Baixa demanda: Pequeno produtor limita colheita em 20%, trabalha apenas para custear produção e teme perder safra
Pequenos produtores da região de Jundiaí, que tinham como principal cliente Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp), em São Paulo, precisaram se adaptar às novas realidades em tempo de Coronavírus, diminuir o ritmo da colheita e trabalhar apenas para suprir os custos de produção Além da baixa da demanda na Ceagesp, a venda para supermercados também diminuiu.
Segundo Orlando Steck, presidente da Cooperativa Agrícola Nossa Senhora das Vitórias e produtor de caqui, a colheita de todos os produtores da região está limitada em apenas 20%. Ou seja, em um ano dentro de condições normais, a cooperativa estaria fazendo, por exemplo, a colheita de cerca 1000 caixas por dia e agora está limitado em apenas 200. "Nessa época eu já teria avançado para quase 60% na colheita e hoje ainda não fiz nem 10%", comenta.
A cooperativa atende a produção de caqui, uva, ameixa, pêssego, nectarina e pêssego. Steck destaca ainda que atualmente o produtor tenta manter a colheita de 20% apenas para surprir os custos de produção e sem pensar em levantar um capital para a próxima safra. Além das preocupações com o caixa, o risco de perder as frutas que ainda não foram colhidas traz ainda mais incerteza ao produtor. "No caso do caqui ainda está tudo na planta, mas se não tem consumo, podemos perder tudo", destaca.
Além da redução de quantidade que eram comercializadas para a Ceagesp, também diminiu a quantidade de ida até São Paulo. "Agora só por encomenda, a Ceagesp faz a encomenda no dia anterior e quem leva acima do que é pedido acaba jogando fora por lá", comenta. O número de trabalhadores na colheita e setor de embalagem também sofreu uma diminuição com a baixa demanda. Segundo Orlando, a cooperativa agora conta com menos colaboradores e segue mantendo as orientações de higienização para manter todos em segurança.
Na última quarta-feira (15) a Ceagesp emitiu uma atualização da situação no local, afirmando que as medidas contra o Covid-19 continuam sendo adotadas. Desde a entrada da COVID-19 e das restrições impostas no estado de São Paulo, acentuou-se ainda mais a concentração da movimentação de mercadorias às segundas, quartas e sextas-feiras. Terças, sextas-feiras e sábados diminuíram as vendas e percebe-se com muita clareza que a frequência da maioria dos compradores ficou restrita aos dias de maior oferta, ou seja, apenas 3 vezes por semana", destacou em nota oficial.
A Ceagesp destacou ainda que mesmo com a queda na demanda, os os permissionários seguem focados em manter a oferta de hortifrútis, assegurando o abastecimento regular no entreposto. Ainda segundo a Ceagesp, os volumes adquiridos por restaurantes, bares, hotéis, companhias aéreas, distribuidores, feirantes e demais segmentos afetados pelas restrições geradas pelo COVID-19 seguem abaixo do normal, mas em contrapartida, os supermercados, desde as grandes redes até os pequenos estabelecimentos localizados nos bairros, bem como as lojas de hortifrúti, aumentaram consideravelmente os volumes de compra.