Milho: Com suporte do dólar e demanda internacional, Brasil pode exportar volume recorde nesta temporada
Ao longo dos últimos anos, o Brasil tem se tornado um grande player no mercado internacional de milho e as exportações poderão atingir um recorde nesta temporada, entre 28 até 30 milhões de toneladas, de acordo com analistas. Caso a estimativa seja confirmada, o país irá superar o volume embarcado em 2013, de 26 milhões de toneladas. Até o momento, cerca de 25 milhões de toneladas do grão já teriam sido comprometidas para a exportação, conforme afirma o consultor de mercado do SIM Consult, Liones Severo.
A projeção é fundamentada em dois fatores, a alta do dólar, que tem contribuído para a competitividade do produto brasileiro e a demanda internacional aquecida. “O produto do Brasil está barato em relação à produção de outros países e o câmbio valorizado acaba favorecendo os embarques do grão”, explica o consultor.
Além disso, o pesquisador do Cepea, Lucílio Alves, ressalta que os problemas políticos na Argentina e os problemas em relação ao clima adverso no Leste Europeu, África e na Ásia, podem gerar oportunidades ao milho brasileiro. Recentemente, a Comissão Europeia de Monitoramento de Recursos Agrícolas (MARS) reportou que a cultura do cereal é a mais afetada com uma seca severa e ondas de calor. Com isso, as estimativas para o rendimento das lavouras do grão na França e Alemanha foram reduzidas.
No acumulado de fevereiro de 2015 até a 4ª semana de julho, as exportações de milho totalizaram 3.057,937 milhões de toneladas, segundo dados do Ministério da Agricultura e da Secretaria de Comércio Exterior. Nos 18 primeiros dias úteis de julho, os embarques do grão somam 936,5 mil toneladas de milho. “Faltando ainda uma semana para finalizar o mês poderemos nos aproximar do melhor julho da história que é o de 2012, com 1,7 milhão de toneladas embarcadas, caso o ritmo das exportações sejam mantidas”, diz Alves.
E os line-ups, programação para o carregamento de grãos, nos Portos brasileiros já começam a traçar o panorama para os embarques no ano comercial do milho, de fevereiro de 2015 a janeiro de 2016. “No terminal de Santos, temos a programação para a chegada de 24 navios até o próximo dia 8 de agosto. Os carregamentos variam, em média, a 60 mil até 70 mil toneladas de milho”, explica o pesquisador do Cepea.
Dados referentes ao Porto de Paranaguá também indicam bons volumes de milho exportados em julho, que podem superar as 400 mil toneladas do grão. No terminal, o produto brasileiro tem sido exportado, principalmente para destinos não revelados. Outros portos como Itaqui, no estado do Maranhão e Santarém, no Pará, também embarcaram o grão em julho e já há programação para o início do mês de agosto.
Comercialização antecipada
Os analistas ainda ressaltam que, o ritmo da comercialização da segunda safra de milho nesta temporada caminhou de maneira mais rápida. Em meio às preocupações e especulações com a produção, devido ao atraso das chuvas e, consequentemente, no plantio, gerou melhores oportunidades de negócios no Brasil com a safrinha.
Para a segunda safra de milho, os dados oficiais da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam uma produção de 51.548,4 milhões de toneladas. E, alguns estados, principalmente no Centro-Oeste do país já registram alto índice de comercialização antecipada. O consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, destaca que no Mato Grosso, principal estado produtor de milho na safrinha, o volume negociado chega a 70%.
“Em Goiás, temos o mesmo cenário, algumas localidades no sudoeste do estado, já registram comercialização de 80% da produção. Já no Mato Grosso do Sul, o índice chega 65% e no Paraná, o volume comprometido está próximo de 50% da produção prevista”, explica o consultor de mercado.
Logística brasileira
O pesquisador do Cepea ainda sinaliza que agilidade nos terminais brasileiros tem se mostrado positiva. “Podemos observar esse cenário nos últimos meses, especialmente com os volumes embarcados de soja, o que demonstra a melhora da produtividade nos portos”, ratifica Alves.
E com os terminais das regiões Norte e Nordeste do país começando a ter representatividade no volume de milho embarcado, o grão produzido especialmente no Centro-Oeste ganha novas opções. Recentemente, o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), embarcou seu primeiro navio de milho. Até o final de 2015, a projeção que é sejam exportadas entre 800 mil a 1 milhão de toneladas do grão pelo terminal.