Rússia diz que renovará participação no acordo de grãos do Mar Negro

Publicado em 02/11/2022 09:04

(Reuters) - A Rússia disse nesta quarta-feira que renovará sua participação em um acordo que permite à Ucrânia exportar grãos pelo Mar Negro, apenas quatro dias depois de suspender seu papel no acordo.

Moscou havia desistido no fim de semana, dizendo que não poderia garantir a segurança dos navios civis que cruzavam o Mar Negro por causa de um ataque de drones à sua frota no local.

"A Federação Russa considera que as garantias recebidas no momento parecem suficientes e retoma a implementação do acordo", disse o Ministério da Defesa em comunicado.

A reviravolta ocorreu após um telefonema entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente turco, Tayyip Erdogan, na terça-feira, e repetidas conversas entre seus ministros da Defesa.

O ministério disse que, graças ao envolvimento das Nações Unidas e da Turquia, foi possível obter garantias escritas da Ucrânia de que não usaria o corredor humanitário e os portos ucranianos para realizar operações militares contra a Rússia.

A declaração representou uma reviravolta por Moscou, que havia dito anteriormente que seria arriscado e inaceitável que os navios continuassem navegando pelo corredor humanitário estabelecido sob um acordo mediado pela Turquia e pela ONU em julho.

Apesar do movimento russo, os navios continuaram a exportar grãos ucranianos, e um volume recorde foi movimentado na segunda-feira.

A analista política russa Tatiana Stanovaya disse que o anúncio de quarta-feira representa um reconhecimento de Putin de que ele não pode bloquear os embarques.

"O próprio Kremlin simplesmente caiu em uma armadilha da qual não sabia como sair", disse ela.

"Foi necessário recuar e colocar uma cara boa (não com muito sucesso) diante de um jogo ruim. Ou seja, Putin, não importa o quão preocupado ele esteja com a Ucrânia, sua missão histórica e a fé de que ele está certo, continua sendo um moderado político racional que sabe recuar se necessário."

(Reportagem da Reuters. Redação de Mark Trevelyan, edição de Guy Faulconbridge)

Fonte: Reuters

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