Milho: Apesar da queda no dólar, preços sobem no mercado interno e exibem valorizações entre 2,02% e 5%

Publicado em 12/02/2015 17:11

Apesar da queda no câmbio e no mercado internacional, as cotações do milho subiram no mercado interno brasileiro nesta quinta-feira. Conforme levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas, nas praças de Ubiratã e Londrina, ambas no Paraná, a valorização foi de 5,00%, com a saca do milho negociada a R$ 21,00.

Mesma variação e valor observado na região de São Gabriel do Oeste (MS). Em Cascavel (PR), os preços subiram 2,44% e a saca do milho encerrou o dia a R$ 21,00. Em Jataí (GO), a valorização foi pouco menor, ao redor de 2,02%, e saca do milho a R$ 21,25. Em contrapartida, no Porto de Paranaguá, a saca do cereal recuou 1,64% e terminou a quinta-feira negociada a R$ 30,00.

A queda observada nos Portos foi reflexo da desvalorização registrada na moeda norte-americana hoje. O câmbio finalizou o dia a R$ 2,8209 na venda, com queda de 1,85%. Na mínima da sessão, o dólar chegou a tocar o patamar de R$ 2,8164. A moeda foi pressionada pelas notícias mais fracas sobre os gastos do consumidor nos EUA, novos estímulos econômicos na Suécia e um acordo de cessar-fogo na Ucrânia, conforme dados reportados pela agência Reuters.

Ainda segundo o analista de mercado da Agrinvest, a situação com a Ucrânia pode impactar as exportações brasileiras, já que os países são concorrentes nos embarques do cereal. "Houve uma forte desvalorização da moeda ucraniana, o que fez com as exportações ganhassem ritmo lá. No entanto, ainda há incertezas em relação à segurança no porto do país, o que poderia comprometer o fornecimento do grão", destaca.

Contudo, também está no foco dos participantes do mercado, a produção brasileira. Nesta quinta-feira, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estimou a produção total em 78.39 milhões de toneladas. A safrinha deverá totalizar 48.27 milhões de toneladas nesta temporada.

"Ainda assim, teremos que acompanhar para saber qual será a redução na área de milho no MT, temos risco de geadas no PR e no MS também, que deverão determinar a produção de milho safrinha. E mesmo que ocorra uma quebra na produção, de 48 milhões para 43 milhões de toneladas, com uma demanda ao redor de 55 milhões de toneladas, ainda teremos estoques ao redor de 12,9 milhões de toneladas. Somente se ocorrer uma quebra muito grande para ter uma pressão de alta nos preços", diz Araújo.

Enquanto isso, os compradores seguem em posição confortável e os negócios caminham de forma mais lenta. "Se pegarmos um histórico dos preços do milho no mercado brasileiro nos últimos 10 anos, temos uma curva de preços, em abril e maior, as cotações atingem as mínimas, depois o comportamento das cotações é altista e os valores alcançam as máximas em novembro", explica o analista. 

BM&F Bovespa

As cotações do cereal negociadas na BM&F Bovespa encerraram o dia em queda. As principais posições da commodity acompanharam a movimentação do dólar e encerraram o pregão com desvalorizações entre 0,65% e 0,86%. O vencimento março/15 era cotado a R$ 28,75 a saca.

Bolsa de Chicago

Nesta quinta-feira (12), as cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago encerraram a sessão em campo negativo. As cotações recuaram pelo terceiro dia consecutivo e exibiram quedas entre 2,50 a 2,75 pontos. A posição março/15 era cotada a US$ 3,83 por bushel, depois de terminar o pregão anterior a US$ 3,85 por  bushel.

Ao longo do dia, os contratos futuros ampliaram as perdas, exibindo um movimento de realização de lucros, frente aos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicando uma safra mundial recorde, conforme dados de agências internacionais. Nem mesmo, os números das vendas para exportação foram suficientes para garantir uma reação nos preços do cereal.

Até o dia 5 de fevereiro, as vendas totalizaram 1.003,100 milhão de toneladas de milho, conforme dados do boletim do USDA. O volume representa uma alta de 19% em relação à semana anterior, mas uma redução de 17% frente à média das últimas quatro semanas.

O México foi o principal comprador do produto norte-americano, com 427.900 mil toneladas do grão. No acumulado do ano safra, as vendas somam 33.151,0 milhões de toneladas de milho, contra 44.450,0 milhões de toneladas projetados pelo USDA. Para a safra nova, as vendas ficaram em 117,7 mil toneladas, o número ficou acima do registrada na semana anterior, de 8,5 mil toneladas.

Além disso, nos últimos dias, o mercado do cereal acompanhado a movimentação dos preços do petróleo e os dados da produção de etanol. Inclusive, os números da produção de etanol nos EUA pressionaram as cotações do cereal nesta quarta-feira. De acordo com dados da AIE (Administração de Informação de Energia), até a semana encerrada no dia 6 de fevereiro, a produção atingiu uma média de 961 mil barris por dia, na semana anterior, o número ficou em 948 mil barris por dia.

Na contramão desse cenário, os estoques de etanol no país também subiram e atingiram o maior patamar desde junho de 2012, em decorrência do crescimento na produção e da queda no consumo. E, diante da desvalorização nos preços do petróleo, a perspectiva é que haja uma redução na demanda de milho para a produção de etanol.

Paralelamente, os investidores já voltam às atenções para próxima safra norte-americana. Na visão do analista de mercado da Agrinvest, Marcos Araújo, a perspectiva é que haja uma redução de 2% na área destinada ao milho no país.

"E a produtividade das lavouras é muito ampla nos EUA, em ano de seca podemos ter quebras em torno de 26%. Então, o cenário do milho ainda pode mudar drasticamente no segundo semestre. O milho será o grande direcionador do mercado, e com o plantio ao redor de 36 milhões de hectares e uma produtividade próxima de 162 sacas do grão por hectare, os estoques nos EUA poderão passar de 46 milhões para 20 milhões de toneladas, é por isso que o mercado segue sustentado na CBOT e qualquer possível risco climático fará com haja um rally de alta nos preços", acredita o analista.

Veja como fecharam as cotações nesta quinta-feira:

>> MILHO

 

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Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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