Recebimento de cacau nacional no mês de agosto tem queda de 47,7%

Publicado em 15/09/2022 14:52 e atualizado em 15/09/2022 16:10
Frente ao mês de julho, o volume recebido passou de 20.428 toneladas para 10.689 toneladas.

O volume recebido de amêndoas nacionais sofreu um recuo de 47,7% no mês de agosto frente ao recebido em julho, passando de 20.428 toneladas para 10.689 toneladas. Na comparação de agosto desse ano com o mesmo mês no ano anterior, também houve uma queda de 46,5%, já que no mês de agosto de 2021 o volume recebido foi expressivamente superior do verificado em 2022, com 19.993 toneladas. “Com o fim da safra temporã já se esperava uma redução no volume recebido pela indústria, no entanto essa queda foi maior do que a de 2021. A expectativa para os próximos meses é que essa redução em relação ao ano de 2021 continue ocorrendo, visto que 2021 teve uma produção acima da média dos últimos anos”, explica a diretora-executiva da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de cacau (AIPC), Anna Paula Losi. Entretanto o acumulado dos oito primeiros meses de 2022, ainda apresenta um crescimento, se comparado com o ano anterior, de 4,2% de acordo com os dados compilados pelo SindiDados – Campos Consultores e divulgados pela AIPC. No período, foram recebidas 138.295 toneladas de amêndoas, ante 132.680 toneladas no mesmo período de 2021. Segundo Anna Paula “até o final do ano acredita-se que o acumulado ficará próximo ao volume do ano passado”.

Entre janeiro e agosto de 2022 a moagem de amêndoas ficou em 145.659 toneladas, um recuo de 2,3% em relação às 149.079 toneladas do mesmo período anterior. Na comparação entre julho e agosto, o volume processado caiu 0,96%, passando de 19.883 para 19.693 toneladas. Na comparação com agosto de 2021, houve um crescimento de 8,4%, já que o volume processado no mesmo mês do ano anterior foi de 18.165. “A indústria está com uma demanda estável neste ano e isso reflete-se na moagem, que neste ano deve ficar próxima do volume de 2021. No entanto, para os próximos anos existe grande possibilidade de crescimento, já que tem se visto uma melhoria contínua da economia do país” pondera Anna Paula.

De janeiro a agosto as importações de amêndoas também recuaram em comparação ao mesmo período de 2021: foram 11.034 toneladas recebidas, ante 45.757 toneladas. O volume importado de janeiro a agosto é o menor dos últimos quatro anos. “A importação de amêndoas ainda é necessária já que a produção nacional não atende as demandas da indústria nacional, pois sem esse cacau a indústria operaria com um cenário de ociosidade insustentável. O que esses números demonstram é que conforme a safra local melhora há uma redução gradativa do volume importado. A indústria está comprometida com a cacauicultura nacional e por isso prioriza a aquisição de amêndoas localmente”, aponta Anna Paula.

As exportações de derivados, que atendem principalmente os mercados dos Estados Unidos, Argentina e Uruguai também recuaram no acumulado do ano, passando de 36.901 toneladas em 2021 para 33.170 toneladas nesse ano, queda de 10,1%. A diretora da AIPC informou que com a crise na Argentina a exportação dos derivados está sendo impactada.

Recebimento por estado

O recebimento de amêndoas por estado teve como destaque o volume enviado pela Bahia, de 86.707 toneladas no acumulado deste ano, recuo de aproximadamente 6,6% em relação às 92.860 toneladas de 2021, em seguida veio o Pará com 46.018 toneladas, cujo volume cresceu 29,5% em comparação às 35.538 toneladas do mesmo período de 2021, seguidos por Espírito Santo com 4.122 toneladas ante 2.988 toneladas, alta de 37,9% e Rondônia com 1.136 toneladas ante 1.258 toneladas, queda de 9,7%. Na comparação entre julho e agosto, o recebimento de amêndoas foi inferior em todos os quatro estados. De todo modo entre as quatro principais regiões a Bahia continua apresentando o maior valor de entregas para indústria, 8.262 toneladas, frente a 2.427 das demais regiões.

Análise do mercado internacional

De acordo com o analista da StoneX, Caio Santos, no decorrer de agosto, o contrato programado para o mês de dezembro acumulou 44 pontos em relação ao último pregão de julho, encerrando cotado a U$2.413. O cacau negociado em Nova York com vencimento em dezembro de 2022 oscilou com intervalo de 155 pontos, entre a mínima de U$2.314 e a máxima aos U$2.469. “Apesar das variações das cotações, em grande parte do mês os preços operaram lateralizados, com as negociações flutuando próximas ao patamar dos 2400”, afirmou.

Santos explica ainda que os movimentos dos preços refletiram muito o contexto macroeconômico em razão de desdobramentos do mercado de cacau em si, com economias como EUA, Europa e China em foco no período. “Com a manutenção da crise energética, a contínua elevação dos juros e a redução das vendas no varejo nas três regiões, os preços demonstraram dificuldades em voltar a patamares mais elevados”, e acordo com o analista, ainda que tenham sido contidos pela redução da oferta de amêndoas em decorrência do final da safra 21/22.

Diante desse cenário, agosto foi um mês com negociações significativamente congestionadas, demonstrando um volume de operações relativamente em linha com a média anual, tendo ficado ligeiramente acima por conta das rolagens entre as telas de setembro e dezembro.

Fonte: AIPC

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