Milho: Com suporte das exportações semanais, mercado fecha em alta e consolida 3º dia de ganhos na CBOT
As principais posições do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram o pregão desta quinta-feira (20) em alta pelo 3º dia consecutivo. Os contratos do cereal exibiram ganhos entre 3,75 e 4,00 pontos. O vencimento setembro/15 era cotado a US$ 3,71 por bushel, depois de iniciar o dia a US$ 3,69 por bushel.
Segundo as informações das agências internacionais, o mercado encontrou suporte nos números das vendas para exportação divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Até a semana encerrada no dia 13 de agosto, as vendas totalizaram 859 mil toneladas do grão. O volume indicado ficou acima das expectativas do mercado entre 350 mil a 800 mil toneladas do grão.
O número também é maior do que o indicado na semana anterior, de 531,1 mil toneladas do grão. Do volume total, em torno de 282,7 mil toneladas são da temporada 2014/15 e o restante, 576,4 mil toneladas da safra 2015/16. No acumulado da temporada, as vendas de milho totalizam 45.840,9 milhões de toneladas.
Ainda hoje, o USDA também reportou a venda de 193 mil toneladas do cereal ao México. O volume deverá ser entregue na safra 2014/15. Ao longo da semana, o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, já tinha ressaltado que, nos atuais patamares praticados em Chicago o mercado é comprador.
Em contrapartida, o mercado ainda acompanha a finalização do desenvolvimento da safra norte-americana. No último boletim de acompanhamento de safras, o departamento informou que, cerca de 71% das plantações estão em estágio de enchimento de grãos. Já a safra de milho deverá somar 347,64 milhões de toneladas nesta temporada, conforme projeção do órgão.
Contudo, a Pro Farmer Crop Tour já estimou o rendimento das lavouras de milho em Indiana em 150,97 sacas por hectare. O número representa uma queda de 23% em comparação com a safra passada. A produtividade média deverá ficar em 178,65 sacas do grão por hectare nesta temporada, ainda de acordo com dados do USDA.
Enquanto isso, os mapas já começam a sinalizar padrão climático mais seco para o Meio-Oeste dos EUA. E, nos períodos, de 6 a 10 dias e 8 a 14 dias, as temperaturas deverão ficar acima da média no Corn Belt. Porém, as chuvas ficarão abaixo da normalidade em estados importantes como Missouri, Illinois, Iowa e Indiana, conforme dados do NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país.
Mercado interno
A saca do milho para entrega em março/16 fechou o dia negociada a R$ 31,50 no Porto de Rio Grande. Em Paranaguá, a cotação permaneceu estável em R$ 31,00 a saca para entrega em outubro/15. Mesmo com os ganhos em Chicago, a queda do dólar frente ao real acabou limitando as reações nos preços. O câmbio terminou a quinta-feira a R$ 3,45, com queda de 0,92%.
Já no mercado interno, as cotações do cereal permanecem sustentadas, apesar da perspectiva de uma grande safra nesta temporada. De acordo com informações da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a produção brasileira deverá ficar acima de 84 milhões de toneladas, entre primeira e segunda safra. Entretanto, os produtores rurais devem estar atentos ao ritmo dos embarques brasileiros, que impactará nos preços.
"O mercado trabalha com a expectativa de que os contratos que foram feitos antecipadamente possam ser direcionados para exportação, o que ajudaria a enxugar o mercado doméstico. Entre fevereiro de 2015 e janeiro de 2016, a projeção é que sejam exportadas mais de 26,4 milhões de toneladas, conforme dados oficiais", ressalta o pesquisador do Cepea, Lucílio Alves.
Nos principais estados produtores há bons volumes já negociados antecipadamente, ainda segundo o pesquisador. "Porém, apesar das perspectivas, os embarques na parcial do mês de agosto estão em 906 mil toneladas do grão, o que é um volume pequeno e inferior ao registrado no mesmo período de 2014. A aposta é que os vendedores estejam atrasando o cumprimento dos contratos na expectativa de pegar um câmbio maior, o que elevaria a receita em reais", explica Alves.
Entretanto, o país precisa embarcar bons volumes mensais para chegar a meta dos 26,4 milhões de toneladas. Caso a projeção seja alcançada, o pesquisador ainda sinaliza os estoques poderão ser menores. "Mas se tivermos um menor volume exportado, teremos um estoque maior e, consequentemente, uma pressão sobre os preços. Estamos um cenário incerto e um câmbio menor pode antecipar um quadro mais pessimista", completa.
Confira como fecharam os preços nesta quinta-feira: