Milho: Produção americana fica acima do esperado e mercado fecha sessão desta 6ª feira com forte queda na CBOT
Após o reporte do relatório de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), as principais posições do milho fecharam o pregão desta sexta-feira (9) com quedas expressivas na Bolsa de Chicago (CBOT). As principais posições da commodity finalizaram o dia com perdas de mais de 7 pontos. O vencimento dezembro/15 era cotado a US$ 3,85 por bushel, depois de iniciar a sessão a US$ 3,93 por bushel. Na análise semanal, as cotações acumulam desvalorizações entre 1,23% e 1,71%.
A produção norte-americana da temporada 2015/16 foi estimada em 344,32 milhões de toneladas. O número é levemente menor do que o indicado no mês anterior, de 345,08 milhões de toneladas. Enquanto isso, a produtividade das lavouras do cereal exibiram ligeira revisão e passaram de 177,27 scs por hectare para 177,8 scs por hectare.
"O mercado apostava a produção dos EUA próxima de 342 milhões de toneladas e tivemos um número acima do esperado. A produtividade também ficou pouco acima, então o entendimento é que não temos uma escassez de milho nesse momento. E, por isso, as cotações recuaram no mercado internacional", explica o analista de mercado da Agrinvest, Marcos Araújo.
Em relação aos estoques, o USDA indicou um número de 39,65 milhões de toneladas, contra os 40,44 milhões de toneladas projetados em setembro. O milho destinado à produção de etanol foi mantido em 133,36 milhões de toneladas, assim como, as exportações em 46,99 milhões de toneladas.
No cenário mundial, a produção do cereal foi estimada em 972,6 milhões de toneladas. Em seu último boletim, o órgão indicou a safra em 978,1 milhões de toneladas. Já os estoques finais globais foram estimados em 187,83 milhões de toneladas, contra os 189,69 milhões de toneladas.
Ao longo de toda a semana, os participantes do mercado se preparam para o relatório do USDA desta sexta-feira. Contudo, as informações sobre o andamento da colheita do milho no país também permanece no foco dos investidores. Até o início dessa semana, pouco mais de 27% da área havia sido colhida com o cereal. O departamento atualiza as informações na próxima segunda-feira (12).
E, apesar da queda mais forte registrada na sessão desta sexta-feira, o analista da Agrinvest ainda ressalta que é preciso acompanhar o clima adverso na Ucrânia. "Temos que acompanhar esse cenário e também daqui pra frente teremos as projeções para a nova temporada de soja e milho nos EUA", acredita.
Mercado interno
Em meio à instabilidade no dólar frente ao real, as cotações do milho no mercado interno brasileiro tiveram uma semana negativa. Segundo levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas, a queda mais expressiva aconteceu nas regiões de Londrina e Ubiratã, ambas no estado Paraná, onde a saca do cereal caiu 5,88% e encerrou a semana a R$ 24,00/sc.
No Porto de Paranaguá, a saca do milho para entrega outubro/15 recuou 5,71%, e finalizou a sexta-feira a R$ 33,00. Durante a semana, o preço chegou a encerrar o dia a R$ 34,50 a saca. Na região de São Gabriel do Oeste (MS), as cotações exibiram queda de 4,17%, com a saca cotada a R$ 23,00. Em Jataí (GO), a desvalorização ficou próxima, ao redor de 4,00% e a saca era negociada a R$ 24,00.
Em Cascavel (PR), a semana foi negativa ao redor de 3,92%, com a saca do milho a R$ 24,50. E em Não-me-toque (RS), a perda foi de 1,85% e a saca fechou a sexta-feira a R$ 27,50. Na região de Luís Eduardo Magalhães (BA), os preços permaneceram estáveis em R$ 30,00.
Paralelamente, o dólar era cotado a R$ 3,7521 na venda, com queda de 1,08%, por volta das 16h15 (horário de Brasília). O câmbio operou do lado negativo da tabela, depois do Federal Reserve, banco central americano, reforçar as especulações de que a taxa de juros nos EUA só serão elevadas no próximo ano. Ainda assim, o mercado ainda segue atento ao conturbado quadro político e econômico no Brasil, conforme informou o site G1.
Como consequência desse cenário, os negócios caminharam de maneira lenta nesta semana. "Para o milho ainda da safra de 2015, os vendedores oferecem níveis entre R$ 36,00 até R$ 37,00, mas os compradores pedem valores acima. Porém, os produtores estão com a comercialização bastante adiantada e focados, nesse momento, com o plantio da soja da safra 2015/16", afirma o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
Contudo, o consultor de mercado da Céleres Consultoria, Anderson Galvão, ainda aposta em um quadro mais firme aos preços do cereal. "Vamos continuar com cotações firmes em muitas praças do país. Embora a exportação do milho não tenha a mesma relevância do que a soja, a demanda externa permanece firme, bastante robusta. Do outro lado, o cenário atual do câmbio acaba minimizando as ineficiências logísticas", completa.
E mesmo que o câmbio recue nos próximos dias, o consultor ainda sinaliza que o dólar em patamares acima de R$ 3,20 a R$ 3,30 ainda garante a competitividade do grão no mercado internacional. "No quadro global, temos uma oferta mais ajustada de milho e a demanda pelo produto segue firme. Também precisamos prestar atenção nas safras de outros países, pois estamos em ano de El Niño, que sempre prejudica as lavouras de grãos na Ásia, Índia e Leste da Europa", finaliza Galvão.
Confira como fecharam os preços nesta sexta-feira: