Argentina: Cadeia de produção do milho faz duras críticas ao novo 'dólar agro' que chega ao cereal nesta rodada

Publicado em 24/07/2023 12:09 e atualizado em 24/07/2023 15:13

Como antecipado pelo Notícias Agrícolas no final da última semana, o Ministério da Economia da Argentina confirmou, nesta segunda-feira (24), uma nova rodada de 'dólar agro', buscando estimular as exportações por parte do setor - que sofre com a severa desvalorização da moeda local - e para garantir a geração de mais divisas para cumprir seus compromissos financeiros com o FMI (Fundo Monetário Internacional). A taxa será de 340 pesos para um dólar americano. 

O comunicado oficial chegou, previamente, na noite deste domingo (23), e foi publicado no Diário Oficial nesta segunda, com a publicação estabelecendo detalhes da nova medida. Todavia, de acordo com o portal local Infocampo, ainda não foi informada a resolução do Ministério da Agricultura argetino que incorpora o milho a este novo câmbio específico. 

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O governo espera arrecadar, pelo menos, US$ 2 bilhões com essa rodada adicional do 'dólar agro', porém, a ferramenta já tem deixado o setor descontente mais uma vez. A própria cadeia de produção do milho já teceu duras críticas ao mecanismo. 

Na sequência da divulgação, o ministro Sérgio Massa, da Economia, que tais medidas "podem ser questionáveis, mas que será necessário compreendê-las pela realidade do momento. "Há medidas transitórias que podem agradar mais ou menos, ou serem questionáveis. E não se pode analisá-las sem levar em conta a conjuntura", disse. 

Ainda assim, mais uma vez o presidente da Sociedade Rural Argentina, Nicolás Pino, se manifestou afirmando que as recentes ações divulgadas pelo governo "não geram confiança". Em resposta, Massa complementou dizendo que "nenhum de vocês pode desconhecer a situação que o programa com o FMI e a seca impõem à economia", acrescentando que, a partir de 1º de setembro, as chamas "economias regionais" não mais terão que pagar retenciones. 

A Maizar (Associação Argentina do Milho e Sorgo) trouxe críticas duras à decisão do governo de criação desta nova taxa de câmbio, também destacando o perigo das distorções que a medida provoca nas cadeias de produção e em efeito cascata. "O gigantesco 'estado assistencialista' gera desordem fiscal, endividamento público e problemas na política monetária. Ou seja, mais distorções e menos previsibilidade", informou o comunicado da organização. 

A nota diz ainda que as "vítimas" de ferramentas como estas são os investimentos, o crescimento e a geração de empregos. 

"Este tipo de medidas extemporâneas torna mais complexo este cenário, travando a inovação, criando problemas à normalidade do abastecimento e distorcendo o mercado do milho para exportação e industrialização a nível local", afirma a Maizar. Além disso, a associação pontua ainda a possibilidade de o mercado 'castisgar' o setor de milho argentino, com "os mercados compradores internacionais percebendo as "mudanças abruptas e constantes na oferta argentina, castigando-os com pressão sobre os preços e decisões de buscar milho em outros países concorrentes. É inútil continuar com remendos, o que é útil é uma política agroindustrial federal, a eliminação de impostos de exportação e uma unificação da taxa de câmbio". 

Com informações do Infocampo e do La Nacion Campo

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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