Embarcador sugere bolsa de frete rodoviário visando convencer caminhoneiro
SÃO PAULO (Reuters) - Os embarcadores de carga, especialmente aqueles que trabalham com produtos agrícolas, mantiveram sua posição contrária ao tabelamento do preço do frete de caminhões e vão sugerir, em reunião com caminhoneiros e governo, neste mês, a criação de uma bolsa de fretes para dar transparência ao setor.
O tabelamento do preços de frete é uma das principais reivindicações dos caminhoneiros, que paralisaram o tráfego em dezenas de rodovias ao final de fevereiro, afetando o transporte de commodities agrícolas e manufaturados, com impacto na economia.
Segundo documento obtido pela Reuters nesta quinta-feira, a criação de uma bolsa de fretes facilitaria a contratação de motoristas pelo país, dando transparência a um setor com muitos caminhoneiros trabalhando sem receber o suficiente para fazer frente aos seus custos, em meio à grande oferta de veículos após um programa de compra de caminhões a juros subsidiados.
A bolsa de fretes também poderia evitar a ociosidade do chamado frete de retorno.
O governo marcou para o dia 22 de abril uma nova reunião com empresários e caminhoneiros sobre o pleito dos motoristas relativo ao preço do frete.
Os usuários embarcadores de cargas, representados pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Cargas (Anut) e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), estão convencidos de que "o tabelamento de fretes não é solução para as dificuldades do setor na atual conjuntura".
"O tabelamento de fretes, além de ser inconstitucional, porque contraria a livre concorrência e a livre iniciativa, somente criaria rigidez e geraria aumentos de preços dos produtos, o que elevaria a inflação e causaria a perda de competitividade das exportações", defende o documento.
Os representantes de usuários embarcadores defendem a redução dos custos dos transportadores autônomos e das empresas transportadoras de cargas como forma de resolver o impasse, sugerindo eliminação da incidência de PIS, Cofins e Cide sobre diesel e biodiesel, algo difícil no momento em que o governo busca garantir fontes de arrecadação.
(Por Roberto Samora)