos últimos movimentos positivos da política monetária chinesa e da Zona do Euro. Além disso, o analista do banco ressalta que a atual baixa nos preços cria uma "oportunidade de ouro" para os compradores, com as cotações próximas dos US$ 3,60 por bushel.
O executivo também destacou que as cotações do cereal contam com um "suporte extra" da necessidade de preços mais elevados para que "a área de plantio com o grão seja defendida nos EUA de uma troca de cultura, como a soja, por exemplo, e evitando um ajuste muito severo dos estoques do país no ciclo 2016/17", completa. Diante desse cenário, a instituição financeira aposta em preços próximos do patamar de US$ 4,25 por bushel em 2016.