Mercado de Grãos: Impactos do Conflito no Mar Negro, Acordo Brasil-China e posições dos fundos de investimento

Publicado em 28/11/2024 13:56
Os mercados aguardam os impactos da mudança de governo nos EUA, com incertezas sobre os mercados de commodities, especialmente devido ao aumento das tensões no Mar Negro

Após a vitória de Donald Trump, os mercados estão em espera, especulando sobre os impactos da mudança de governo dos EUA nos mercados de commodities.

“A escalada do conflito no Mar Negro entre Ucrânia e Rússia traz incertezas para o mercado de grãos, especialmente o trigo, afetando também os preços do frete”, diz Ignacio Espinola, analista Sênior de Grãos da Hedgepoint Global Markets.

O aumento das tensões pode elevar os custos de transporte na região devido ao risco de ataques e ao "prêmio de gelo", uma adição de 1 a 2 USD/mt ao preço das mercadorias, durante o inverno.

“Ainda, a elevação nos preços do frete pode ocasionar o aumento no custo CIF final, frente ao risco de armadores se recusarem a trafegar pela rota em consequência da guerra”, observa o analista.

Brasil-China: Exportação de sorgo

No mercado de sorgo, a China autorizou o Brasil a exportar o grão, o que pode afetar a dinâmica global, substituindo parte das importações dos EUA. Esse tipo de grãos é utilizado para ração animal e bebidas alcoólicas.

“O Brasil, com uma safra 40% menor a dos Estados Unidos, pode começar a competir no mercado de sorgo, impactando a produção de milho, principalmente nos EUA”, destaca.

“A China é o principal destino do sorgo dos norte-americanos, representando 88% das importações globais desse grão. Com a autorização de exportação pelo Brasil para a China, a produção nacional pode aumentar, substituindo áreas de milho por sorgo”, pontua.

Esse cenário pode alterar a dinâmica global do mercado de sorgo, especialmente considerando que o sorgo foi afetado pela guerra comercial em 2018.

Conclusões

Os fundos de investimento, atualmente com posições líquidas vendidas em soja, farelo de soja e óleo de soja, além de milho, algodão e trigo, reduzindo a posição comprada em milho pela metade, 15 mil contratos.

Houve também uma mudança de posição líquida de curta para longa há duas semanas, sendo a primeira vez que estão comprados desde 23 de junho, quando estavam em 2k.

A especulação sobre o impacto do conflito no Mar Negro e o acordo Brasil-China geram dúvidas sobre o futuro do mercado de milho, trigo e sorgo. O comportamento de compra da China, especialmente no mercado de soja, também é uma questão importante para os preços do complexo soja.

O final do ano traz uma pressão adicional, com a liquidez afetada pelo fechamento de posições e realização/tirada de lucros ou perdas para fechar o ano.

Fonte: Hedgepoint Global Markets

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