Milho: Mercado espera relatório do USDA e fecha sessão desta 5ª feira com perdas de mais de 4 pts
A sessão desta quinta-feira (8) foi negativa aos preços do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). As principais posições do cereal ampliaram as perdas ao longo do pregão e encerraram o dia com quedas de mais de 4 pontos. O contrato dezembro/15 era cotado a US$ 3,91 por bushel. Os demais vencimentos da commodity permaneceram acima dos US$ 4,00 por bushel.
Para o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, a movimentação negativa é decorrente de uma liquidação técnica antes do relatório de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O boletim será reportado nesta sexta-feira (9), porém, durante a semana esse foi um dos focos do mercado, uma vez que os investidores buscaram um melhor posicionamento frente às novas informações.
"Há um consenso entre as consultorias de que o USDA revise para baixo para a safra norte-americana de milho de 345 milhões para 342 milhões de toneladas. Entretanto, com o conservadorismo do departamento, que pode alterar os dados somente no boletim de novembro, houve um movimento técnico de véspera de relatório", diz o consultor de mercado.
Do mesmo modo, o sentimento compartilhado por analistas e consultorias é que o departamento também deva revisar a produtividade das lavouras do cereal. A perspectiva é que o número fique entre 170,4 a 179,5 sacas por hectare, com média de 176,12 sacas por hectare. Em seu último relatório, o rendimento médio projetado ficou em 177,27 sacas do grão por hectare.
Por isso, os relatos vindos dos campos com o avanço da colheita no país têm sido acompanhados de perto pelos investidores. Cerca de 27% da área cultivada nesta temporada foi colhida até o início dessa semana, conforme dados oficiais do órgão.
Paralelamente, as previsões climáticas já começam a indicar chuvas em algumas localidades do Meio-Oeste no período de 13 a 17 de outubro. No mesmo intervalo, as temperaturas deverão ficar acima da média em praticamente todo o país, de acordo com informações reportadas pelo NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país.
Inclusive, o consultor ainda ressalta que, um fator positivo para os preços poderá vir do clima. "Se tivermos a consolidação do excesso de chuvas nas próximas semanas, as cotações poderão ser alavancadas. No caso do milho, os preços podem operar bem acima do nível de US$ 4,00 por bushel", explica Brandalizze.
Além disso, outro fator que deve ter atenção dos investidores a partir de agora é a safra da Argentina. Especialmente porque há redução na área cultivada com o cereal e os produtores ainda enfrentam problemas com o clima, ainda sinaliza o consultor.
Ainda nesta quinta-feira, o USDA reportou que as vendas para exportação ficaram em 519,700 mil toneladas do grão da safra 2015/16 até a semana encerrada no dia 1º de outubro. Em relação à semana anterior, o número representa uma queda de 31%. No período, o principal destino do grão foi o México. O volume ficou abaixo das expectativas dos investidores que estavam entre 550 mil a 750 mil toneladas do grão para o período.
Mercado interno
No Porto de Paranaguá, o preço da saca do milho para entrega em outubro/15 despencou nesta quinta-feira (8). A saca terminou o dia negociada a R$ 33,00, com queda de 4,35%. A queda na cotação acompanhou a desvalorização observada na moeda norte-americana em boa parte da sessão.
Perto das 16h07 (horário de Brasília), o dólar era cotado a R$ 3,8093 na venda, com queda de 1,75%. Durante o dia, a moeda norte-americana ampliou a desvalorização com suporte da ata do Federal Reserve, banco central americano, reforçar as apostas de que a taxa de juros só será elevada no próximo ano.
"Os negócios estão parados essa semana devido à instabilidade do dólar. Para o milho ainda da safra de 2015, os vendedores oferecem níveis entre R$ 36,00 até R$ 37,00, mas os compradores pedem valores acima. Porém, os produtores estão com a comercialização bastante adiantada e focados, nesse momento, com o plantio da soja da safra 2015/16", acredita Brandalizze.
A semeadura do milho na safra de verão também é observada pelo mercado. A redução na área destinada ao cereal deve ficar acima de 5% na primeira safra, conforme projeção da INTL FCStone. Até o momento, o cultivo do grão tem ocorrido mais nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, com pouco mais de 50% da área plantada. No estado gaúcho já há produtores realizando o replantio depois da recente geada.
Confira como fecharam os preços nesta quinta-feira: