Nova ameaça aos pomares paulistas

Publicado em 11/01/2010 07:42
Desta vez não são as doenças, mas a suspensão de trabalhos para controlá-las

Motivo de preocupação para os produtores paulistas de laranja de São Paulo nas últimas semanas, a expectativa de que o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) abandone os trabalhos de inspeção e erradicação de pomares com doenças no Estado deverá mesmo ser confirmada.

São Paulo, que reúne o maior parque citrícola do mundo, representa mais de 80% da produção brasileira da fruta e alimenta as exportações brasileiras de suco, que dominam também cerca de 80% do mercado internacional.

Procurado, o fundo, mantido por meio de contribuições voluntárias de produtores de laranja e indústrias de suco (R$ 0,10 por caixa de 40,8 quilos da fruta), informou, em nota, que está em discussões para "novos planos de ação e estratégias de atuação para o ano".

Mas o Valor apurou que a decisão de brecar os trabalhos, tomada pelo conselho do fundo em reunião de 27 de dezembro, não deverá ser anulada. "Agora é cada um por si", disse uma fonte. Cerca de 1,5 mil técnicos serão demitidos.

Em 2009, conforme balanço disponível na página do Fundecitrus na internet, houve fiscalizações em 229 municípios, envolvendo 5,397 propriedades, quase 51 milhões de plantas e pouco menos de 29 mil talhões. Não há uma medida determinada para cada talhão, mas tradicionalmente calcula-se que, em média, cada talhão reúna 2 mil plantas.

Os trabalhos de inspeção e erradicação dos pomares paulistas foi intensificado nos últimos anos por causa da doença conhecida como greening, de fácil disseminação e elevado poder destrutivo. Estima-se no mercado que mais de 5 milhões de pés de laranja tenham sido arrancados por causa do mal.

Para observadores desse mercado, a suspensão desses trabalhos do Fundecitrus é o auge melancólico das disputas entre citricultores e indústrias, que costumavam ficar mais restritas às disputas de preços. Eles lembram que em 2009 os preços pagos pelas indústrias aos produtores ficaram, em média, aquém dos custos de produção, o que teria reduzido as contribuições e irritado as indústrias.

Resta, agora, apelar aos governos estadual e federal para que estes colaborem para a formação de uma força-tarefa capaz de dar prosseguimento aos trabalhos. O primeiro capítulo desta tentativa de retomada deverá ser escrito no dia 18, quando haverá uma reunião de representantes da cadeia com o secretário da Agricultura de São Paulo, João Sampaio.

"A grande vantagem de contar com o Fundecitrus é justamente não depender de orçamentos e ações dos governos". Se depender da decisão do fim do ano passado, agora só haverá levantamentos.

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Fonte: Valor Econômico

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