Milho: Preço em Paranaguá fecha o dia com mais de 5% de alta após disparada do dólar
Os preços do milho fecharam a sessão desta quinta-feira (19), na Bolsa de Chicago, com ligeiras baixas. Segundo analistas, os preços menos atrativos do produto norte-americano e a migração da demanda para outras origens tem sido um dos principais fatores de pressão sobre as cotações nos últimos dias.
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou, nesta quinta, seu novo relatório semanal de vendas para exportações e os número ficaram aquém do esperado para a semana que terminou em 12 de março.
Os EUA venderam 567,1 mil toneladas de milho, contra 514,3 mil da semana anterior, e abaixo das expectativas do mercado, que variavam entre 550 mil e 850 mil toneladas. Foram 502,3 mil da safra 2014/15 e 64,8 mil da safra 2015/16.
Assim, no acumulado do ano, o total já comprometido do cereal da safra atual subiu para 36.547,3 milhões de toneladas, contra as 45,72 milhões que o USDA estima para ser vendido em todo o ano comercial atual.
Outro componente de peso sobre os preços neste pregão foi uma nova alta do dólar frente ao real e demais moedas entre as principais emergentes, segundo explicou o analista de mercado da Agrinvest, Eduardo Vanin. "Vimos o mercado fugindo do risco e o dólar se fortalecendo", disse. Pela primeira vez em 12 anos, a moeda norte-americano chegou a bater em R$ 3,30, renovando suas máximas desde 2003.
Além de uma recuperação em relação às baixas dos últimos dias, a divisa se fortaleceu também no exterior e, no Brasil, segue focando as preocupações com a cena política, a qual se agravou depois da saída de Cid Gomes do Ministério da Educação. A percepção dos investidores, segundo especialistas ouvidos por agências de notícias, é de que a já frágil situação do governo federal segue sofrendo novos baques e, com isso, os atritos entre o governo e os aliados, principalmente no Congresso, poderiam se intensificar e comprometer ainda mais as medidas propostas para o ajuste fiscal.
"O custo político de fazer o ajuste (fiscal) está cada vez mais alto e o mercado não gosta disso", disse o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira à agência de notícias Reuters.
E com essa disparada do dólar, o preço do cereal no porto de Paranaguá registrou uma alta de mais de 5% e fechou o dia a R$ 30,50 por saca. Na BM&F, onde os preços têm caminhado lado a lado com a variação da taxa cambial, a sessão também foi positiva. O vencimento maio/15 fechou com 0,87% de alta em R$ 28,95 e o setembro em R$ 29,67, subindo 0,41%.
Por outro lado, o plantio do milho em algumas áreas do Meio-Oeste americano começa a ficar atrasado por conta de chuvas excessivas e esse tem sido um fator de ligeira sustentação para as cotações. E, segundo o Commodity Weather Group, essas precipitações devem continuar pelo menos durante o final de semana.
Agora, o mercado aguarda com ansiedade pelos primeiros números oficiais que serão reportados pelo USDA para a intenção de plantio da safra 2015/16 dos EUA, bem como os números dos estoques trimestrais norte-americanos. Ambos os dados serão divulgados no final deste mês.