Projeto pode melhorar a produção de mandioca no Piauí
Um projeto de pesquisa pode mudar em poucos anos o perfil da produção e da qualidade da mandioca (Manihot esculenta) no Piauí. A largada para a construção e execução do trabalho foi dada esta semana, em Teresina, com uma reunião técnica entre gestores da Embrapa Meio-Norte, pesquisadores, analistas, técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e dirigentes da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (ABIP).Estas instituições, além do Sebrae e da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas/Ba), viabilizarão esse projeto piloto.
Ficou decidido que a princípio as ações vão alcançar a grande Teresina, região que reúne 13 municípios do Piauí e mais Timon, no Maranhão. A região ocupa uma área de 11,3 mil quilômetros quadrados e tem quase dois milhões de habitantes, segundo o IBGE. No total, 13 municípios representam 37% da população piauiense. “A demanda por fécula de mandioca para alimentar a indústria da panificação é grande na região, mas faltam organização do mercado e qualidade no produto”, revelou Clerton Soares Batista, dirigente da ABIP.
A ideia do projeto, segundo a engenheira de alimentos Clécia Carneiro, que representou o Senai na reunião, “é criar um padrão de qualidade e boas práticas de produção e manipulação da mandioca em toda a cadeia produtiva”. Ela lembrou que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial “tem forte” tradição no trabalho com as boas práticas no ensino da industrialização.
"Há tecnologias na prateleira para melhorar a produção e a qualidade da mandioca”, disse o experiente analista de transferência de tecnologia José Câmara. Segundo ele, a mandioca responde muito bem à adubação orgânica, mas não há tantos insumos. "Temos potencial e condições de dobrar a média histórica desde que haja ação", completou.
Além do chefe-geral da Embrapa Meio-Norte, Anísio Lima Neto, que sugeriu a criação do projeto piloto, participaram do encontro dos gestores de Pesquisa e Desenvolvimento, Kaesel Damasceno, o de Administração e Finanças, Paulo Fernando Vieira; e os pesquisadores Bruno Souza, Henrique Antunes, Raimundo Bezerra, José Almeida e Jorge Hashimoto.
Na dieta dos indígenas
Com origem na própria América do Sul, a mandioca é fonte de cálcio, magnésio, fósforo, portássio e vitamina C, além de ser rica em carboidratos. No Brasil, antes mesmo da descoberta pelos portugueses, ela já era consumida em grande escala pelos índios juntamente com o milho e o feijão. Hoje, a mandioca alimenta cerca de 700 milhões de pessoas em todo o mundo, além de animais.
Em 2020, mesmo com a pandemia do coronavírus, que atropelou e enfraqueceu a atividade agrícola em todo o mundo, o Piauí conseguiu ainda produzir 444 mil toneladas de mandioca, segundo o IBGE. O Estado é o quarto no ranking da produção, ficando atrás da Bahia, Ceará e Alagoas. O município de Caldeirão Grande, a 434 quilômetros ao sul de Teresina, é o que mais produz mandioca.