Produtora realiza três safras por ano com uso de pivôs
A fazenda Cabeceira 5, situada em Ipiranga do Norte, município de pouco mais de 6 mil habitantes, e que até 2004 pertencia à vizinha Tapurah no médio-norte mato-grossense, é uma propriedade modelo por sua gestão e eficiência no uso da terra. Em uma área plantada de 1.650 hectares, com a ajuda da tecnologia, a fazenda realiza três safras completas por ano. Além disso, possui uma grande variedade de culturas no esquema de rotação, são mais de seis variedades diferentes.
Atualmente Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, com uma participação de 28,9%, tendo na última safra sido responsável por mais de 66.9 milhões de toneladas. Porém, a sucessão ano a ano de milho e soja tem resultados em grandes problemas nas fazendas, com nematoides, pragas e doenças. Contudo, na Cabeceira 5 este é um problema que vem sendo contornado. O segredo? A diversificação de culturas. “Com o cultivo de chia, gergelim, arroz e feijão, temos uma rotação eficiente e rentável com a soja e o milho. Como são culturas diferentes de outras famílias, as pragas não atacam”, diz a Ana Clara Gatto, produtora, agrônoma responsável pela parte financeira, administrativa, compra e vendas na fazenda.
O cultivo da chia e o gergelim na propriedade acontecem em parcerias com as empresas da região. Essas empresas fornecem as sementes e fazem o contrato de compra da produção. “Esse acordo, é muito interessante para nós, pois temos a garantia da venda desses cultivos nos quais a venda é mais restrita”, diz Ana Clara.
Ainda segundo ela, que é filha e neta dos primeiros produtores do estado que migraram do Rio Grande do Sul para desbravar Mato Grosso, esse cultivo tão diversificado só foi possível com o implemento de tecnologia. Uma dessas soluções adotadas foram os pivôs de irrigação. Atualmente a propriedade conta com dois equipamentos que juntos irrigam uma área de 320 hectares. Um deles, o mais recente adquirido, é da Zimmatic by Lindsay. “Os pivôs nos permitiram a maior otimização no uso do solo, por isso conseguimos plantar e colher até três safras por ano”, destaca a agrônoma.
Outra grande vantagem que a irrigação por aspersão proporcionou para a fazenda, segundo a produtora, foi de poder programar e antecipar o plantio da soja. Enquanto a maioria dos produtores de MT estão com a colheita da oleaginosa atrasada e com a produtividade comprometida por conta do excesso de chuva neste período do ano, a Cabeceira 5 já está finalizando a colheita das últimas sacas. “Com o pivô temos o serviço bem mais tranquilo, não fica tudo concentrado em uma época só, fazendo assim melhor gestão do tempo de toda a equipe”, ressalta ela.
Mudança na rotina da fazenda
Com presença quase que diária na fazenda, Ana Clara terá sua rotina alterada nos próximos meses. Isso porque a produtora está gestante e logo começará a desacelerar suas atividades para se preparar para o nascimento de suas duas filhas. Mas, para não ficar sem informações do andamento na propriedade, ela mais do que nunca precisará contar com o auxílio da tecnologia.
Uma dessas soluções está sendo implantada na propriedade nessa safra, que é o FieldNET, solução também desenvolvida pela Lindsay, para o gerenciamento remoto dos dois pivôs da fazenda. A partir de um computador, smartphone ou tablet, a ferramenta possibilita a criação de planos de irrigação de taxa variável grau-a-grau, que define paradas e movimentos, cria relatórios de uso, monitora o desempenho e os ganhos em toda a sua operação e ainda envia atualizações e alertas em tempo real.
“Estamos começando a utilizar essa ferramenta, ainda temos muito que aprender e nos ajustar, mas tenho certeza que vai facilitar ainda mais o manejo da irrigação, principalmente quando estivermos fora da propriedade, este monitoramento remoto facilita a conferência das irrigações e o andamento do serviço, toda a equipe é integrada na plataforma: o gerente, os gestores e o assistente técnico”, destaca a produtora.
A força da mulher no campo
Ana Clara é uma defensora ativa dos direitos da mulher e tem levantado essa bandeira principalmente no campo, em sua fazenda, mas também em encontros, eventos e feiras. “O preconceito quanto a mulher principalmente no campo melhorou muito, mas a gente ainda sente, aquela desconfiança estrutural como se a palavra da mulher tivesse menos força e credibilidade. Por isso, temos que provar nossos conhecimentos constantemente, e isso precisa mudar precisamos ser tratadas igualitariamente aos homens seja na credibilidade ou na qualidade do trabalho desempenhado.”, diz.
Ainda segundo ela, oportunidades como o Dia Internacional da Mulher são sempre uma chance de debater o tema e sua importância. “Todo mundo tem que ser tratado igual, independentemente de seu gênero, as pessoas devem ser escolhidas por sua capacidade. Temos visto mais mulheres com cargos de liderança, e isso é algo bom e deve crescer cada vez mais”, finaliza a produtora.