Indígenas liberam passagem em BR-163 e têm encontro com governo do Pará
BRASÍLIA (Reuters) - Indígenas kaiapós que protestam na BR-163, importante rota de escoamento de grãos, liberaram nesta sexta-feira a passagem na via e tiveram um encontro com autoridades do Pará, buscando que suas reivindicações sejam ouvidas, afirmou o instituto Kabu, ligado aos índios.
A liberação da rodovia, na região de Novo Progresso, que vem registrando protestos desde a última segunda-feira, permitiu que uma fila enorme de caminhões, a maioria transportando grãos para exportação, pudesse andar, segundo o Kabu.
A sequência de paralisações ocorridas nesta semana tem limitado a chegada da produção aos canais de exportação, em pleno período de escoamento da segunda safra de milho 2019/20, segundo associação de exportadores.
De acordo com nota do instituto Kabu, representantes das secretarias de Educação, da Saúde, da Justiça e Direitos Humanos da Casa Civil do governo do Pará, além assessoria do governador Helder Barbalho, reuniram-se com lideranças Kayapó Mekragnotire na manhã desta sexta-feira para tentar encontrar uma solução para as reivindicações.
Segundo o instituto, o governo do Pará se comprometeu a buscar uma interlocução com o governo federal para que se abra um canal de diálogo, visando encerrar os protestos.
A principal reivindicação dos kayapós é a renovação do Plano Básico Ambiental (PBA), condicionante para que a rodovia mantenha o licenciamento ambiental, segundo o Kabu.
"Desde janeiro, o PBA está vencido e a única oferta da Funai até agora foi ampliar o prazo de negociação até fevereiro de 2021, o que os kayapós consideram inaceitável", disse.
O plano financia a fiscalização das terras indígenas contra invasores, entre outros projetos.
Na quinta-feira, o Ministério Público Federal, que tem entre suas missões proteger direitos indígenas, teve negado recurso para derrubar liminar da Justiça Federal em Itaituba (PA) que determinou a reintegração de posse da rodovia com o objetivo de encerrar o bloqueio, segundo o Kabu.
A Polícia Rodoviária Federal não se manifestou imediatamente.
(Por Anthony Boadle)
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