Milho: Em Chicago, mercado recua 6% e registra a maior queda semanal em um ano
As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam a sessão desta sexta-feira (24) em campo negativo. As principais posições do cereal exibiram perdas de mais de 10 pontos. O vencimento setembro/15 era cotado a US$ 3,92 por bushel, depois de iniciar o dia a US$ 3,99 por bushel. No acumulado semanal, os contratos da commodity acumularam desvalorização de 6%, essa foi a maior queda semanal em um ano.
Milho - Variação semanal na Bolsa de Chicago
Para o analista de mercado da TRINI Consultoria, Mársio Antônio Ribeiro, as cotações do cereal foram pressionadas por previsões climáticas indicando um clima mais seco nos EUA e as informações não tão favoráveis vindas do mercado financeiro. "A queda foi mais expressiva nesta sexta-feira, mas as cotações acumularam perdas de mais de 6% na semana. O clima mais seco no país reduziu as preocupações dos investidores com a safra norte-americana, o que fez com que saíssem de suas posições”, explica.
De acordo com os últimos mapas climáticos do NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país - as chuvas deverão dar uma trégua em algumas localidades do Corn Belt, no intervalo do dia 30 de julho a 3 de agosto. Estados como Illinois, Indiana, Ohio, Iowa e Minnesota deverão receber chuvas dentro da normalidade, conforme indicado no mapa abaixo.
Chuvas nos EUA entre os dias 30 de julho e 3 de agosto - Fonte: NOAA
No mesmo período, as temperaturas também deverão ficar dentro da normalidade. Inclusive, em algumas regiões, as temperaturas poderão ficar abaixo da média, como mostra o mapa do NOAA. Nos últimos dias, as especulações em relação às temperaturas mais altas também influenciaram as negociações no mercado internacional, uma vez que as lavouras do cereal estão em fase de polinização.
Temperaturas nos EUA entre os dias 30 de julho a 3 de agosto - Fonte: NOAA
"Por enquanto, o mercado não acredita que o calor possa afetar a polinização do milho. No início da semana, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou que cerca de 55% das plantações estão em fase de polinização", afirma Bob Burgdorfer, editor da Farm Futures.
Paralelamente, as informações do mercado financeiro também contribuíram para dar o tom negativo às negociações. "Os dados não tão positivos sobre a atividade industrial na Europa e a dúvida sobre o potencial de crescimento da economia da China pesaram sobre os preços das commodities. Praticamente todas as bolsas fecharam no vermelho nesta sexta-feira", completa Ribeiro.
Por outro lado, o USDA anunciou a venda de 231 mil toneladas de milho ao México. Do volume total negociado, cerca de 168 mil toneladas deverão ser entregues na temporada 2015/16 e as 63 mil toneladas restantes serão entregues na temporada 2016/17.
Ainda de acordo com dados da Farm Futures, o volume de contratos negociados de milho em Chicago chegou a 474.147 mil nesta sexta-feira. E os fundos de investimentos venderam 16 mil contratos.
Mercado interno
No Porto de Paranaguá, o preço da saca do milho para entrega em agosto/15 fechou a sexta-feira (24) a R$ 30,50. Na análise semanal, a valorização ficou em 7,02%. Em Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra, ambas no Mato Grosso, as cotações subiram 13,79% e 6,45% na semana, respectivamente. Na contramão desse cenário, em São Gabriel do Oeste (MS), a queda semanal foi de 7,69%, com a saca cotada a R$ 18,00, segundo levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas.
Milho - Variação semanal no mercado interno
Apesar da perda mais forte registrada no mercado internacional, a forte valorização do dólar dá suporte aos preços no mercado interno. A moeda norte-americana encerrou a sexta-feira com ganho de 1,5%, cotada a R$ 3,3470 na venda, o maior nível em 12 anos. Essa foi a terceira sessão consecutiva de alta no câmbio, que voltou a subir depois do corte nas metas fiscais do governo estimular os temores de que o país poderá perder o seu grau de investimento.
"Contudo, o câmbio mais alto deve favorecer as nossas exportações", ressalta Ribeiro. No acumulado até a 3º semana de julho, as exportações brasileiras de milho somaram 416,2 mil toneladas do grão, com média de 32 mil toneladas. Em comparação com o mesmo período do mês anterior, o número representa uma alta de 391,6%. No período, os embarques renderam ao Brasil uma receita de US$ 70,7 milhões, com média de US$ 5,4 milhões.
Safra brasileira
No Paraná, os produtores conseguiram dar continuidade aos trabalhos de campo após as chuvas recentes. Até o último dia 20 de julho, cerca de 31% da área já havia sido colhida, conforme dados do Deral (Departamento de Economia Rural). A estimativa é que sejam colhidas em torno de 11,01 milhões de toneladas do cereal nesta temporada.
Em Mato Grosso do Sul, a colheita chegou a 12,4%, segundo dados da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul). Em relação à produção, a projeção é que sejam colhidas mais de 8,3 milhões de toneladas na safrinha.
Enquanto isso, no Mato Grosso, os trabalhos nos campos estão completos em torno 65,80%, de acordo com o boletim informativo do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). Os produtores mato-grossenses deverão colher mais de 20 milhões de toneladas de milho na segunda safra.
Veja como fecharam os preços nesta sexta-feira: