Milho: Mercado aguarda números do USDA e fecha a semana com ligeiras altas na CBOT
Após uma semana de intensa volatilidade, os preços futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) terminaram a sessão desta sexta-feira (8) com ligeiros ganhos. As principais posições da commodity encerraram o pregão com altas entre 0,75 e 1,25 pontos. O contrato maio/15 era cotado a US$ 3,58 por bushel, mesmo patamar de fechamento da última segunda-feira (4).
No acumulado da semana, as cotações exibiram leves valorizações entre 0,27% e 0,55%. Nos últimos dias, os futuros do cereal foram influenciados, principalmente pelas expectativas favoráveis em relação à safra norte-americana 2015/16. Já nesta sexta-feira, os preços esboçaram uma reação técnica em meio às quedas recentes.
O progresso significativo no plantio de milho dos EUA foi um dos principais fatores de pressão nas cotações no mercado internacional. Até o último domingo (3), a semeadura do grão chegou a 55% no país, contra 19% reportado na semana anterior, segundo números divulgados no boletim de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Com isso, o avanço semanal no cultivo do milho norte-americano foi de 36%.
"Tivemos um salto muito grande no milho, uma grande performance. Os produtores norte-americanos têm uma tecnologia fantástica e podem plantar boa parte da safra em poucos dias. Inclusive, na próxima segunda-feira (11), o USDA poderá indicar o plantio do cereal completo em 75% da área projetada para essa temporada", destaca a analista de mercado da Labhoro Corretora, Andreia Sousa Cordeiro.
Além disso, até o momento, as previsões climáticas têm sido favoráveis para a germinação das plantas de milho no país. Até a quinta-feira, os mapas climáticos apontavam chuvas de até 100 mm para a região do Meio-Oeste, Delta e alguns estados do Sul do país, conforme sinaliza a analista. "Já hoje, as previsões são de precipitações entre 40 mm a 45 mm, dependendo da localidade. Isso irá permitir a continuidade dos trabalhos de plantio e uma provável finalização do cultivo do milho", afirma Andreia.
Diante desse cenário, os investidores aguardam os próximos relatórios do USDA, de acompanhamento de safras e oferta e demanda para se posicionar. O boletim de oferta e demanda será divulgado na próxima terça-feira (12).
Mercado interno
A semana também foi negativa aos preços do milho no Porto de Paranaguá. A saca do grão, para entrega em outubro, fechou a sexta-feira a R$ 27,00, com queda de 3,57%. Em Campo Novo do Parecis (MT), as cotações também caíram 2,86% e encerraram o dia a R$ 17,00 a saca.
Na região de Cascavel (PR), a queda foi menor, de 0,51%, com a saca do cereal a R$ 19,60. Na contramão desse quadro, em São Gabriel do Oeste (MS), os preços subiram 2,70% ao longo da semana e fecharam a sexta-feira a R$ 19,00 a saca. Em Jataí (GO), a alta foi mais expressiva, ao redor de 11,76%, com a saca a R$ 19,00. Nas demais praças, a semana foi de estabilidade, de acordo com levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas.
Os analistas destacam que nessa semana, os negócios com o milho foram mais lentos. Os compradores permanecem bem posicionados e aguardam a chegada da segunda safra do cereal. E diante das boas condições climáticas, a perspectiva é que seja colhida uma produção cheia nesta temporada. A FCStone reportou essa semana que a safrinha deverá totalizar 49 milhões de toneladas do grão, já a Consultoria Céleres, aposta em uma produção de 50 milhões de toneladas.
Na região de São Gabriel do Oeste (MS), cerca de 30% da safra foi semeada depois do período ideal e a perspectiva é de uma safra recorde neste ciclo. De acordo com o presidente do Sindicato Rural do município, Júlio César Bortolini, os produtores poderão colher, em média, até 80 sacas do grão por hectare.
Os estoques de milho elevados no país também pressionam as cotações. "Frente ao aumento da produção de milho, os estoques finais devem ficar em níveis bastante elevados, alcançando 16,22 milhões de toneladas. Porém, se as exportações brasileiras forem favoráveis, os preços poderão reagir. Mas, no momento, a perspectiva de oferta é muito alta, o que acaba pressionando as cotações do cereal", disse a analista de mercado da FCStone, Ana Luiza Lodi.
Veja como fecharam as cotações nesta sexta-feira:
Confira o comportamento dos preços no mercado interno ao longo da semana: