Emater-MG testa cultivo de batata-inglesa no Vale do Jequitinhonha

Publicado em 10/10/2024 10:37
Unidade Demonstrativa de batata-inglesa em Capelinha tem resultados promissores

A batata-inglesa é uma das hortaliças mais consumidas no mundo e costuma não faltar também na mesa dos brasileiros. Nas escolas, o produto também é bastante usado na merenda escolar, sendo preparado de diversas formas. Visando atender o mercado do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), a equipe do Unidade Regional da Emater-MG (Uregi) de Capelinha implantou uma unidade demonstrativa da cultura no município, localizado no Vale do Jequitinhonha, para testar o cultivo do alimento na região e os resultados já se mostram bastante promissores.

O coordenador regional de Culturas, José Mauro de Azevedo, comenta que a região não tem produção de batata-inglesa, mas a procura pelo alimento nas escolas locais é grande. “A ideia de produzir batata foi uma necessidade de diversificar os produtos da agricultura familiar para a entrega do PNAE. A gente tem uma demanda muito grande das escolas e vimos a possibilidade da agricultura familiar produzir a batata, incrementando assim a lista de produtos que são entregues para a merenda escolar”, explica.

Para estimular o cultivo da batata inglesa na região, a equipe local da Emater-MG realizou um dia de campo para produtores com o tema, no fim de setembro, na Unidade Demonstrativa, instalada na comunidade Santa Cruz, em Capelinha. A programação contou com palestras sobre o cultivo de batata – ministrada por José Mauro, e um relato do extensionista local, Ednardo Antônio Fernandes, sobre a condução e manejo da Unidade Demonstrativa.

Resultados promissores

Após as palestras, foi feita a colheita, pesagem e avaliação das batatas, de acordo com a classificação padrão de mercado. José Mauro aproveitou a oportunidade para orientar os agricultores sobre os procedimentos para o preparo das batatas-semente para novo plantio. “Os resultados da unidade demonstrativa superaram muito as nossas expectativas. Os agricultores ficaram satisfeitos, tanto com a produção como com a qualidade do produto, pois foram produzidas batatas de bom tamanho. Acredito que o plantio da cultura será replicado, pois houve um interesse grande dos agricultores presentes. Creio que, em breve, esses produtores estarão atendendo a demanda das escolas de Capelinha com a produção da batata”, ressalta o coordenador da Emater-MG.

A produtividade atingida na unidade demonstrativa de batata superou as 30 toneladas por hectare e não foi registrada a incidência significativa de doenças, sendo que a Mosca-branca, um das pragas de maior risco para a cultura no Brasil, foi combatida com uso de caldas alternativas e controle biológico. “Plantamos a batata em junho, numa área irrigada, e em setembro foi a colheita. Todo o manejo foi feito sem defensivos. Outra vantagem é que a batata usa pouca água, o que para nossa região, que é seca, é muito bom”, argumenta José Mauro.

Cultivo agroecológico

Para evitar pragas e manter a qualidade do produto, a proposta da equipe local é que a produção de batata ocorra sempre no período mais seco do ano e seja uma segunda cultura para os produtores de hortaliças locais. “Era um sonho que eu tinha, mas eu não conseguia uma muda de qualidade. Agora veio essa oportunidade com a ajuda da Emater-MG. A lavoura produziu bastante e pelos bons resultados creio que vai dar certo na nossa região. Toda a batata que eu colhi e conseguir fazer muda, eu vou plantar de novo”, afirma o produtor José Antônio Pinheiro, dono do área da Unidade Demonstrativa.

No dia de campo, a coordenadora regional da Emater-MG, Dulce Arantes, e a extensionista Nágila Salman também deram uma oficina de produção de picles, abordando o  aproveitamento das batatas de tamanho menor para agregação de valor ao produto.

Em 2023, a área total cultivada com batata em Minas Gerais aumentou 7,8% em comparação a 2022, alcançando 38,8 mil hectares, sendo novamente impulsionada pelo crescimento contínuo da indústria de pré-fritas. Já a produção chegou a 1,4 milhão de toneladas. O sólido crescimento deste segmento tem desestimulado os produtores a ampliarem a área destinada ao mercado de mesa, apesar da rentabilidade positiva nos últimos cinco anos.

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Emater-MG testa cultivo de batata-inglesa no Vale do Jequitinhonha
Abertura dos mercados da União Econômica Eurasiática (UEEA) para amêndoas de cacau
Em Pérola, noroeste do Paraná, produtores de acerola se organizam para obter selo de Indicação Geográfica
Alta valorização persiste no mercado do cacau, que olha para estoques globais como principal preocupação
Setor produtivo debate ações de monitoramento e erradicação da monilíase do cacau
HF Brasil/Cepea: Balança comercial de frutas e hortaliças está negativa, mas pode fechar positiva em 2024