Importação e desaceleração da demanda derrubam preço dos lácteos
A ampliação da oferta e a desaceleração da demanda derrubaram os preços dos produtos lácteos em outubro, apontou levantamento do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Paraná (Conseleite-PR), em reunião virtual promovida nesta terça-feira (17). O setor vinha em quatro altas consecutivas até setembro – quando os preços chegaram aos maiores valores reais da história –, mas o movimento perdeu força e recuou. A queda aferida agora atingiu quase todos os produtos, inclusive os queijos. O preço de referência de outubro foi de R$ 1,8136, para o leite entregue em outubro e a ser pago em novembro: queda de 7,34% em relação a setembro.
O mercado interno foi afetado pela oferta, ampliada pelas importações de produtos lácteos, que saltavam de US$ 28 milhões em junho para US$ 71 milhões em setembro. No mesmo período, a captação de leite também aumentou, saindo dos 203 para os 230 pontos no índice de captação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O maior volume do produto disponível no mercado interno afetou a relação oferta/demanda, contribuindo para o recuo dos preços dos lácteos.
“Preço, fundamentalmente, é o equilíbrio entre a oferta e a demanda. Por um lado, as importações ampliaram a oferta, em um período em que já era esperado o aumento da produção interna. Por outro, os preços já vinham num patamar elevado, o que começava a assustar o consumidor. A inflação dos alimentos tende a ter esse efeito, de afugentar temporariamente o consumidor, observou o professor José Roberto Canziani, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), um dos pesquisadores do Conseleite-PR.
Neste contexto, o Conseleite-PR decidiu adiar a projeção para o fim do mês de novembro, que será apresentada em reunião extraordinária no dia 27. Isso porque os indicativos da segunda quinzena de novembro apontam para uma possível recuperação em relação aos primeiros 15 dias do mesmo mês.
“Esperávamos uma queda, mas não desta proporção. Então, a nossa preocupação fica agravada e ficamos de olho em como o mercado vai se comportar”, observou Ronei Volpi, vice-presidente do Conseleite-PR e presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da FAEP.