Furacão Irma: perdas para os citrus no Sul da Flórida chegam a 70%; demais danos ainda devem ser avaliados
As frutas e os vegetais da Flórida sofreram com a incidência do Furacão Irma sobre o estado norte-americano. A indústria de citrus, que já vinha passando por problemas, sofreu um grande golpe.
O Furacão estava classificado na categoria 4 quando atingiu o estado na semana passada, passando pela costa oeste do estado.
"O maior impacto do Irma foi na nossa indústria de citrus", disse Lisa Lochridge, diretora de relações públicas da Florida Fruit & Vegetable Association. "O principal problema é que os ventos excessivos arrancaram as frutas das árvores. Entretanto, os danos nas árvores não foram tão grandes, o que é bom para os produtores a longo prazo".
Porém, uma grande quantidade de pomares foi inundada e levará tempo para toda esssa água ser bombeada para fora. A água parada nos bosques pode aumentar a chance de doenças nas raízes.
A colheita estava prevista para começar em novembro. Agora, o estado deve colher números muito menores.
"A estimativa de danos varia de acordo com a área atingida. Os danos no sul da Flórida são os mais severos. De acordo com relatórios de campo, há cerca de 50% a 70% da safra perdida no Sul da Flórida, dependendo da região", disse Lochridge.
As perdas são menores ao norte do estado. Contudo, a representante disse que ainda vai levar um tempo para que a perda total seja avaliada.
Em outras culturas, como tomates e morangos, houve danos em campos que estavam prontos para receber a safra, com revestimento de plástico e sistemas de irrigação.
Assim, Lochridge destaca que a safra de tomate deve ser menor na primeira parte de novembro, mas que o volume deve aumentar e o mês de dezembro virá sólido. Os morangos, por sua vez, devem crescer rapidamente e serem colhidos no tempo correto.
"Uma grande preocupação dos produtores é encontrar mão de obra disponível para ajudá-los em seus esforços de recuperação. A oferta está muito apertada", finalizou.
Estimativas dos meteorologistas
"A maioria das laranjas e das toranjas não estavam preparadas para a colheita", disse Brad Rippey, meteorologista do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). "Então uma boa quantidade de frutas verdes deve ter sido arrancada das árvores pela tempestade".
Embora o Irma tenha se deslocado para o oeste, Rippey disse que os ventos eram fortes o suficiente para atingir até mesmo algumas áreas de citrus da costa leste.
A Flórida ocupa o segundo lugar na produção de suco de laranja, perdendo apenas para o Brasil, mas em termos de toranja, representa mais da metade da produção dos Estados Unidos, de acordo com o USDA. O estado também planta tangerinas e outros cítricos especiais.
"Quase todas as áreas cítricas viram picos de rajadas de vento muito intensos", disse Joel Widenor, meteorologista e co-fundador do Commodity Weather Group. Widenor estima que as perdas foram de 10% a 20%, além de apontar também para a perda de 10% da safra de cana-de-açúcar da Flórida. O estado produz cerca da metade da cana dos Estados Unidos.
Mesmo assim, Widenor disse que as coisas poderiam ter sido muito piores do que foram para os produtores. Ele estima que as perdas de 10% para as laranjas já foram vistas em tempestades passadas, enquanto perdas de 20% a 30% são possíveis para as toranjas.
Tradução: Izadora Pimenta