Qual o verdadeiro impacto de uma importação de trigo russo?
Publicado em 25/05/2011 09:08
Da visita à Rússia do vice-presidente Michel Temer ficou acordada uma nova reunião em outubro/2011 do Comitê Consultivo Agrícola Brasil-Rússia e o estudo para a ampliação do número de portos que poderão receber trigo daquele país, hoje restrita ao Nordeste.
Do ponto de vista técnico, possíveis importações de trigo russo devem considerar o seguinte:
a) o Brasil precisa de trigo para fazer pão e o trigo russo não serve para isto. Serviria, no máximo, para fazer biscoitos e bolachas de qualidade inferior ou precisaria de um grande volume de trigo melhorador para atingir o ponto de pão, o que não valeria a pena;
b) o trigo russo é trigo brando e sua qualidade é inferior à do trigo brando produzido no Rio Grande do Sul. Como, porém, há algumas fábricas de biscoitos, rosquinhas e bolachas no Nordeste que importam farinha comum do estado gaúcho, poderiam eventualmente prejudicar estas vendas. Se a autorização para a entrada de trigo russo for estendida a outros portos, só aumentaria este problema para aqueles moinhos gaúchos que vendem este tipo de farinha para os estados centrais;
c) já foram feitas tentativas de importação de trigo russo em anos recentes e não agradaram pela qualidade e pelo custo do frete, talvez o maior de todos.
Do ponto de vista político sempre é bom manter boas relações com um mercado que pode abrir portas para as nossas carnes e derivados e outros produtos.
Confrontando os dois pontos de vista, nossa opinião é: se for para abrir mercados para as carnes, que se faça o acordo, mas não acreditamos que o mercado brasileiro vá querer importar trigo da Rússia, por ter qualidade inferior e preço mais alto, devido ao frete.
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Fonte:
Trigo & Farinhas
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