TCP busca evitar sobretaxa de "congestionamento" em Paranaguá
Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - A TCP, um braço da China Merchants Port, está trabalhando para dissuadir uma empresa de logística de aplicar uma sobretaxa sobre as cargas de saída no maior terminal de contêineres da América do Sul, disse a gerente comercial da TCP, Carolina Brown.
A sobretaxa de 150 dólares da empresa de logística CMA-CGM, que entraria em vigor em 1º de julho, poderia afetar o custo do transporte de mercadorias pelo principal terminal de contêineres refrigerados do Brasil, que fica no porto de Paranaguá e também é o maior corredor de exportação de carne de frango do mundo.
"Já entramos em contato com a CMA, já pedimos para que primeiro esclareçam a medida, mas também que eles a revejam", disse Brown à Reuters na quarta-feira.
A CMA não respondeu imediatamente às repetidas solicitações de comentários.
A empresa anunciou a sobretaxa na semana passada, citando o "congestionamento" no porto de Paranaguá. A medida evidencia os desafios logísticos enfrentados pelo Brasil, uma potência agrícola e uma das dez maiores economias do mundo.
A CMA disse que a sobretaxa se aplicaria a cargas com destino à Costa Leste dos EUA, Golfo dos EUA, Canadá, México e América Central, entre outros.
Brown disse que as remessas de papel, madeira e cargas refrigeradas podem ser afetadas se a sobretaxa for confirmada.
A executiva disse que Paranaguá e outros portos de contêineres brasileiros enfrentam um aumento na demanda, que, juntamente com contingências operacionais em terminais concorrentes em Santos (SP) e Santa Catarina, provocaram "uma tempestade perfeita".
Felipe de França, gerente de operações da TCP, disse que o aumento da demanda elevou o tempo de espera dos navios de uma média de 3,5 horas, um recorde alcançado em Paranaguá, para cerca de 48 horas nas últimas semanas. Desde então, o tempo de espera caiu para cerca de 12 horas no terminal de contêineres de Paranaguá, enquanto os navios em terminais concorrentes ainda enfrentam uma semana de espera, disse ele.
Brown disse que o terminal de contêineres de Paranaguá também está absorvendo desvios de carga e recebendo navios de outros portos.
"Estamos operando sem restrições operacionais e na contramão disto (vem) a cobrança de uma taxa adicional que não condiz como (nosso) nível de serviço."
(Reportagem de Ana Mano)