Milho: Na CBOT, preços recuam pelo 2º dia consecutivo focado nos fundamentos
Pelo segundo dia consecutivo, os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) finalizaram a sessão em território negativo. As principais posições do cereal encerraram o dia com perdas entre 2,75 e 3,75 pontos. O contrato março/15 era cotado a US$ 3,84 por bushel, menor patamar de fechamento desde a última quinta-feira (15).
Durante as negociações, as cotações futuras até esboçaram uma recuperação, porém, sem forças, os preços voltaram a cair. Sem novidades, os investidores voltam a focar o cenário fundamental do mercado, de quadro confortável entre oferta e demanda. Ainda hoje, o IGC (Conselho Internacional de Grãos, na sigla em inglês) estimou a safra mundial de milho em 992 milhões de toneladas no ciclo 2014/15.
O número representa um crescimento de quase 10 milhões de toneladas, em comparação com o o volume reportado no boletim anterior. Já o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) aposta em uma produção do cereal próxima de 988,08 milhões de toneladas nesta temporada.
Paralelamente, a recente e contínua queda nos preços do petróleo, permanece sendo observada pelos participantes do mercado. Já que há especulações em relação à uma possível desaceleração na produção de etanol nos Estados Unidos.
Segundo dados do noticiário internacional, a empresa Green Biologic, que tem planta em Minnesota, anunciou nesta quarta-feira, que transformará a fábrica de etanol em uma unidade de agroquímicos. A expectativa de redução na demanda interno do país acontece em meio à produção recorde de milho nos EUA e também à perspectiva de uma boa safra esperada da América do Sul.
Em seu último boletim de oferta e demanda, o departamento norte-americano indicou a safra do Brasil em 75 milhões de toneladas e da Argentina em 22 milhões de toneladas na temporada 2014/15. Diante desse cenário, os analistas acreditam que os preços trabalhem no intervalo entre US$ 3,20 a US$ 4,00 por bushel.
Os analistas ainda aguardam os números das vendas para a exportação que, devido ao feriado de segunda-feira (19) nos EUA, será reportado nesta sexta-feira (23). As bolsas não operaram na última segunda, em comemoração ao dia de aniversário de Martin Luther King Jr.
Safra da Argentina
A semeadura do milho avançou e até o último dia 15 de janeiro já estava completa em 91,6% da área prevista para essa temporada na Argentina. O número representa uma evolução de 3,8% em relação à semana anterior e está 1,6% adiantada em comparação com o mesmo período do ano anterior. As informações foram reportadas pela Bolsa de Cereais nesta quinta-feira (22).
Conforme informações divulgadas pelo Ministério de Agricultura do país, Minagri, a área destinada ao cereal nesta safra deverá ser de 5,4 milhões de hectares, uma redução de 11,5% sobre o ciclo passado. Na safra 2013/14, foram cultivados 6,1 milhões de hectares, com uma produção de 33 milhões de toneladas do cereal.
Em seu último boletim de oferta e demanda, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicou a safra argentina em 22 milhões de toneladas.
Mercado interno
Mesmo com a forte queda no câmbio, as cotações no mercado interno brasileiro se mantiveram estáveis nas principais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas. No Porto de Paranaguá, preço permaneceu em R$ 27,50 a saca, com entrega em agosto de 2015.
A única praça a registrar variação foi Jataí (GO), onde o valor registrou valorização de 11,11%, com a saca cotada a R$ 22,50. A situação dos estoques elevados e também da maior oferta, em decorrência do avanço da colheita e do aumento das vendas em virtude da chegada da nova safra de nova, são fatores que pesam nas cotações, assim como o dólar. Os analistas destacam que, os preços podem voltar a subir caso haja uma quebra na produção da safrinha.
Por enquanto, há muitas expectativas em relação à segunda safra, pois em função do atraso no plantio da soja, algumas localidades irão reduzir a área destinada ao milho e, também os investimentos, que consequentemente deverá resultar em uma produtividade menor. A primeira safra, já tem uma diminuição de área consolidada e algumas regiões sofrem com as chuvas irregulares e as altas temperaturas.
BM&F Bovespa
Na Bolsa brasileira, as posições do cereal finalizaram em queda pelo 3º dia consecutivo. As perdas foram menores hoje, entre 0,35% e 0,48%. O vencimento março/15 era cotado a R$ 28,77 a saca, após ter encerrado o dia anterior a R$ 28,91 a saca.
Além da queda observada no mercado internacional, o dólar, fator de extrema importância na composição dos preços também exerce pressão negativa. O câmbio fechou o dia a R$ 2,5745 na venda, com perda de 1,23%, depois de chegar a R$ 2,5493 na mínima da sessão. Segundo informações da agência Reuters, o movimento é decorrente do anúncio do Banco Central Europeu (BCE) de que irá comprar 60 bilhões de euros em títulos mensalmente, com o objetivo de ampliar a liquidez internacional.
Veja como fecharam os preços nesta quinta-feira: