Milho: Frente à queda no dólar e no mercado internacional, preços recuam no Brasil
No mercado interno brasileiro, a quarta-feira foi de queda aos preços do milho. De acordo com levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas, o preço caiu 5,26% no Porto de Paranaguá, com a saca cotada a R$ 27,00, para entrega em setembro.
Em Ubiratã e Londrina, ambas praças do estado do PR, houve recuo 2,44%, com a saca do cereal negociada a R$ 20,00. Em Cascavel (PR), o valor também ficou em R$ 20,00, mas a queda foi de 4,76%. Na região de Jataí (GO), o valor caiu 2,87%, com a saca a R$ 20,33. Nas demais praças o dia foi de estabilidade.
O mercado acompanhou a movimentação negativa do dólar nesta quarta-feira e também as perdas no mercado internacional, conforme destaca o analista de mercado da Safras & Mercado, Paulo Molinari. A moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 2,6213 na venda, com queda de 0,59%, após atingir R$ 2,6007 na mínima da sessão. Mais uma vez, o mercado reflete os números mais fracos sobre o varejo nos Estados Unidos que reforçam a estimativa de que o Federal Reserve, banco central do país, será mais cauteloso na elevação dos juros, conforme dados reportados pela agência Reuters.
"Se ainda temos alguma sustentação nos preços é via câmbio. Temos alguma especulação em relação ao clima nesse momento, especialmente para a safra de inverno e isso traz algum nervosismo ao mercado. Porém, acreditamos que 2015 seja um ano de neutralidade aos preços no Brasil e se houver alguma alta será mais veiculada ao dólar", diz Anderson Galvão, analista de mercado da Céleres Consultoria.
Na região de Campinas (SP), os preços deverão oscilar entre R$ 25,00 a R$ 27,00 a saca e em Rondonópolis (MT), ao redor de R$ 18,00 a R$ 20,00, segundo o analista da Céleres. Valores que deverão remunerar os produtores dependendo da produtividade das lavouras. "Em relação à comercialização, o produtor deve primeiro saber os custos de produção e ir participando do mercado, fazendo média", orienta Galvão.
BM&F Bovespa
Pelo 2º dia consecutivo, os preços do milho recuaram na Bolsa brasileira. As principais posições negociadas terminaram o pregão desta quarta-feira com desvalorizações entre 0,04% e 2,35%. A posição março/15 era cotada a R$ 29,10. Assim como no mercado interno, o mercado foi pressionado pela movimentação negativa do dólar observada nesta quarta-feira.
Bolsa de Chicago
A quarta-feira (14) foi mais um dia de queda aos preços futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). O mercado recuou pelo 2º dia consecutivo e registrou perdas entre 3,50 a 4,00 pontos. O vencimento março/14 era cotado a US$ 3,82 por bushel. As posições do cereal mais negociadas perderam o patamar de suporte de US$ 4,00 por bushel.
O analista de mercado da Safras & Mercado, Paulo Molinari, destaca que o principal fator de pressão sobre as cotações do cereal é o estoque final norte-americano, bastante elevado. Apesar da redução indicada pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em seu último boletim de oferta e demanda, de 50,75 milhões para 47,68 milhões de toneladas, os estoques são bem expressivos.
"No mercado internacional, o dólar frente às outras moedas está forte, o que acaba pressionando todas as commodities. Além disso, temos os estoques de etanol elevados no país, situação que também influencia negativamente os preços", destaca o analista.
Segundo informações da AIE (Administração de Informação de Energia), os estoques de etanol nos EUA subiram 1,38 milhão de barris, para 20,23 milhões de barris, na semana encerrada no dia 9 de janeiro. Em comparação com a semana anterior, o volume representa um crescimento de 7%, e é o maior desde de que a administração começou a acompanhar os dados no ano de 2010.
Na visão do analista de mercado da Celeres Consultoria, Anderson Galvão, a queda dos preços do petróleo, que caminham para o nível mais baixo desde 2008, ao redor de US$ 40,00 o barril, acaba refletindo na competitividade do etanol a partir de milho. "Com isso, temos mais grão para uso geral e para a produção de ração e, esse é um fator baixista para o mercado", sinaliza.
Em relação à demanda pelo produto norte-americano, Molinari explica que, segue firme. Inclusive, nesta quarta-feira, o USDA reportou a venda de 125 mil toneladas de milho para Taiwan. "Porém, precisamos de novos fatores e informações para dar suporte ao mercado. Até lá, as cotações deverão trabalhar em um intervalo entre US$ 3,20 a US$ 4,00 por bushel", acredita.
Veja como fecharam os preços nesta quarta-feira: