Covid-19: Frutas frágeis têm queda de 60% nas exportações entre fevereiro e março

Publicado em 06/04/2020 15:13 e atualizado em 06/04/2020 15:49

Devido à pandemia do Coronavírus os números de exportação de frutas nos meses de fevereiro e março registram quedas expressivas, sobretudo para frutas mais frágeis transportadas apenas por via aérea.

Segundo Nathalie Vanegas (Especialista em exportação de Frutas brasileiras para Europa, Oriente Médio e Ásia Central pela Assessoria da  Ammana), a exportação de frutas como mamão e manga tiveram uma queda entre 50 e 60% na demanda durante esse período. "Já os cítricos e até produto como o gengibre, conheceram uma forte demanda com um aumento de preços. Esses produtos têm movimentado os mercados pela Europa, Ásia e Oriente Médio", destaca.

Com a redução de vôos, a analista destaca que as exportações de frutas frescas também estão sendo diretamente impactadas pelo Covid-19. ”Dos 10 mercados em que exportamos frutas tropicais do Brasil, todos reduziram as exportações, e por vários motivos", comenta. O principal deles é pela redução da capacidade de produção e processamento, justamente para resguardar os trabalhadores do campo e das casas de embalagens.

Entre os países que mais reduziram as exportações, estão os mais rígidos para o confinamento, entre eles está o Peru, que adotou medidas drásticas de confinamento e, por consequência, as exportações de manga, abacate e gengibre estão bastante lentas. "Outro caso é que a crise do Covid na China, maior mercado consumidor das frutas chilenas, impactou negativamente as vendas de frutas dos vizinhos aqui da América do Sul, que tiveram uma queda de 50 a 60% nas exportações", comenta.

Nathalie acredita que a partir do segundo semestre de 2020, as maiores exportações de frutas do Brasil deverão ter um aumento na demanda, sendo elas uva, melão, melancia e manga. No caso das frutas onde o período de safra e de comercialização ocorre no primeiro semestre, tal como as maçãs e o limão Tahiti, as empresas produtoras receberam uma forte demanda em fevereiro.

Empresas de maçãs, como Schio, Rasip, Fisher informaram ao mercado ter alcançado as melhores vendas no mês de fevereiro, se comparado com os anos anteriores. "Agora comentam que os containers ‘estão na água’, as vendas acontecem em um ritmo mais devagar, mas seguem acontecendo. Ainda tem movimento e as exportações não param", destaca Nathalie.

A especialista afirma ainda que em questão mercado, os preços ainda se mantêm similares aos do começo do ano. "As exceções são o gengibre e as frutas cítricas, consideradas como boas e saudáveis para melhorar a imunidade física e se afastar do Coronavírus", afirma.

Questionada sobre as questões de logísticas, que gera incerteza em todos os setores agrícolas, Nathalie afirma que os navios seguem embarcando mercadorias sem maiores problemas no momento, mas confirma que alguns atrasos estão acontecendo devido ao fechamento de algumas rotas marítimas.

Já os embarques aéreos podem trazer problemas para exportação, tendo em vista que muitos vôos foram cancelados. "O aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, é o único que está embarcando cargas e muitos exportadores têm encontrado dificuldades em reservar espaço aéreos. Bom se planejar para o momento", afirma.

Diante das incertezas quanto à evolução da pandemia do Coronavírus no Brasil e no mundo, a especialista afirma que no curto prazo é complexo prever como será a demanda mundial por certos alimentos, como as frutas. Mas, de acordo com Nathalie, é recomendado aos produtores que exportam observarem as alterações no calendário tradicional, que pode acontecer nos próximos meses.

 

Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

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