Quinzena da Citricultura, por Paulo César Biasioli
ÁGUA NA FRUTA; no primeiro trimestre deste ano sentimos um aumento de 30% a 60% no volume de chuvas entre no Estado de São Paulo. Assim como na safra em finalização, os rendimentos dos cítricos para a safra que se iniciará em junho/16 deverão ser baixos. Isto quer dizer que, no lugar de uma caixa gerar 4 kg de suco concentrado (FCOJ 66° brix), neste ano poderá produzir algo como 3,5 kg! Num parâmetro mais conhecido, para produzir mil kg de FCOJ serão necessária 285 cxs, mais ou menos.
EXPORTAÇÃO DE SUCO notada no mês passado não tem diretamente efeito de consumo, ou seja, o fato exportar mais não significa que estão consumindo mais! Isto ocorre devido a efeitos de logísticas tais como, retorno de navios, movimentações de estoque e reposições. Para a Europa normalmente um navio, entre operação de cargas, descargas, ida e volta e operações em portos, demanda entre 33 e 38 dias daí em alguns meses do ano são carregadas maiores quantidades que em outros.
PERSPECTIVAS RECENTES publicadas pelo Rabobank para a citricultura apontam alguns pontos os quais merecem ser destacados:
- Contínuas reduções dos pomares americanos compensarão a queda de demanda local e assim irão nos favorecer, Safra 16/17 repete o rendimento baixo (como citamos acima) que certamente reduzirão a oferta de suco,
- Demanda estável na Europa,
- Projeção na manutenção da desvalorização do Real,
- Mesmo com preços melhores pagos pelas indústrias, ainda o pequeno e médio produtor permanecerá com baixa capacidade de reação.
Muita lógica!
NO FIM, como sempre, prevalece aquela equação de produzir mais, gastar menos e vender bem. Em resumo, luz verde para quem tiver: propriedade de média para grande, produtividade alta, custos controlados, cultivos, tratos e variedade certos, contrato em dólar, com dólar alto. Nada novo nesta equação.
O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO responde atualmente por 24% do PIB nacional, por 40% das exportações e por 30% dos empregos do país. Dos 24% do agro-PIB, 65% está fora da porteira, ou seja, apenas 8,4% dele passa pelas nossas propriedades. É preciso que o produtor cresça e aumente seu pedaço na fatia; o setor precisa de maiores prazos para pagamentos de seus custeios, menores custos de produção, seguros efetivos de safras e maior previsibilidade econômica.
NOS PRÓXIMOS QUINZE DIAS, esperamos uma situação em Brasília mais produtiva e menos tensa. As coisas lá precisam melhorar (e muito) para que o Brasil retome sua rota e possamos trabalhar em paz. Não merecemos ver o que estamos vendo e vivendo. A classe política precisa ser mais republicana e responsável. Estes engodos dos últimos 12 anos não podem voltar a acontecer, uma nação moderna não pode ter o que temos, espero que as mudanças logo ocorram, para o bem de todos e felicidades geral da nação!