Milho: Em Chicago, mercado dá continuidade ao movimento negativo e exibe perdas fortes na manhã desta 2ª feira

Publicado em 20/07/2015 07:46

As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram a semana com perdas fortes. As principais posições da commodity exibiam quedas entre 5,75 e 6,25 pontos, por volta das 7h32 (horário de Brasília). O vencimento setembro/15 era cotado a US$ 4,14 por bushel, depois de encerrar o pregão da última sexta-feira a US$ 4,20 por bushel.

O mercado dá continuidade ao movimento negativo observado na sessão anterior. No balanço semanal, as cotações do cereal acumularam desvalorizações entre 4,18% e 4,65%. De acordo com informações de agências internacionais, o movimento é decorrente da venda das posições, por parte dos fundos de investimentos. Recentemente, os investidores ampliaram suas posições compradas frente às especulações em relação ao impacto das chuvas nas lavouras no Meio-Oeste dos EUA.

Entretanto, as previsões climáticas já indicam a redução das precipitações no Corn Belt, o que acalmou o ânimo dos participantes do mercado. Segundo os últimos mapas climáticos divulgados pelo NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país - no intervalo entre os dias 23 a 27 de julho, o clima deverá permanecer quente e seco. Contudo, o clima mais seco também é observado, já que no caso da cultura, julho é o mês determinante para a produção norte-americana.

Em seu último boletim de acompanhamento de safras, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou que cerca de 69% das plantações apresentavam boas ou excelentes condições. O órgão atualiza os números no final da tarde desta segunda-feira. Além disso, o departamento também reporta o relatório de embarques semanais, importante indicador de demanda.

Além disso, o dólar mais valorizado, ainda de acordo com os analistas, também pesa sobre as cotações nesta segunda-feira. A moeda norte-americana alcançou a máxima de três meses frente a uma cesta de moedas hoje diante de informações sobre a economia americana, especialmente a possibilidade maior de uma alta nas taxas de juros nos próximos meses. A força do dólar tem uma base de pressão sobre os preços das commodities, uma vez que a divisa mais alta acaba reduzindo a competitividade dos produtos nas bolsas americanas.

Confira como fechou o mercado na última sexta-feira:

Milho: Com suporte do dólar, preço sobe 4,03% na semana e chega a R$ 31,00 em Paranaguá

No Porto de Paranaguá, a saca do milho para entrega em agosto/15 subiu 4,03% ao longo da semana e encerrou a sexta-feira (17) a R$ 31,00. Mesmo com a queda mais forte registrada nos preços do cereal em Chicago, a alta do dólar acabou dando suporte às cotações. A moeda norte-americana fechou o dia a R$ 3,19, com valorização de 1,13%.

Milho - Variação semanal no mercado interno

Conforme dados da agência Reuters, o câmbio foi impulsionado pelo quadro político conturbado no Brasil. Nesta 6ª feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, rompeu com o governo. Além disso, as expectativas de altas nos juros nos Estados Unidos contribuíram para sustentar o dólar.

Já no mercado interno, as cotações do milho praticadas em Ubiratã, Londrina e Cascavel, ambas no Paraná, subiram 2,91% na semana e terminaram a sexta-feira a R$ 21,20 a saca. No restante do país, as cotações ficaram estáveis, conforme levantamento realizado semanalmente pela equipe do Notícias Agrícolas.

Durante a semana, os investidores estiveram atentos ao clima no Brasil, com o excesso de chuvas impedindo o andamento da colheita da segunda safra, especialmente no Paraná e no Mato Grosso do Sul. Na região de Guaíra (PR), apenas 30% da safrinha foi colhida e nas últimas três semanas, a região acumulou mais de 400 mm de chuvas.

O presidente do Sindicato Rural do município, Silvanir Rosset, destaca que a perda é garantida, principalmente porque há milho brotando e espigas no chão devido ao vento forte. “Ainda não sabemos o percentual, pois não conseguimos entrar na lavoura para fazer a colheita, mas a perda é garantida”, ratifica o presidente.

