Atoleiros esvaziam BR-163 e encarecem escoamento
Após servir almoço aos últimos 3 dos 12 clientes de seu restaurante em Santa Luzia, interior do Pará, Seloi Primo, 55 anos, recosta-se numa cadeira de balanço na varanda.
É tarde de quinta-feira (9). A comerciante olha para a silenciosa paisagem à sua frente, onde há soldados do Exército de sentinela sob uma barraca montada à frente da rodovia BR-163, que liga o Mato Grosso ao Pará.
Eles estão ali para controlar a circulação de caminhoneiros que levam soja para a exportação. Por 20 minutos, nenhum veículo passa.
Uma semana antes, no mesmo ponto começava uma fila de quase 50 quilômetros. A Folha percorreu o local na semana passada.
"Isso aqui virou um inferno. Era pra mais de cem pessoas aqui a essa hora", diz Seloi, gaúcha que migrou há 26 anos para a região.
A estimativa das autoridades é que quase 5.000 caminhoneiros tenham ficado parados, alguns por até 20 dias, por causa de atoleiros num trecho de 37 quilômetros dessa rodovia, que tem mil quilômetros só no Pará. Algumas cidades ficaram sem comida e água no período.
Até então, em média 600 caminhões saíam por dia do Mato Grosso em direção a Miritituba, distrito de Itaituba (PA), onde cinco terminais portuários são usados para escoar a soja via barcaças pelo Rio Tapajós, até Santarém (PA), de onde segue de navio para outros países.
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