Preço do leite em alta minimizou o impacto do aumento nos custos de produção
As fortes altas no preço do leite pago ao produtor nos dois últimos pagamentos favoreceram a margem da atividade, mesmo com os aumentos nos custos de produção.
Considerando a média nacional ponderada, calculada pela Scot Consultoria, o incremento neste período foi de 13%. No acumulado do ano, a cotação do leite está 14,9% maior.
Os custos de produção subiram neste ano, mas não acompanharam o avanço observado nos preços do leite pago ao produtor.
Segundo o Índice de Custos de Produção de Leite da Scot Consultoria, os custos aumentaram 7,6% frente ao início do ano. Mas, no período referente aos dois últimos pagamentos do leite ao produtor, os custos caíram 0,3%.
Na comparação feita ano a ano, os preços ao produtor estão 16,1% maiores e o custo de produção subiu 15,9%.
Na figura 1 apresentamos as variações dos preços do leite (média nacional), custo de produção e a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2020.
A cotação do leite superou a inflação, exceto no pagamento de maio (referente à produção de abril), quando a demanda caiu fortemente por causa da pandemia, pressionando para baixo o mercado do leite.
A partir de então, o consumo dos lácteos melhorou, provavelmente estimulado pelo auxílio emergencial. Esse fator e a menor produção no campo, permitiu que as cotações do leite e derivados ganhassem força.
Com isso, em julho, a margem da atividade leiteira (base 100 em janeiro/20), ficou em 20,9%, e foi a melhor desse ano. Observe que de janeiro a junho, as variações no preço do leite ao produtor ficaram abaixo das variações do custo de produção.
Figura 1.
Variação do preço do leite (média nacional), custo de produção e IGP-DI, em 2020. Base 100 = janeiro de 2020.
Fonte: FGV / Scot Consultoria
Custo de produção – com que se preocupar
Os alimentos concentrados, com destaque para o farelo de soja e para o milho, têm forte participação no custo de produção, principalmente na seca, quando a exigência de suplementação é maior.
O câmbio, fator importante na precificação desses insumos, precisa ser monitorado.
Outro ponto importante, são os preços dos fertilizantes, que subiram com a desvalorização do Real e por causa da maior demanda em função do próximo plantio da safra de verão.
Veja na figura 2 as variações nos preços dos insumos, câmbio e Indice Scot Consultoria de Custo de Produção do Leite, considerando janeiro de 2020 como base 100.
Figura 2.
Variação da cotação do milho (Campinas-SP), farelo de soja (São Paulo) e dólar e do índice do custo de produção da pecuária de leite. Base 100 = janeiro de 2020.
Fonte: Banco Central do Brasil / Scot Consultoria.
Expectativas para os próximos meses
Com o cenário de preços firmes para o milho, farelo de soja e fertilizantes, as despesas com alimentos concentrados e adubos aumentaram pressionando o custo de produção.
O aumento da exportação de milho, o consumo interno, e a comercialização antecipada dessa safra, que diminuiu a pressão de baixa por causa da colheita, são os fatores que contribuem com esse quadro.
No caso do farejo de soja, a maior concorrência pela soja em grão por causa da menor disponibilidade (entressafra), associado à demanda interna aquecida e às exportações com bom desempenho ditam o ritmo de alta para o grão e refletem diretamente nos preços do farelo.
Em relação aos preços do leite ao produtor, a expectativa é positiva com o suporte da boa demanda por lácteos em função da menor oferta de leite cru. Com isso, a tendência é de preços firmes para os pagamentos de agosto e setembro, o que deve aliviar o custo de produção.
O quadro favorável para os preços dos principais alimentos concentrados para os próximos meses e para 2021, demanda uma boa estratégia para garantir a compra desses insumos de forma a otimizar a margem da atividade.
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