O cenário é o mesmo em muitas localidades do estado de Mato Grosso do Sul. Em Laguna Carapã (MS), apenas 5% da área foi colhida até o momento, mas os trabalhos de campo deveriam estar próximos de 30%. Segundo o presidente do Sindicato Rural da cidade, Luiseu Bortoloci, as precipitações já duram 15 dias e a preocupação é com a qualidade do cereal.

Para o analista de mercado da FocoMT Agentes Autônomos, Marcos Hildenbrandt, o excesso de umidade já afetou a qualidade do milho nessas localidades. "Ainda assim, a nossa safrinha é enorme. Mas, por uma questão psicológica, essa situação faz com que os compradores antecipem decisões de compra. Contudo, a nossa produção de milho será grande nesta temporada", explica o analista.

Consequentemente, o mercado brasileiro precisará das exportações para equilibrar a relação oferta e demanda. "Precisamos exportar acima de 20 milhões de toneladas para não ficarmos com um estoque de passagem acima do desejado", afirma Hildenbrandt.

Nos 8 primeiros dias úteis de julho as exportações brasileiras ficaram em 67,7 mil toneladas, com média diária de 8,5 mil toneladas. O volume médio representa uma alta de 30% em relação ao mesmo período do mês anterior. Por outro lado, em comparação com igual período de 2014, o percentual é equivalente a uma queda de 67,1%.

Bolsa de Chicago

Na Bolsa de Chicago (CBOT), a semana foi negativa aos preços futuros do milho que acumularam perdas entre 4,18% e 4,65%. Na sessão desta sexta-feira (17), as principais posições do cereal exibiram quedas entre 9 e 9,75 pontos. O vencimento setembro/15 era cotado a US$ 4,20 por bushel, depois de iniciar o dia a US$ 4,28 por bushel. Apesar da recente desvalorização, as cotações se sustentam acima do patamar dos US$ 4,00 por bushel.

Milho - Variação semanal na Bolsa de Chicago

Ao longo dos últimos dias, o mercado tem registrado extrema volatilidade e operado conforme as previsões climáticas para o Meio-Oeste dos EUA. De acordo informações reportadas pelo site internacional Farm Futures, as previsões indicam chuvas no final de semana, porém, no intervalo dos próximos 6 a 10 dias, o clima deverá ficar quente e seco.

Chuvas nos próximos 6 a 10 dias nos EUA - Fonte: NOAA

"O clima mais quente e seco na próxima semana deverá ajudar a safra, que lutou com o excesso de chuvas. Entretanto, as preocupações permanecem com o clima, pois se confirmado, o cenário poderia afetar a polinização do milho, que acontece no mês de julho. Na última segunda-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou que em torno de 27% das lavouras estavam em fase de polinização até p último domingo, contra a média dos últimos cinco anos, de 34%", afirma Bob Burgdorfer, da Farm Futures.

Os investidores também aguardam o próximo relatório de acompanhamento de safras do USDA, que será divulgado na próxima segunda-feira. No início da semana, o departamento manteve em 69% o índice de lavouras em boas ou excelentes condições. Já o percentual de lavouras em situação regular caiu de 23% para 22%. Em contrapartida, o índice de plantações em condições ruins ou muito ruins subiu de 8% para 9% em uma semana.

Paralelamente, os participantes do mercado também acompanham as informações sobre a evolução da safra de milho em outros países. Segundo dados do noticiário internacional, os campos na França enfrentam altas temperaturas e a perspectiva é de uma redução na safra. Na Ucrânia, apesar das chuvas recentes, as previsões climáticas ainda indicam um clima mais úmido e quente. Os analistas ainda ressaltam que, em anos de El Niño as chances de ter uma quebra na safra no Hemisfério Norte é grande.

Ainda conforme dados da Farm Futures, o volume de contratos negociados na bolsa americana ficou em 545.241 mil nesta sexta-feira. Por outro lado, os fundos de investimentos venderam cerca de 14 mil contratos ainda hoje.

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Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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