BR-163 começa a mudar de cara e produtor aguarda saída ao norte

Publicado em 08/12/2009 06:59
A rodovia BR-163, fundamental corredor para o escoamento de grãos da principal região produtora de Mato Grosso para o Sul do país, está ganhando asfalto novo, e há quem diga que o transporte da safra de soja 2009/10, que começa a ser colhida em janeiro, já estará facilitado em trechos antes esburacados no Médio-Norte mato-grossense.

E os sojicultores do principal Estado produtor do Brasil, que não se contentam apenas com o recapeamento do trecho em direção aos portos do Sul, esfregam as mãos com o início das obras para asfaltamento de cerca de mil quilômetros da rodovia federal em sua parte mais ao norte.

Eles querem ver logo os trabalhos concluídos entre Guarantã do Norte (MT) e Santarém (PA), na região amazônica, pois conseguiriam escoar mais rapidamente e a custos reduzidos sua colheita.

"Houve melhorias na BR-163 (em Mato Grosso), mas ainda é um grande gargalo, a nossa saída é Santarém", destacou o produtor Darcy Getúlio Ferrarin, com propriedades nos municípios de Sorriso, Feliz Natal e Vera, todas cidades de Mato Grosso que ganhariam em logística com o asfaltamento de BR na parte paraense.

O novo caminho asfaltado, quase tudo dentro do Pará, reduziria em pelo menos mil quilômetros o trajeto para a exportação de soja, que hoje percorre mais de 2 mil km em rodovias em direção ao porto de Santos (SP) e outros 2,5 mil km até Paranaguá (PR).

A partir de Santarém, a produção do Médio-Norte, principal região produtora do Estado, com 40 por cento da área plantada da oleaginosa mato-grossense, seria escoada de barco pelo Rio Amazonas para o Atlântico, seguindo para a Europa ou ganhando a Ásia pelo Canal do Panamá.

A obra poderá diminuir em dezenas de dólares por tonelada o custo dos fretes marítimo e rodoviário para enviar a soja até a China, por exemplo.

"Aí vamos ter preço melhor que o produtor do Rio Grande do Sul ou do Paraná", completou o agricultor.

A soja do Médio-Norte sofre um desconto considerável em relação ao produto do Sul pelas condições logísticas atuais. Enquanto em Sorriso (MT) o grão vale 37 reais por saca, em Cascavel (PR) é cotado a 44 reais por saca e em Passo Fundo (RS), a 45 reais por saca.

COMO ESTÁ NO PARÁ

Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), no lado paraense, as obras já estão em andamento perto de Santarém, e entre os quilômetros 789 e 676, perto de Miritituba, e também entre os kms 355 e 103, além de outro trecho na divisa entre o Mato Grosso e o Pará.

Mas o asfaltamento da rodovia ainda está pendente em um trecho de mais de 300 km no Pará, aguardando Licença de Instalação do Ibama, e uma outra parte do projeto está em revisão.

Questões ambientais, aliás, sempre foram o calcanhar de Aquiles para a conclusão da BR-163, pois ambientalistas argumentam que 75 por cento do desmatamento da Amazônia ocorre ao longo de rodovias enquanto o setor privado agora diz que não mais compra soja ou gado de áreas desmatadas.

Mesmo assim, e sem ter conseguido autorização do Meio Ambiente para todos os trechos da obra, o Dnit prevê a conclusão do asfaltamento de toda a estrada para o quarto trimestre de 2011, com um investimento de 1,15 bilhão de reais, recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) .

MT REGISTRA MELHORA

A reportagem da Reuters trafegou pela rodovia federal esta semana entre Sinop, Sorriso e Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, e ainda encontrou buracos em alguns trechos com asfalto velho, que aguarda a chegada das obras em andamento.

Mas na maioria do trajeto, de cerca de 150 km, embora ainda sem faixas de marcação na nova via, a viagem mais tranquila indicou que, pelo menos com manutenção de veículos, poderá haver uma economia no transporte da safra para os portos sulistas.

Essa constatação contrasta fortemente com a situação encontrada pela reportagem na mesma estrada há um ano e meio, quando entre Sinop e Sorriso o carro mais ficava parado, entre crateras na estrada, do que andava.

Enquanto sonham com a saída por Santarém, o caminho rumo ao Sul, pelo menos, ficará mais suave, embora a expectativa de uma grande safra em 09/10 já esteja elevando os custos com frete.
Fonte: Reuters

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