Milho: Com influência do financeiro e clima favorável nos EUA, mercado fecha sessão com queda forte na CBOT
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os futuros do milho fecharam o pregão desta segunda-feira (27) com quedas expressivas. As principais posições do cereal exibiram perdas entre 18,00 e 19,50 pontos. O vencimento setembro/15 era cotado a US$ 3,73 por bushel, depois de ter iniciado a sessão a US$ 3,82 por bushel. Apenas o contrato maio/16 era cotado a US$ 4,00 por bushel.
Mais uma vez, as cotações do cereal recuaram fortemente influenciadas pelas informações do mercado financeiro. Na última sexta-feira (24), as cotações do cereal fecharam a sessão com perdas de mais de 10 pontos, já no acumulado semanal, a desvalorização foi de 6%. Conforme informações do consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, o mercado tem operado de maneira mais técnica e é pressionado pelos dados vindos do mercado financeiro.
"Temos o dólar subindo no mercado internacional frente a uma cesta de moedas, com isso, os investidores acabam saindo de suas posições e adquirem títulos públicos americanos. Nesse momento, o mercado não tem um suporte e testa os patamares mais baixos. No caso do milho, as cotações podem atingir os US$ 3,80 por bushel", explica.
Ainda segundo informações das agências internacionais, houve rumores no mercado de que os compradores do sudeste dos EUA teriam adquirido de 8 a 10 cargas de milho brasileiro. Com isso, a perspectiva é que o grão sul-americano esteja mais barato do que o produzido no país, fator que também acaba contribuindo para pressionar as cotações do cereal em Chicago.
Paralelamente, o mercado também acompanhou a forte queda de mais de 8% na bolsa em Xangai nesta segunda-feira. Como informou a estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil ao Valor Econômico, Luciana Rostagno, de que a "forte queda da bolsa chinesa trouxe a preocupação de um 'pouso forçado' da China, que levou os preços das commodities para baixo e provocou a desvalorização das moedas latino-americanas".
Em contrapartida, os mapas climáticos não mostram nenhuma modificação significativa para o clima no Meio-Oeste nos próximos dias. Conforme dados reportadas pelo NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país -, no intervalo dos dias 01 a 05 de agosto, o Corn Belt, em sua maioria, deverá registrar chuvas dentro da normalidade, ou até mesmo abaixo da média. Na projeção mais alongada, o cenário também é mantido, no período de 03 a 09 de agosto. Nos dois períodos, as temperaturas também deverão ficar abaixo da média, conforme os mapas indicados abaixo.
Chuvas nos EUA entre os dias 01 e 05 de agosto - Fonte: NOAA
Temperaturas nos EUA entre os dias 01 e 05 de agosto - Fonte: NOAA
"Sem um tempo ameaçador nas previsões, os fundos novamente venderam suas posições e nem mesmo as informações da demanda, como os embarques semanais, foram suficientes para amenizar as perdas. E, a menos que, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) mostre uma piora nas condições das lavouras, o mercado poderá registrar novas quedas até a divulgação do próximo boletim de oferta e demanda do órgão, que será reportado no dia 12 de agosto", disse Bryce Knorr, editor do site Farm Futures.
Enquanto isso, os participantes do mercado também aguardam o relatório de acompanhamento de safras, que será divulgado no final da tarde desta segunda-feira. Na última semana, o USDA indicou que, cerca de 69% das plantações do cereal estavam em boas ou excelentes condições. Por outro lado, em torno de 55% das lavouras estavam em fase de polinização.
Apesar da pressão nos preços no mercado internacional, Brandalizze sinaliza que, as informações sobre o andamento da safra de milho em outros países pode dar suporte às cotações do cereal. Isso porque, em muitas localidades, como a França, Leste Europeu e, especialmente a China enfrentam problemas com o clima adverso e já há relatos de perdas na produção nesta temporada. "Por enquanto, temos os investidores focados no financeiro e essas informações ainda não chegaram ao mercado. Porém, poderemos ter um suporte nos preços com a confirmação dessa situação", ressalta.
Já os embarques semanais de milho ficaram em 1.108,281 milhão de toneladas até a semana encerrada no dia 23 de julho. O número ficou levemente abaixo do indicado na semana anterior pelo USDA, de 1.162,399 milhão de toneladas. Ainda assim, o volume ficou acima das expectativas dos investidores entre 800 mil a 1.025 milhão de toneladas. No acumulado da safra 2014/15, o país já embarcou cerca de 40.194,128 milhões de toneladas de milho.
Mercado interno
No Porto de Paranaguá, a saca do milho para entrega em outubro/15 fechou a segunda-feira a R$ 30,00, com queda de 1,64%. Em Campo Novo do Parecis (MT), o preço também recuou e a saca do milho fechou o dia a R$ 15,00, com desvalorização de 9,09%. Na região de Tangará da Serra (MT), a perda foi menor, de 3,03%, com a saca do cereal a R$ 16,00. Nas demais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, o dia foi de estabilidade.
Mesmo com a alta do dólar, que subiu pela 4ª sessão consecutiva, os preços acompanharam a queda mais forte registrada no mercado internacional. Já o câmbio terminou o dia a R$ 3,3640 na venda, com ganho de 0,51% e no maio nível de fechamento desde 27 de março de 2003, conforme dados da agência Reuters.
"Com a desvalorização em Chicago, os negócios ficam parados nos EUA e também aqui no Brasil. E como boa parte da nossa safrinha já foi comercializada antecipadamente, temos um quadro um pouco mais tranquilo", ressalta Brandalizze.
Inclusive, o consultor ainda destaca que, os produtores já têm feitos negócios para a safrinha de 2016. "Pela primeira vez, temos o mercado de milho fluindo e, até o momento, cerca de 10% da próxima safrinha já foi negociada, o que seria equivalente a cerca de 5 a 8 milhões de toneladas do cereal", diz.
Já as exportações de milho foram indicadas em 936,5 mil toneladas do grão até a 4ª semana de julho. A média diária ficou em 52 mil toneladas do cereal. Em comparação com o mês período do mês anterior, o volume diário representa um crescimento de 698,7%. No mesmo período, os embarques renderam ao Brasil uma receita de US$ 158,7 milhões, com média de US$ 8,8 milhões.
Em relação a junho, o montante diário representa uma alta de 690,8%, já que em igual período do mês anterior, o número ficou em US$ 1,1 milhão. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira pela Secretaria de Comércio Exterior.