Apesar de aumento nas vendas em fevereiro, mercado de máquinas agrícolas estima ano de retração
Em fevereiro deste ano, o mercado de máquinas agrícolas cresceu quase 44% em relação a janeiro. Pouco mais de três mil equipamentos foram vendidos no segundo mês do ano, o que representa uma receita líquida de R$ 4,29 bilhões. Apesar do resultado positivo, no comparativo com o mesmo mês do ano passado há um recuo de 39%, enquanto que no comparativo anual a queda é de 40,5%. Os dados foram apresentados pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e pela CSMIA (Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas) que integra a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).
As duas instituições compreendem que, apesar do saldo positivo no resultado mensal, a expectativa é que o produtor rural continue retraído na demanda por novos maquinários. "Os associados da câmara de máquinas agrícolas da Abimaq tem uma projeção de queda em 15% este ano", demonstra Pedro Estevão, presidente da CSMIA. Já a Anfavea projeta recuo de 11% para o setor, com fatores como clima e preços das commodities impactando diretamente na tomada de decisão dos produtores rurais.
O setor de grãos, em especial a soja, é o principal vetor de incentivo para a compra de equipamentos. No entanto, a oleaginosa passa por um momento de preços baixos nos mercados interno e internacional. "O produtor sofreu com a queda da rentabilidade na safra atual e isso resultou em margens apertadas, até mesmo negativas. Somado a isso estão os juros do Moderfrota, principal linha de financiamento para maquinários, que está em 12,5% préfixados para sete anos. Essa junção de fundamentos acaba desestimulando novos investimentos”, explica Carlos Cogo, consultor da COGO Inteligência em Agronegócio.
Mesmo assim, o especialista crê que o segundo semestre seja de recuperação gradual para o setor de maquinários. "Vamos entrar em uma nova temporada, com custos de produção estáveis e a rentabilidade do agricultor tende a ser melhor do que na última safra. Além disso teremos a atuação do La Niña, fenômeno climático que, historicamente, resulta em boas produtividades. Dessa forma, devemos ter safra recorde de soja em 2025 e recuperação da produção de milho, o que deve movimentar o mercado de máquinas".
Outro foco de atenção é o anúncio do Plano Safra, que deve ser apresentado em junho. "O governo federal vem trabalhando para anunciar um plano maior que o atual. A Abimaq sugestionou os montantes de R$ 26 bi e R$ 10 bi para Moderfrota/Pronamp e Pronaf, respectivamente", comenta Estevão. Mesmo que esses volumes de recursos sejam confirmados, é necessário que as taxas de juros sejam mais atrativas para que o plano seja competitivo no mercado de financiamentos. "O que vemos atualmente é que os agentes privados, inclusive essa nova linha em dólares, estão absorvendo a carência que há no subsídio público", acrescenta Cogo.
Por fim, as feiras continuam entre os principais catalizadores de negócios e oportunidades para as empresas. A Agrishow, que ocorre de 29 de abril a 3 de maio, é uma das mais representativas para o segmento e atrai produtores das mais variadas culturas. "Temos um cenário interessante para cana-de-açúcar, café, arroz, trigo e citrus, segmentos que demandam por equipamentos. A feira vai ser termômetro para sentir esses outros nichos", complementa o consultor.
Confira os resultados de vendas divulgados pela Abimaq e pela Anfavea: