Além da Ceagesp, chuva afeta regiões produtoras de frutas no BR

Publicado em 14/02/2020 12:20

Chuvas têm ocorrido em diversas regiões do Brasil desde o início deste mês e, para algumas culturas, podem prejudicar tanto a produção quanto a comercialização de frutas. Para algumas delas, a enchente que atingiu a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) também deve refletir no mercado, como um todo.

Confira um resumo referente às oito frutas acompanhadas pelo Hortifruti/Cepea. Detalhes e atualizações ainda serão publicados nos próximos dias.

Maçã: Nos pomares do Sul, as chuvas, que não foram tão intensas nos últimos dias, têm sido benéficas à produção, visto que colaboram para que as maçãs ganhem tamanho neste momento de desenvolvimento dos frutos (em especial para a fuji). Os prejuízos, por sua vez, têm ocorrido apenas na Ceagesp, em razão das perdas causadas pelo alagamento. Mesmo assim, vale lembrar que os estoques de maçã estavam baixos no período. Como houve paralisação no entreposto, as vendas do Sul para a capital foram dificultadas, mas tendem a se normalizar nos próximos dias.

Uva: Problemas decorrentes das chuvas nas últimas semanas, especialmente rachaduras nas bagas, estão ocorrendo em todas as praças acompanhadas pelo Hortifruti/Cepea. No Vale do São Francisco (PE/BA), as perdas foram um pouco mais intensas: muitos cachos foram abortados e, dependendo da área, parreirais tombaram com os ventos. Os prejuízos ainda estão sendo calculados. São Miguel Arcanjo (SP) tem apresentado problemas com podridão negra; muitos cachos já foram comprometidos e podem continuar piorando. Outras regiões paulistas como Louveira/Indaiatuba, Pilar do Sul e Porto Feliz, estão com problemas mais brandos, mas produtores estão trabalhando com cautela e observando as precipitações. No geral, a oferta da uva está limitada e deve continuar assim nos primeiros meses deste ano. Quanto às perdas ocasionadas pelas chuvas na Ceagesp, o fato de a uva ser uma fruta de maior valor agregado levou atacadistas a tentar "salvá-las" (colocando-as em cima das câmaras frias ou em outros locais mais altos). Este fator amenizou as perdas. As uvas comercializadas nos primeiros dias, após o retorno das atividades no entreposto (quarta e quinta, 12 e 13), correspondiam às que já estavam em trânsito para serem distribuídas, as quais permaneceram nos caminhões a maior parte da semana.

Citros: As chuvas dos últimos dias no estado de São Paulo, apesar de volumosas, não tiveram grandes impactos na cultura. Para a safra atual (2019/20), a colheita da laranja já está se encerrando e as elevadas precipitações não devem ocasionar grandes problemas, exceto limitações no escoamento nos períodos de muita chuva ou atraso em tratos culturais. Já para a safra 2020/21, as primeiras e segundas floradas – que já passaram da fase de "chumbinho" – são beneficiadas pelas chuvas, que favorecem o enchimento. Por outro lado, para as floradas tardias (3ª florada), pode haver dificuldade de "pegamento", pela possibilidade de doenças fúngicas e dificuldade de tratamentos.

Manga: Neste início de ano, fortes chuvas atingiram São Paulo e causaram problemas tanto para os produtores quanto para os atacadistas. A elevada umidade intensifica a incidência de bactérias nos pomares. Em Monte Alto/Taquaritinga, a antracnose e a Xantomona se destacam como os principais causadores de problemas nas plantações. A oferta de manga paulista se torna mais restrita a cada semana e as chuvas podem antecipar ainda mais o fim da colheita, devido às bacterioses. Na Ceagesp, alguns boxes tiveram perda total e, outros, parcial, de seus estoques. Algumas mangas não foram danificadas pois estavam nos caminhões, mas as frutas tendem a ter a maturação acelerada, o que pode limitar a qualidade.

Banana: Por enquanto, as chuvas não afetaram significativamente a produção de banana nas regiões produtoras, somente a comercialização da fruta. Com a interdição da Ceagesp nesta semana, produtores do Norte de Minas Gerais relataram que diversos carregamentos foram cancelados e as cargas precisaram ser remanejadas para outros centros consumidores, como Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ). Vale ressaltar, contudo, que ambas as localidades estão em estado de atenção, com risco de fortes chuvas para os próximos dias – o que poderia continuar prejudicando a comercialização.

Melão: Diante das chuvas ocorridas nas últimas semanas, algumas produções de melão no Vale do São Francisco (BA/PE) e no Rio Grande do Norte/Ceará acabaram sendo prejudicadas, mas em diferentes níveis – na última, os danos na qualidade foram menores. Os temporais em São Paulo, por sua vez, culminaram em alagamentos na Ceagesp e em muitas perdas para os atacadistas, os quais tentam, como uma das alternativas, dividir os prejuízos com os produtores (ajuste ainda incerto até o momento). Segundo agentes, diversos caminhões que chegaram no domingo ao entreposto ainda aguardam reparos ou a possibilidade de descarregar a mercadoria.

Mamão: No geral, as chuvas aumentaram a incidência de doenças fúngicas (como antracnose, pinta-preta, Corynespora e Phytophthora) em algumas regiões produtoras e, como o clima pode continuar instável nos próximos dias, produtores devem manter os cuidados necessários, a fim de evitar proliferação. Nos centros consumidores, por sua vez, as precipitações têm afetado as comercializações – em especial, na Ceagesp, onde o alagamento do entreposto atingiu caminhões e acarretou em perdas de mamão. Segundo agentes, ainda não há números exatos, mas estima-se que os prejuízos foram elevados aos atacadistas. Quanto ao abastecimento, já está se normalizando no fim desta semana.

Melancia: A comercialização de melancia foi inviabilizada pela intensa chuva na madrugada de segunda-feira, 10. De acordo com atacadistas, os prejuízos com as frutas descartadas – que ainda não foram contabilizados, mas comprometeram 100% dos estoques da fruta – serão assumidos por eles. Quanto aos caminhões que ainda não haviam chegado ao estacionamento (e, portanto, não foram atingidos pelos alagamentos) foram descarregados na quinta-feira, 13. Nas regiões produtoras de São Paulo, principalmente em Marília/Oscar Bressane, houve relato de maior incidência de doenças fúngicas, mas, por enquanto, perdas nas lavouras não foram relatadas.

Fonte: Cepea/Hortifruti

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