Milho: Maior disponibilidade da oferta pressiona preços no mercado interno brasileiro

Publicado em 19/01/2015 16:50

Sem a referência da Bolsa de Chicago (CBOT), devido ao feriado de Martin Luther King Jr., as negociações no mercado brasileiro de milho foram mais lentas nesta segunda-feira (19). De acordo com o levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas, em Não-me-toque (RS), o dia foi de queda de 2,17%, com a saca do cereal cotada a R$ 22,50.

Na região de São Gabriel do Oeste (MS), as cotações também recuaram, em torno de 9,52%, com a saca negociada a R$ 19,00. Já em Tangará da Serra (MT), o preço da saca subiu 2,78% e chegou a R$ 18,50. Em Jataí (GO), o valor também aumentou 9,76% e atingiu R$ 22,50. No Porto de Paranaguá, a segunda-feira foi de estabilidade, com o preço a R$ 27,94 a saca, para entrega em setembro de 2015. Nas demais praças pesquisadas, o dia foi de estabilidade.

O excesso de oferta de milho no mercado interno tem pressionado as cotações do cereal. Com a proximidade da colheita da soja da temporada 2014/15, os produtores avançaram com as negociações do cereal para liberar espaço físico nos armazéns, além disso, o início da colheita da safra de verão em algumas localidades também pesa nas cotações.

Contudo, o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes, destaca que apesar, da pressão sazonal, os preços do milho na safra de verão não tendem a registrar quedas expressivas. "Temos uma redução na área na primeira safra e também há um problema muito grave em relação ao clima, principalmente no Centro-Sul do país. Por isso, na região de Campinas (SP), os valores deverão ficar entre R$ 24,00 a R$ 25,00", explica.

Nesse momento, o clima tem sido a grande preocupação dos produtores rurais brasileiros. Em Sacramento (MG), as lavouras do cereal são castigadas pelas altas temperaturas e o clima seco, sem chuvas há mais de 15 dias. Com isso, a região pode consolidar o 2º ano de quebra na produção agrícola, em 2014, as condições também foram desfavoráveis e, inclusive, foi decretado estado de emergência na época.

Na região Oeste da Bahia, o cenário é semelhante e as perdas, no caso do cereal, podem ficar acima dos 30%. Para o engenheiro agrônomo, que atua na região, Armando Ayres de Araújo, a produção do grão pode recuar de 2.100 milhões para 1.500 milhões de toneladas nesta temporada. Em Unaí (MG), como as lavouras estão em fase de pendoamento e o clima permanece seco, a estimativa também é de rendimento abaixo do esperado.

De acordo com o agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio do Santos, nesse início de semana, as condições climáticas deverão se manter. "Continuaremos com sol, calor e possíveis pancadas de chuvas, mas, a partir de quarta-feira, teremos a formação de uma frente fria na região Sul do país e que deverá avançar sobre a região Sudeste", completa.

A frente fria deverá enfraquecer o bloqueio atmosférico que deixa essa ausência de chuvas generalizadas e afeta todas as culturas e, com isso, novas frentes frias conseguirão avançar com mais amplitude para a região Sudeste e, até mesmo, ocasionar algumas precipitações em determinadas regiões do Nordeste, conforme desta o agrometeorologista. Ainda assim, a região MATOPIBA deve continuar seca até o final de janeiro.

Em contrapartida, no Rio Grande do Sul, a colheita do milho já teve início e o rendimento médio das lavouras gira em torno de 120 sacas por hectare nas áreas não irrigadas. Segundo a projeção da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a produção de milho primeira safra deverá totalizar 29.640,8 milhões de toneladas nesta temporada, contra 31.652,9 milhões de toneladas colhidas na safra 2013/14.

Safrinha de milho

Em relação à safrinha, o consultor ainda sinaliza que, o comportamento dos preços deverá acompanhar a movimentação do dólar. Por enquanto, com a continuidade do clima seco e o atraso no plantio da safra de verão, o real tamanho da segunda safra de milho é uma incerteza. "Até próximo do dia 28 de fevereiro, os produtores poderão cultivar o milho, porém, depois dessa época dependerá do ânimo do produtor rural, já que temos o risco climático maior em algumas regiões", afirma Fernandes.

Até o momento, os agricultores têm conseguido avançar com os negócios antecipados do milho safrinha. "No estado do Paraná, cerca de 10% já foi negociado e em Goiás, cerca de 18% a 20%", ressalta o consultor. Conforme dados do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), em torno de 22,3% da safrinha já foi comercializada antecipadamente, equivalente a 1,6 milhão de toneladas. O preço médio das vendas futuras ficou próximo de R$ 15,60 a saca.

Para a segunda safra do cereal, a expectativa é que a produção fique próxima de 49.410,8 milhões de toneladas, ainda de acordo com dados da Conab. A projeção está acima do colhido no ciclo anterior, de 48.252,6 milhões de toneladas. 

Exportações brasileiras

Até a terceira semana de janeiro, as exportações brasileiras de milho somaram 1.999,9 milhão de toneladas. As informações são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e foram reportadas pela Secretaria de Comércio Exterior.

O volume representa um crescimento de 17,5% em comparação com o mesmo período de dezembro de 2014. Já em relação ao mesmo período do ano anterior, o avanço é de 36,7%. 

BM&F Bovespa

A sessão desta segunda-feira (19) foi positiva aos preços do milho na Bolsa brasileira. As principais posições do cereal encerraram o dia com valorizações entre 0,20% e 0,45%. Apenas a posição setembro/15 exibiu leve queda de 0,03%, cotado a R$ 28,90 a saca. O vencimento março/15 era cotada a R$ 29,86 a saca.

Os preços acompanharam a movimentação do dólar, que nesta segunda-feira, encerrou o dia a R$ 2,6560 na venda, com ganho de 1,33%. Conforme informações da agência Reuters, o mercado subiu frente às operações pontuais, movimento potencializado pelo baixo volume de negócios devido ao feriado dos EUA.

Veja como fecharam os preços nesta segunda-feira:

>> MILHO

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Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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