Milho: Mercado aguarda números da colheita nos EUA e inicia a semana com leves ganhos na CBOT
As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram a semana com leves ganhos, próximas da estabilidade. Por volta das 7h37 (horário de Brasília), as principais posições da commodity exibiam altas entre 1,00 e 1,25 pontos. O contrato dezembro/15 era cotado a US$ 3,80 por bushel, depois de encerrar a sessão da última sexta-feira a US$ 3,798 por bushel.
Em meio à falta de novas informações, os investidores ainda aguardam os dados sobre o andamento da colheita do milho nos Estados Unidos. Até a semana anterior, pouco mais de 59% da área plantada havia sido colhida, conforme reportou o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O órgão atualiza os números no final da tarde desta segunda-feira.
Além disso, há especulações no mercado de que as chuvas registradas recentemente no Meio-Oeste do país possam ter atrasado os trabalhos nos campos em algumas localidades. Contudo, as previsões climáticas a longo prazo mostram um clima mais seco a partir dessa semana, de acordo com informações divulgadas pelo site internacional Farm Futures.
Ainda hoje, o USDA divulga o seu boletim de embarques semanais. Na semana encerrada no dia 15 de outubro, os embarques de milho dos EUA totalizam 459,812 mil toneladas. O número ficou abaixo das apostas do mercado que giravam entre 500 mil a 700 mil toneladas.
Confira como fechou o mercado na última sexta-feira:
Milho: Dólar garante mais uma semana de preços firmes no Brasil; em Paranaguá ganho ficou em 2,99%
A semana foi de ligeiras altas aos preços do milho negociados no Brasil. No Porto de Paranaguá, a saca do cereal encerrou a sexta-feira (23) cotada a R$ 34,50 e alta semanal de 2,99%. Em São Gabriel do Oeste (MS), o ganho acumulado ficou em 2,22%, com a saca do cereal negociada a R$ 23,00, já em Ubiratã (PR), a saca finalizou a semana a R$ 24,00 e valorização de 2,13%.
Em Jataí (GO), a alta foi de 2,08%, com a saca do milho cotada a R$ 24,50. Enquanto isso, em Não-me-toque (RS), a valorização foi pouco menor, ao redor de 1,82% e a saca do grão encerrou a semana cotada a R$ 28,00. Nas demais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, semana foi de estabilidade aos preços praticados.
Segundo o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes, o comportamento dos preços do cereal no mercado interno estão diretamente ligados ao câmbio. A moeda norte-americana fechou a sessão desta sexta-feira a R$ 3,8906 na venda, com queda de 0,43%, já na semana, a alta foi de 0,44%. Os produtores estão atentos à intensa volatilidade cambial, com isso, tanto os compradores como os vendedores estão cautelosos com o avanço na comercialização do grão.
"Nesse momento, o produtor está sentado em cima do milho, temos apenas negociações pontuais. Os agricultores já estão bem posicionados e agora esperam as chuvas para plantar a soja da safra de verão. Em Goiás, já temos cerca de 85% da safrinha desse ano negociada, em Mato Grosso, o percentual chega a 80%", afirma o consultor.
Ainda relação ao dólar, Fernandes acredita que a crise pode alcançar o auge entre os meses de janeiro e fevereiro de 2016. "Daqui até lá ainda temos muitas coisas para acontecer, porém, o câmbio pode criar um novo patamar de preços no Brasil. E o mercado interno, nem Chicago olharam para o atraso no plantio da safrinha do próximo ano", completa.
Paralelamente, o analista de mercado da Agrinvest, Marcos Araújo, ressalta que os produtores rurais aproveitaram o recente rally da moeda norte-americana e avançaram com a comercialização da safrinha de 2016. No estado de Mato Grosso, por exemplo, a negociação antecipada da próxima temporada já alcança 50%.
"Só para os Estados Unidos, temos mais de 1 milhão de toneladas negociadas que deverá começar a ser embarcada a partir de julho do próximo ano. O milho brasileiro embarcado, especialmente dos portos do Norte, chegam com bons valores aos estados da Costa Leste do país", explica Araújo.
Por outro lado, as exportações brasileiras começam a ganhar ritmo. No acumulado de outubro, os embarques de milho somam 2.928 milhões de toneladas do grão, com média diária de 266,2 mil toneladas, conforme divulgou a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) essa semana. "Acredito que, no final dessa temporada em janeiro de 2016, teremos bons volumes embarcados", aposta Fernandes.
"Diante desse cenário, os produtores que já venderam a safrinha de 2015 podem esperar um pouco mais para negociar. Já da safrinha de 2016, que pelas minhas contas já totalizam 10 milhões de toneladas comprometidas, os produtores que compraram insumos devem se proteger", orienta o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes.
BM&F Bovespa
As cotações do milho negociadas na BM&F Bovespa também tiveram uma semana positiva. As principais posições da commodity registraram valorizações entre 1,635 e 2,87%. O vencimento novembro/15 era cotado a R$ 34,22 a saca nesta sexta-feira.
Bolsa de Chicago
Em uma sessão volátil, as cotações do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam o dia com ligeiras altas, próximas da estabilidade. Os contratos do cereal exibiram ganhos entre 0,60 e 1,60 pontos. O vencimento dezembro/15 era cotado a US$ 3,79 por bushel, depois de iniciar o pregão a US$ 3,77 por bushel. No balanço semanal, as cotações acumularam leves valorizações entre 0,15% e 0,80%.
Os analistas explicam que, diante da ausência de novas informações, as cotações têm operado bem próximas dos patamares de US$ 3,90 bushel a US$ 4,00 por bushel. E, com isso, os investidores seguem acompanhando a evolução dos trabalhos de colheita nos Estados Unidos. Até a semana anterior, pouco mais de 59% da área semeada já havia sido colhida, conforme dados reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Os números serão atualizados na próxima segunda-feira.
Ainda na visão do consultor em agronegócio, a quebra na safra do Leste Europeu já foi precificada pelo mercado. "Contudo, ainda temos o Brasil e a Argentina, plantando milho nesse momento e com reduções nas áreas destinadas ao cereal em ambos os países. E também temos o El Niño, com mais chuvas para a região Sul do país e, podemos ter alguma influência no rendimento das plantações", pondera.
Fernandes ainda sinaliza que nas próximas semanas os custos de produção da nova temporada americana deverão começar a ter a atenção dos investidores. "E, as primeiras indicações são de um aumento na área destinada ao milho no país, mas com menor investimento no pacote tecnológico. Os custos estão elevados, então o produtor americano também irá tentar equilibrar as suas contas", diz.