Governadores argentinos se reúnem para discutir hidrovia Paraná-Paraguai; no Brasil, projetos estão parados
Pela primeira vez, a hidrovia Paraná-Paraguai, rota fluvial chave para o transporte da produção agropecuária, reuniu quatro governadores argentinos para definir estratégias comuns para avaliar e enfrentar os problemas do transporte por estes dois rios, que ajudariam a baixar os custos da saída de produção das províncias do nordeste da Argentina.
O governador da província de Santa Fe, Miguel Lifschitz, foi o antiftrião do encontro, que foi realizado na província de Rosário e serviu para definir uma das prioridades, como aumentar a abrangência da hidrovia de Santa Fe até o norte.
Os governadores do Chaco (Domingo Peppo), Corrientes (Ricardo Colombi) e o vice-governador de Misiones (Oscar Herrera Ahuad) foram convidados para "juntar" capital político para demandar ao governo nacional de Maurício Macri que tenha mais atenção para o caminho norte da hidrovia, que vai de Santa Fe até o Paraguai.
A comparação de custos faz com que o transporte por essa via fluvial seja bem mais atrativo, mas as dificuldades logísticas e de infraestrutura complicam o aproveitamento produtivo da hidrovia em sua totalidade. Os 2800 quilômetros de extensão da hidrovia apontam distintas realidades.
"A hidrovia é uma grande estrada de água que têm vários carros até Timbúes (a 40km de Rosario), mas no norte necessita de muitas obras para cumprir o papel de integrar as províncias argentinas com custos mais favoráveis", disse Lifschitz.
Segundo um estudo da Bolsa de Comércio de Rosário (BCR), em 2015, mais de 80% dos grãos viajaram em caminhões para o porto de Gran Rosario, 15% viajaram pela estrada de ferro e 1% apenas foi transportado em navios.
Jorge Metz, subsecretário de Portos e Vias Navegáveis da Argentina, considerou que "o Governo Nacional está comprometido com a baixa de custos e a hidrovia é fundamental para que isso aconteça".
A situação da hidrovia não é fácil ao longo dos 2800km navegáveis em águas argentinas. Na rota, há diferentes realidades. Uma é a situação dos portos do sul e outra, os portos do norte. Nos portos de Gran Rosario, de onde sai 75% das exportações agropecuárias, há 34 pés de água, onde podem entrar os navios oceânicos ao terminal. Agora, estão exigindo que o projeto seja de 38 pés.
De Santa Fe ao norte, há apenas 10 pés e o transporte fluvial apenas é apto para pequenas embarcações, que pertencem em 93% à Marinha Mercante Paraguaia.
No Brasil
O projeto da hidrovia, originalmente, prevê a construção de centenas de obras de intervenção pontuais de dragagens em diversos pontos do leito dos rios, encontrando resistência de vários órgãos ambientais.
Em outubro, o governador do Mato Grosso, Pedro Taques, se reuniu com o ministro das relações exteriores, José Serra, para debater a hidrovia. As atividades no Porto de Cáceres deverão trazer desenvolvimento direto para 10 municípios das regiões sudoeste e oeste do estado.
Conforme o governador, há 26 anos foi assinado o decreto para a criação da Zona de Processamento e Exportação (ZPE) de Cáceres, porém ela saiu do papel somente este ano devido a atuação da atual gestão.
O deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT) também voltou a defender na Câmara a implantação da hidrovia Paraná-Paraguai - projeto de muitos anos que, segundo ele, representa reforço da integração sul-americana, aumento da competitividade de produtos nacionais, atração de investimentos estrangeiros e incentivo ao desenvolvimento regional.
Desde a década de 80 já foram feitas várias tentativas de ampliar a capacidade de navegação da bacia do rio Paraguai, que atravessa o Pantanal Mato-grossense, mas a utilização plena da hidrovia continua em aberto. Conforme Carlos Bezerra, se efetivada, ela reduziria entre 40% e 60% o custo da movimentação de cargas de grãos e minérios.
Barbosa defende a criação de uma autoridade supranacional responsável por todos os aspectos relacionados ao transporte na hidrovia, advertindo que chegou o momento de os cinco países interessados darem passos efetivos para a concretização do empreendimento.
A hidrovia começa em Cáceres, no Mato Grosso e vai até a cidade de Nova Palmira, no Uruguai.
Com informações do La Nación