Mundo está distante do financiamento necessário para adaptação climática, diz relatório da ONU
Por Gloria Dickie
LONDRES (Reuters) - O mundo está muito distante de arrecadar o dinheiro necessário para ajudar países com dificuldades a se adaptarem aos impactos cada vez mais perigosos das mudanças climáticas, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta quinta-feira.
Além de encontrar dinheiro e vontade política para reduzir as emissões e conter o aquecimento global, centenas de bilhões de dólares são necessários para proteger os países de mudanças que aconteceram muito mais rápido do que os cientistas haviam previsto.
O financiamento internacional atual que flui para os países em desenvolvimento está entre 5 e 10 vezes abaixo do necessário, disse o relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
Em 2020, o dinheiro dos países doadores reservado para ajudar os países mais pobres a se adaptarem às mudanças climáticas foi de apenas 29 bilhões de dólares, muito abaixo dos 340 bilhões de dólares por ano que podem ser necessários até 2030.
"É hora de uma revisão global da adaptação climática", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, em um comunicado à imprensa, observando que pediu aos fundos climáticos verdes para trabalhar com financiadores públicos e privados para produzir um novo incentivo para investimentos em adaptação.
Os fundos de adaptação são frequentemente aplicados em programas como melhoria da segurança alimentar ao auxiliar na plantação de culturas resistentes ao calor e à seca, ou em infraestrutura, como paredões marítimos para ajudar a manter as águas sob controle.
Na cúpula climática da ONU em Glasgow no ano passado, os países desenvolvidos concordaram em dobrar o apoio ao financiamento da adaptação para 40 bilhões de dólares por ano até 2025.
Na COP27 em Sharm El Sheikh, Egito, a partir de 6 de novembro, os países "precisam apresentar um roteiro confiável com marcos claros sobre como isso será entregue e de preferência como doações, não empréstimos", disse Guterres.
(Reportagem de Gloria Dickie em Londres)