Rio Grande do Norte tem 20 municípios reconhecidos como livres da mosca das frutas
Oestado do Rio Grande do Norte já conta com 20 municípios reconhecidos como área livre da mosca das frutas (Anastrepha grandis), após a validação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) da expansão da Área Livre da Praga (ALP). O estabelecimento e reconhecimento oficial de uma ALP é condição essencial para que os produtos brasileiros acessem mercados internacionais para os quais a praga está ausente e apresenta importância econômica.
Os municípios que agora fazem parte da área livre de Anastrepha grandis do Rio Grande do Norte são: Mossoró, Tibau, Grossos, Areia Branca, Serra do Mel, Baraúna, Assú, Afonso Bezerra, Alto do Rodrigues, Ipanguassu, Porto do Mangue, Upanema, Apodi, Gov. Dix-Sept Rosado, Felipe Guerra, Caraúbas, Macau, Pendências, Jandaíra e Pedro Avelino.
Para o superintendente Federal de Agricultura no RN, Roberto Carlos Razera Papa, a ampliação oportuniza a expansão de negócios, emprego e renda no estado. “Além dos programas de exportação já em curso para o Mercosul, América do Norte e China, outros países do eixo asiático já demonstraram interesse no melão produzido sem risco fitossanitário para A. grandis, evento celebrado com grande alegria e confiança dos produtores nos trabalhos que há três décadas vem sendo coordenado de forma exitosa pelo Departamento de Sanidade Vegetal do Mapa do estado potiguar”, comemora.
O Brasil é o terceiro produtor mundial de frutas, com produção anual em torno de 40 milhões de toneladas, sendo que somente cerca de 3% dessa produção é exportada. Em maio deste ano, o Mapa publicou a Portaria nº 305, que reconhece a expansão da área livre da praga mosca das frutas nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte.
O reconhecimento é resultado do trabalho coordenado pelo Departamento de Sanidade Vegetal, Divisão de Defesa Agropecuária, Serviço de Inspeção, Fiscalização e Sanidade Vegetal, da Superintendência Federal da Agricultura do Rio Grande do Norte (SFA-RN) e do qual participaram ativamente o Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do Rio Grande do Norte (Idiarn), Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex), Universidade Federal Rural do Semi-Árido Rio Grande do Norte (Ufersa) e toda a classe produtora e exportadora de melão do Rio Grande do Norte.
Histórico
A Área Livre da Praga da mosca das frutas foi reconhecida pelos EUA na década de 90 com apenas dois municípios do RN, Mossoró e Apodi. Em 2008, se expandiu para 13 municípios do RN e sete no Ceará. Atualmente, é reconhecida pelos EUA, Chile, Argentina, Uruguai e China, com importantes programas de exportação de melão e melancia.
O ex-delegado Federal de Agricultura no RN e auditor fiscal federal agropecuário Evádio Pereira, cuja gestão iniciou o projeto ALP A. grandis na década de 90, lembra que o trabalho no estado começou com análises fitossanitárias de melão, amostras e cortes, armadilhas e monitoramento na área tampão das matas que circundava os campos de produção, para verificar se havia hospedeiros da praga.
“Depois da apresentação de um relatório de três anos dessa experiência inovadora, solicitaram ao Ministério da Agricultura o reconhecimento da área livre”, conta. Após negociação com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), houve a certificação internacional. “Este fato abriu as portas para experiências na exportação dos melões para os EUA e, posteriormente para outras culturas como a banana e a manga, que não possuem hospedeiros para a praga”.
Parceria com produtores de frutas
Para o presidente da Agrícola Famosa, Luiz Roberto Barcelos, a expansão é um patrimônio de valor inestimável para a região. “Vai nos permitir ampliar nossos produtos para países que exigem que a fruta do melão seja de origem de uma área livre da mosca das frutas, como é o caso do recente mercado aberto da China, assim como da Argentina, do Chile e dos Estados Unidos, incluindo aí também os mercados que estamos em vias de abrir como é o caso do Vietnã e das Filipinas”, diz Barcelos, que também é ex-presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas).
Ele também destaca que a expansão dessa área existente vai permitir aos produtores de frutas tropicais do Rio Grande do Norte exportarem mais, gerarem mais empregos, distribuírem mais renda e reduzir a pobreza do semiárido nordestino, principalmente na região de Mossoró e da Chapada do Apodi.
“Devemos comemorar muito este fato porque ele vem de um trabalho sério, comprometido, de qualidade e que demonstra aos órgãos de defesa agrícola desses países a segurança de que nossos produtos estão sendo exportados sem a presença de larvas da Anastrepha grandis. Foi uma grande conquista que conseguimos com o apoio do Mapa”.