Milho: Mesmo com recuo no dólar, preço sobe 2,74% e bate R$ 37,50/sc no Porto de Santos

Publicado em 24/09/2015 17:13

No Porto de Santos, o preço da saca do milho subiu 2,74% nesta quinta-feira (24) e chegou a R$ 37,50. Em Paranaguá, a saca do cereal terminou o dia estável a R$ 35,50, para entrega em outubro/15. A sustentação das cotações nos portos brasileiros é decorrente da forte oscilação no dólar registrada durante o dia e que renovou a máxima frente ao real ao tocar no patamar de R$ 4,24.

Entretanto, a moeda norte-americana voltou a trabalhar próximo dos R$ 4,00 e encerrou a sessão a R$ 4,02 na venda, com queda demais de 2%. O câmbio recuou após as declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que sugeriu que poderão ser realizados leilões de dólares no mercado à vista, segundo dados divulgados pelo site G1.

A movimentação do dólar também refletiu no mercado interno brasileiro. Em Ubiratã, Londrina e Cascavel, ambas praças do Paraná, os preços subiram 2,04% e a saca terminou o dia a R$ 25,00. Em Não-me-toque (RS), a alta foi de 1,92%, com a saca do cereal negociada a R$ 26,50. Já em Luís Eduardo Magalhães (BA), o preço da saca do milho chegou a R$ 28,00, com valorização de 3,70%.

Em contrapartida, na região de Tangará da Serra (MT), a queda foi de 2,63%, com a saca do grão cotada a R$ 18,50. Em Campo Novo do Parecis (MT), a desvalorização foi menor, de 0,54%, com a saca do milho negociada a R$ 18,50.

Na visão do analista de mercado da Agrinvest, Marcos Araújo, a alta do dólar tem gerado boas oportunidades para a negociação com o milho. "Não só da safrinha de 2015, mas também para a produção de 2016. No Mato Grosso, por exemplo, o nosso levantamento aponta que 40% da produção do próximo ano já comercializada", destaca.

Por outro lado, a leitura dos especialistas é que o câmbio forte contribua para as exportações do cereal. Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o analista de mercado da Céleres Consultoria, Anderson Galvão, ressaltou que o país pode encerrar o ano de 2015 com um volume exportado próximo de  27 milhões de toneladas.

Bolsa de Chicago

As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram o pregão desta quinta-feira (24) do lado negativo da tabela, próximo da estabilidade. As principais posições da commodity fecharam o dia com quedas entre 1,75 e 2,25 pontos. O vencimento dezembro/15 era cotado a US$ 3,81 por bushel, mesmo nível registrado no início da sessão.

De acordo com informações de agências internacionais, o mercado foi pressionado pelos números das exportações semanais, divulgadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). As vendas para exportação do milho da safra 2015/16 totalizaram 426,3 mil toneladas até a semana encerrada no dia 17 de setembro. O número representa uma queda de 20% em relação à semana anterior.

O volume negociado também ficou abaixo das expectativas do mercado que giravam entre 548,67 mil a 749,34 mil toneladas do grão. "Hoje, tanto o mercado de milho como o trigo foram mais fracos frente à má notícia das exportações", disse Jack Scoville, no Agriculture.com. Paralelamente, o site AgWeb explicou que o dólar mais forte acaba atraindo os compradores para outras origens com oferta mais barata, como é o caso do Brasil.

Além disso, os participantes do mercado também observam e avaliam o andamento dos trabalhos nos campos americanos. A colheita já ultrapassa os 10% e a incerteza é em relação ao rendimento das lavouras, isso porque, o sentimento é que a produtividade das plantações possa ficar abaixo da projeção oficial, de 177,27 sacas de milho por hectare.

Por enquanto, os relatos sobre o rendimento das lavouras norte-americanas são divergentes. Em Illinois, importante estado produtor do grão, há relatos de rendimentos menores. Na contramão desse cenário, nos estados de Kentucky e no Tennessee, as informações indicam boa produtividade para as plantações do cereal.

E, até o momento, as previsões climáticas não representam uma ameaça aos trabalhos nos campos. No intervalo de 30 de setembro a 4 de outubro, as chuvas deverão ficar dentro da normalidade, conforme dados reportados pelo NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país. No mesmo intervalo, as temperaturas deverão ficar entre 50% até 70% acima da média, segundo o indicado nos mapas abaixo.

Chuvas previstas nos EUA entre os dias 30 de setembro a 2 de outubro - Fonte: NOAA

Temperaturas previstas nos EUA entre os dias 30 de setembro a 2 de outubro - Fonte: NOAA

Ao longo dia, o mercado também observou os rumores de que o governo da China poderá reduzir o preço pago ao produtor de milho com o objetivo de incentivar o consumo do grão que se acumulou nos estoques domésticos do país ao longo dos últimos anos. O preço poderá ser cortado em até 10%, segundo estimou o banco ANZ. Somente no mês de agosto, os chineses importaram mais de 607,58 mil toneladas de milho, um crescimento de 140,7% na comparação anual.

Confira como fecharam os preços nesta quinta-feira:

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Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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