Milho: Com exportações aquecidas, mercado segue firme no Brasil
Os preços do milho praticados no mercado interno brasileiro permanecem firmes. Nos Portos de Paranaguá e Santos, as cotações da saca do cereal têm oscilado entre R$ 27,00 a R$ 27,50. Já no Porto de São Francisco, em Santa Catarina, o valor chega a R$ 27,50, conforme destaca o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
Os valores subiram refletindo a recente alta observada nos preços no mercado internacional, mas, especialmente o dólar tem contribuído para o momento de recuperação. Inclusive, em algumas praças de Mato Grosso, onde as cotações estavam abaixo do preço mínimo, o valor gira entre R$ 14,50 a R$ 15,50, dependendo da região.
Na região de Campinas (SP), a saca de 60 kg do milho é negociada a R$ 25,50, segundo levantamento realizado pela Scot Consultoria. O número representa uma alta de 15,9% desde meados de outubro.
A queda do valor do frete também ajudou a deixar o produto brasileiro mais competitivo. Com isso, as exportações de milho aumentaram 13,3%, na comparação entre setembro e outubro. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, até a quinta semana de outubro, o Brasil embarcou 3,178 milhões de toneladas, com média diária de 138,2 mil toneladas.
"Temos grandes volumes sendo negociados e, com isso, a expectativa é que haja um equilíbrio maior entre a oferta e a demanda no mercado interno. Para novembro, podemos alcançar o patamar de 3,5 milhões de toneladas do grão exportadas", explica Brandalizze.
Enquanto isso, os estoques finais para a safra são estimados em mais de 15 milhões de toneladas. A projeção é da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
BM&F
Na BM&F Bovespa, a quarta-feira também é negativa aos futuros do cereal. Por volta das 12h11 (horário de Brasília), as principais posições do milho exibiam desvalorizações entre 0,21% e 0,93%. O vencimento março/15 era cotado a R$ 28,90, após ter iniciado o pregão a R$ 29,11 a saca.
O mercado passa por ajuste depois das recentes e expressivas altas registradas. Os bons momentos observados na Bolsa de Chicago e também no câmbio alavancaram as cotações futuras do cereal. Do mesmo modo, a redução na área plantada com o grão na safra de verão e as incertezas em relação à safrinha também foram fatores que contribuíram para a firmeza no mercado.
Até o momento, o plantio da soja permanece atrasado no Brasil, especialmente na região Centro-Oeste, em função da irregularidade das chuvas. De acordo com informações da Climatempo, no mês de novembro receberá mais precipitações. Para os próximos 15 dias, são previstas chuvas entre 100 mm a 200 mm, no Norte, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil.
Porém, em muitas localidades a situação já afetou e até mesmo comprometeu a janela ideal de plantio do milho safrinha. O cenário tem preocupado os agricultores e, muitos já estão revisando o planejamento para o próximo o ano.
Bolsa de Chicago
No decorrer dos negócios desta quarta-feira (5), os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) reduziram as perdas, mas, ainda assim, trabalham em campo negativo. Por volta das 12h10 (horário de Brasília), as principais posições da commodity exibiam quedas entre 3,25 e 3,50 pontos.
À medida que os produtores norte-americanos conseguem evoluir com a colheita do cereal nos EUA, o mercado fica mais pressionado. Essa é a terceira queda consecutiva registrada nos preços futuros do milho. Cerca de 65% da área cultivada nesta temporada foi colhida até o último domingo (2), segundo relatório de acompanhamento da safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Em uma semana, os produtores conseguiram evoluir em 19% na área colhida, o último número era de 46%. "As previsões meteorológicas continuam a sugerir condições largamente favoráveis para a colheita", disse a consultoria Commonwealth Bank, em entrevista à Bloomberg.
E, por enquanto, os modelos não indicam outro importante evento de precipitação no Meio-Oeste dos EUA até meados de novembro, ainda conforme dados da agência. Somente esse ano, os preços da commodity recuaram 14% sobre as perspectivas para uma colheita recorde.
Por outro lado, as informações vindas do cenário econômico, especialmente a redução na projeção de crescimento para a zona do euro. Para a Comissão Europeia, o PIB (Produto Interno Bruto) da zona do euro deverá crescer 1,1% em 2015, menor do que a projeção de 1,7%. "E menor crescimento econômico representa menor demanda por commodities", disse o economista Roberto Troster, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
Paralelo a esse cenário, os participantes do mercado já começam a se posicionar melhor, já que na próxima segunda-feira (10), o USDA irá atualizar os números de oferta e demanda. No último boletim, o órgão indicou a produção de milho dos EUA da safra 2014/15 em 367,69 milhões de toneladas.
No entanto, a aposta do mercado é que o departamento aumente a estimativa para algo próximo de 369,74 milhões de toneladas. A produtividade das lavouras, projetada em 184,37 sacas por hectare, também deve ser revista, uma vez que os relatos vindos dos campos norte-americanos são positivos.