Pesquisa inédita identifica três variedades de acerola para cultivo na Alta Paulista
Pesquisa paulista identifica três variedades de acerolas ideais para serem cultivadas na Alta Paulista, região que congrega boas condições de clima para a produção da fruta, além de agroindústria de polpas, voltadas à comercialização. O trabalho foi desenvolvido por pesquisadores da APTA Regional e pelo Instituto Agronômico (IAC-APTA), instituições ligadas à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, além da colaboração de estudantes da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade do Oeste Paulista (Unoeste).
Após avaliação criteriosa de sete variedades de acerola, cultivadas em pomar experimental instalado no Polo Regional de Adamantina da APTA desde 2006, os pesquisadores identificaram que as mais indicadas para as condições de clima e solo da Alta Paulista são as variedades Olivier, Apodi e Frutacor. “A variedade Olivier seria a primeira opção para as condições de clima e solo da região e, preferencialmente, deveria ter maior proporção de área de implantação do pomar comercial de acerola”, afirma Mauricio Dominguez Nasser, pesquisador da APTA Regional de Adamantina.
O pesquisador explica que apesar dos esforços científicos em caracterizar frutos de acerolas na sua qualidade, poucos estudos avaliam as variedades no aspecto da produtividade. Nesse sentido, a nova pesquisa apresentou resultados inéditos relacionados à produtividade e características físico-químicas de variedades de acerola cultivados na região Alta Paulista.
Os resultados de produtividade demonstraram que as variedades Apodi e Frutacor, selecionadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), alcançaram valores de 22 a 25 toneladas de acerola por hectare, e a Olivier, selecionada por produtor de Junqueirópolis-SP, produziu 30 toneladas com média de 90 kg de frutos por planta. O cultivo foi avaliado em condições de sequeiro, ou seja, sem utilizar irrigação ao longo de todo o período da pesquisa.
“Desde meados da década de 90, a variedade Olivier é cultivada na região pelos produtores rurais. Atualmente, estima-se que esse material genético é o mais plantado nos pomares comerciais da Alta Paulista, porém faltava validação científica por parte da pesquisa, principalmente quanto à produtividade a campo”, explica o pesquisador da APTA Regional.
A produção e o consumo de acerola no Brasil são incentivados pela fruta ser considerada um alimento funcional com altos teores de ácido ascórbico, essencial à dieta, já que o organismo humano não sintetiza a substância. Além disso, o fruto contém significativo valor nutritivo e elevada atividade antioxidante total, o que confere poder de rejuvenescimento da pele humana.
Para o cultivo de acerola visando o mercado de mesa, consumida in natura, os pesquisadores recomendam a utilização das variedades Olivier e Roxinha. “Mais pesquisas em pós-colheita dessas frutas são necessárias. Ressaltamos ainda que a variedade Olivier se destacou pela boa produtividade, qualidade e também pela facilidade de colher os frutos da árvore quando comparado aos demais materiais genéticos”, explica o pesquisador da APTA.
Os resultados da pesquisa constam no artigo “Crop yield and physical and chemical characteristics of acerola clones grown in the Alta Paulista region, Brazil”, publicado na revista cientifica Unoeste Colloquium Agrariae. O artigo é de autoria dos pesquisadores Maurício Dominguez Nasser (APTA Regional de Adamantina), Fernanda de Paiva Badiz Furlaneto (APTA Regional de Marília), Maria Carolina Diniz Montagnoli (UNOESTE), Loyara Joyce de Oliveira (UNESP), José Carlos Cavichioli (APTA Regional de Adamantina) e Mara Fernandes Moura (IAC).
Alta Paulista tem condições ideais para cultivo e comercialização da acerola
O pesquisador da APTA Regional explica que o clima da região da Alta Paulista apresenta adequada temperatura e radiação solar para o cultivo da acerola. “A produção paulista de acerola é predominante nessa região. A cultura é viável e ótima opção para pequenos agricultores, sendo uma forma de diversificação dentro das propriedades rurais. Sem a necessidade de muitos tratos culturais, os produtores conseguem colher até 30 toneladas por hectare”, afirma Nasser.
A safra da acerola ocorre de outubro a abril e durante esse período é possível colher frutos por até 30 vezes na mesma planta. Isso porque a colheita ocorre de forma seletiva, já que nem todas as acerolas amadurecem de uma vez. “Por isso, a cultura também é interessante para gerar mão de obra no campo”, afirma.
Além das vantagens na produção, a Alta Paulista também concentra as agroindústrias que processam as frutas para produção de polpas congeladas. Segundo o pesquisador da APTA Regional, esse é o principal mercado para a acerola. “Cerca de 95% da produção é destinada para polpa congelada e suco. Alguns mercados vendem as frutas em bandejinhas, mas ainda é muito pouco”, explica.