Milho: Com suporte do dólar, preço sobe 4,03% na semana e chega a R$ 31,00 em Paranaguá
No Porto de Paranaguá, a saca do milho para entrega em agosto/15 subiu 4,03% ao longo da semana e encerrou a sexta-feira (17) a R$ 31,00. Mesmo com a queda mais forte registrada nos preços do cereal em Chicago, a alta do dólar acabou dando suporte às cotações. A moeda norte-americana fechou o dia a R$ 3,19, com valorização de 1,13%.
Milho - Variação semanal no mercado interno
Conforme dados da agência Reuters, o câmbio foi impulsionado pelo quadro político conturbado no Brasil. Nesta 6ª feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, rompeu com o governo. Além disso, as expectativas de altas nos juros nos Estados Unidos contribuíram para sustentar o dólar.
Já no mercado interno, as cotações do milho praticadas em Ubiratã, Londrina e Cascavel, ambas no Paraná, subiram 2,91% na semana e terminaram a sexta-feira a R$ 21,20 a saca. No restante do país, as cotações ficaram estáveis, conforme levantamento realizado semanalmente pela equipe do Notícias Agrícolas.
Durante a semana, os investidores estiveram atentos ao clima no Brasil, com o excesso de chuvas impedindo o andamento da colheita da segunda safra, especialmente no Paraná e no Mato Grosso do Sul. Na região de Guaíra (PR), apenas 30% da safrinha foi colhida e nas últimas três semanas, a região acumulou mais de 400 mm de chuvas.
O presidente do Sindicato Rural do município, Silvanir Rosset, destaca que a perda é garantida, principalmente porque há milho brotando e espigas no chão devido ao vento forte. “Ainda não sabemos o percentual, pois não conseguimos entrar na lavoura para fazer a colheita, mas a perda é garantida”, ratifica o presidente.
O cenário é o mesmo em muitas localidades do estado de Mato Grosso do Sul. Em Laguna Carapã (MS), apenas 5% da área foi colhida até o momento, mas os trabalhos de campo deveriam estar próximos de 30%. Segundo o presidente do Sindicato Rural da cidade, Luiseu Bortoloci, as precipitações já duram 15 dias e a preocupação é com a qualidade do cereal.
Para o analista de mercado da FocoMT Agentes Autônomos, Marcos Hildenbrandt, o excesso de umidade já afetou a qualidade do milho nessas localidades. "Ainda assim, a nossa safrinha é enorme. Mas, por uma questão psicológica, essa situação faz com que os compradores antecipem decisões de compra. Contudo, a nossa produção de milho será grande nesta temporada", explica o analista.
Consequentemente, o mercado brasileiro precisará das exportações para equilibrar a relação oferta e demanda. "Precisamos exportar acima de 20 milhões de toneladas para não ficarmos com um estoque de passagem acima do desejado", afirma Hildenbrandt.
Nos 8 primeiros dias úteis de julho as exportações brasileiras ficaram em 67,7 mil toneladas, com média diária de 8,5 mil toneladas. O volume médio representa uma alta de 30% em relação ao mesmo período do mês anterior. Por outro lado, em comparação com igual período de 2014, o percentual é equivalente a uma queda de 67,1%.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago (CBOT), a semana foi negativa aos preços futuros do milho que acumularam perdas entre 4,18% e 4,65%. Na sessão desta sexta-feira (17), as principais posições do cereal exibiram quedas entre 9 e 9,75 pontos. O vencimento setembro/15 era cotado a US$ 4,20 por bushel, depois de iniciar o dia a US$ 4,28 por bushel. Apesar da recente desvalorização, as cotações se sustentam acima do patamar dos US$ 4,00 por bushel.
Milho - Variação semanal na Bolsa de Chicago
Ao longo dos últimos dias, o mercado tem registrado extrema volatilidade e operado conforme as previsões climáticas para o Meio-Oeste dos EUA. De acordo informações reportadas pelo site internacional Farm Futures, as previsões indicam chuvas no final de semana, porém, no intervalo dos próximos 6 a 10 dias, o clima deverá ficar quente e seco.
Chuvas nos próximos 6 a 10 dias nos EUA - Fonte: NOAA
"O clima mais quente e seco na próxima semana deverá ajudar a safra, que lutou com o excesso de chuvas. Entretanto, as preocupações permanecem com o clima, pois se confirmado, o cenário poderia afetar a polinização do milho, que acontece no mês de julho. Na última segunda-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou que em torno de 27% das lavouras estavam em fase de polinização até p último domingo, contra a média dos últimos cinco anos, de 34%", afirma Bob Burgdorfer, da Farm Futures.
Os investidores também aguardam o próximo relatório de acompanhamento de safras do USDA, que será divulgado na próxima segunda-feira. No início da semana, o departamento manteve em 69% o índice de lavouras em boas ou excelentes condições. Já o percentual de lavouras em situação regular caiu de 23% para 22%. Em contrapartida, o índice de plantações em condições ruins ou muito ruins subiu de 8% para 9% em uma semana.
Paralelamente, os participantes do mercado também acompanham as informações sobre a evolução da safra de milho em outros países. Segundo dados do noticiário internacional, os campos na França enfrentam altas temperaturas e a perspectiva é de uma redução na safra. Na Ucrânia, apesar das chuvas recentes, as previsões climáticas ainda indicam um clima mais úmido e quente. Os analistas ainda ressaltam que, em anos de El Niño as chances de ter uma quebra na safra no Hemisfério Norte é grande.
Ainda conforme dados da Farm Futures, o volume de contratos negociados na bolsa americana ficou em 545.241 mil nesta sexta-feira. Por outro lado, os fundos de investimentos venderam cerca de 14 mil contratos ainda hoje.
Confira como fecharam os preços nesta sexta-feira: